Vestager: há que proteger o consumidor das consolidações

A Comissária do braço antitrust da União Europeia quer proteger os consumidores europeus face ao aumento dos preços derivado da consolidação do mercado das telecomunicações. Margrethe Vestager receia que a recente vaga de aquisições e fusões na Europa lesem o consumidor.
Numa entrevista ao Financial Times, a Comissária Vestager deixou bem claro que vai lutar pelos consumidores contra a eventual inflação dos preços derivante da consolidação dos mercados das telecomunicações.
Consta que as recentes fusões e aquisições levaram a uma diminuição do número de players na Áustria, na Irlanda e na Alemanha. Todos estes negócios foram sancionados por Joaquín Almunia, o antecessor de Vestager, sob condições especiais para minimizar os danos sobre o mercado, que, conta o FT, vários reguladores locais consideraram ser demasiado levianas.
Ademais, a diretora da divisão antimonopólio da UE não vê com bons olhos a redução do número de operadoras de telecomunicações noutros mercados do Velho Continente.
O Reino Unido é um deles. A Hutchison Whampoa já demonstrou o seu interesse em adquirir a operadora O2, fundindo-a com a sua unidade britânica Three. Um pouco mais para este, na Dinamarca, a Telenor e a TeliaSonera fazem tenção de unir as suas operações.
Vestager tem também em mãos a proposta de aquisição da BT sobre a EE, que criaria um colosso no setor dos serviços de telecomunicações convergentes (combinação de telecomunicações fixas com móveis). A Comissária, que ocupou o lugar de Almunia em 2014, terá que interceder em prol das operadoras rivais, como a Vodafone.
Quando interrogada acerca da capacidade das consolidações para atrair investimentos, Vestager afirmou que tudo aponta para o oposto. Diz que a concorrência consegue atrair maior investimento do que a redução do número de players.
Na entrevista, a Comissária alega que o mercado das telecomunicações norte-americano oferece escassas escolhas e pratica preços mais elevados, comparativamente ao que acontece na Europa.
Parece, então, que as aquisições e fusões a nível europeu terão que passar por um crivo ainda mais seletivo, para que os consumidores não sejam lesados pelo diminuendo de operadoras.