Para falar sobre as fintech, o Web Summit convidou Jay Reinemann, sócio da Propel Venture Partners, Eileen Burbidge da Passion Capital e Mattias Ljungma, um dos cofundadores da Atomico.
Neste debate, falou-se do grande crescimento das fintech em 2015 e da abrupta descida de 49% no investimento registado no segundo trimeste de 2016.
“Muito aconteceu num pequeno período de tempo e estamos ainda no início comparativamente aos restantes serviços financeiros. Temos de pensar que ainda estamos no principio, ainda há muito a explorar. Esta pausa é normal e até pode ser saudável” afirmou Mattias Ljungma.
Os três foram unânimes em considerar que ainda há muito a explorar por estas startups, quer na área dos mercados financeiros, quer na banca, quer a nível dos seguros. Essas são as áreas de crescimento para o futuro assim como a alteração dos canais de distribuição dos produtos.
Jay Reinemann referiu, também, que as melhores empresas são aquelas que entendem as necessidades do cliente, “que fazem com que serviços financeiros sejam quase imperceptíveis, em que nem pensamos neles”. Para o investidor, essa é uma das missões das fintech.
Blockchain foi um dos temas mais discutidos tendo havido um painel com Albert Wenger da Union Square Ventures e Huy Nguyen Trieu do The Disruptive Group com moderação de Joanne Hannaford da Goldman Sachs, assim como uma intervenção de Peter Smith, CEO da empresa Blockchain.
Para Huy Nguyen Trieu, esta tecnologia vai demorar algum tempo a entrar na área das finanças dado que “assim que se começa a tocar em finanças, isso terá impacto no capital, na regulação, na área de compliance” o que atrasa a sua implementação.
Ambos concordaram que é uma inovação disruptiva mas Wenger afirmou que as áreas em que a utilização do blockhain pode crescer são as que tradicionalmente ninguém considera interessantes. Para o responsável da Union Square Ventures, esta base dados está a ser mal usada. “Está a ser feito um grande erro no mundo financeiro que é usá-lo em situações em que uma base de dados normal é mais eficaz”, acrescentou.
Trieu considerou que esta tecnologia não pode ser usada em larga escala no mundo financeiro porque ainda não estamos num nível de adaptação antes que funcione com todos os sistemas.
Peter Smith, CEO e cofundador da empresa Blockchain, disse que a startup tem como objetivo facilitar o uso da tecnologia e está assente em três tipos de produtos: dados, wallet (carteira) que regista cerca de 200 mil transações por dia e uma API. Neste momento, estão a trabalhar como aplicar a tecnologia num âmbito mais alargado, nomeadamente a outros produtos financeiros.
Uma das vantagens do blockchain referida por Smith foi a fiabilidade em relação às outras moedas. Para demonstrar isso mesmo, o executivo usou o exemplo do Brexit, em que a libra desvalorizou 22% em relação ao euro. Para o CEO da Blockchain, a moeda deve ser “durável, fiável, divisível e escassa” e não é isso que acontece com as moedas ligadas aos países. “Há tanta dinheiro no mundo que não há ninguém que realmente saiba quanto” apenas há uma estimativa.
“O que é realmente interessante é como podemos pegar nesta tecnologia e aplicá-la a outras áreas além de moedas digitais” acrescentou Peter Smith.
“O blockchain não é mais que um protocolo” e vai demorar a ser adoptado por todos pois é uma “nova forma de pensar” e “estamos a pedir às pessoas que mudem a forma como armazenam e transacionam os seus valores” finalizou.
Outras das temáticas da MoneyConf foi se a inovação conseguirá salvar os bancos tradicionais. Para esta discusão, Mike Laven, CEO da CurrencyCloud argumentou que não enquanto que em oposição, Claire Calmejane, diretora de inovação do Lloyds Bank, defendeu que sim.
Laven disse que os laboratórios de inovação não serão úteis aos bancos e que estes terão grandes dificuldades na adaptação, nomeadamente por causa de legacy dos sistemas. Por seu turno, Calmejane considerou que a banca está a fazer um esforço para se adaptar à economia digital e que através de parcerias, nomeadamente com fintech será possível fazer essa transformação.
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