Vestager é a esperança das rivais da Google

A capacidade da Google para evadir-se de acusações antitrust não tem precedentes. Mas a sorte do colosso da Internet pode ter os dias contados, visto que a nova Comissária Europeia para a Competição já deu provas de que a sua campanha antimonopólio deverá colmatar as falhas deixadas pelo seu antecessor Joaquín Almunia.

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As queixas contra as práticas anticoncorrenciais da Google amontoam-se na União Europeia, e muitos são os que criticam Almunia, que comandava até 2014 a divisão Antritrust da UE, por ter sido demasiado leviano na aplicação de restrições à empresa de Mountain View.

Este cenário pode estar prestes a mudar. Margrethe Vestager, que tomou, em novembro do ano passado, as rédeas da unidade antitrust da União Europeia, recebeu de Almunia um legado de casos por resolver.

Empresas como a Hot-Map.com, cujos processos abertos contra a conduta despótica da
Google no mundo dos serviços digitais parecem estender-se indefinidamente em direção à irresolução, começam a ver uma luz ao fundo do túnel com a entrada em cena de Vestager.

Depois de em 2010 ter iniciado uma investigação que mostrara que a Google pode ter prejudicado a concorrência através do seu algoritmo de apresentação de resultados de pesquisa – os queixosos afirmavam que a Google dava primazia aos seus próprios produtos e serviços e eclipsava os de empresas congéneres –, Almunia obrigou a tecnológica a reverter este modelo operacional, e a dar mais visibilidade às suas concorrentes.

Há pouco mais de um ano, a Google disse que passaria a dar mais destaque a produtos e serviços rivais e que permitiria que aqueles que anunciassem na sua plataforma também o pudessem fazer noutros websites, algo que antes não era possível.

Almunia aceitou esta concessão, no princípio. Cerca de meio ano depois, voltou atrás na sua decisão e exigiu que a Google se sujeitasse a mais restrições. Este “jogo do gato e do rato” acabou por passar para as mãos de Vestager, após a saída do comissário.

Apesar de ainda não ter revelado qual o caminho que vai seguir e de ter dito à Reuters que não pretende tomar nenhuma decisão precipitada e irrefletida, a política dinamarquesa conseguiu já suscitar sentimentos de otimismo junto das empresas que durante anos têm procurado colocar um freio à sede da Google e que agora veem Vestager como a potencial solução.