Os constantes avanços tecnológicos e a consequente emergência exponencial da multiplicidade de dispositivos operam mudanças profundas, e muitas vezes radicais, em todas as vertentes da sociedade contemporânea. Os hábitos de consumo de conteúdos televisivos e de media não são imunes a esta reconfiguração, pelo que cada vez mais expressivamente assistimos ao surgimento de novos comportamentos e paradigmas tecnológicos.
O consumidor, indubitavelmente, conquistou uma posição central na área da TV e dos media, agarrando com pulso de ferro as rédeas de todo o processo de consumo de produtos televisivos. Hoje em dia, o indivíduo pode, pela sua própria mão, planear a programação, num modelo de “escolha e rejeição” dos conteúdos que quer consumir, sem perder tempo com programas que não lhe agradem.
A Ericsson, que tem vindo a apostar nos segmentos de business e de redes, em parceria com a ConsumerLab, desenvolveu um estudo que revela um “novo consumidor” e coloca em perspetiva as suas práticas nos dias correntes.
Atingindo 1,1 mil milhões de pessoas e cobrindo mais de 40 países, incluindo, pela primeira vez, Portugal, o estudo revelou que ao longo dos últimos tempos a visualização de conteúdos através da programação tradicional, chamada linear, e a visualização on demand, ou seja, consumo de conteúdos selecionados pelo utilizador, estão em relativo pé de igualdade.
Uma das tendências relevada na investigação foi o Binge Viewing, uma prática cada vez mais comum que envolve o consumo massivo de conteúdos televisivos, sendo um exemplo a visualização de séries inteiras (que podem ser compostas por mais de 20 episódios) num curto espaço de tempo, sem que o utilizador esteja dependente da programação tradicional. Uma em cada duas pessoas prefere ter acesso total aos conteúdos e fazer a própria gestão do consumo. O Binge Viewing poderá mesmo vir a ameaçar a programação linear.
Os dispositivos móveis desempenham também um papel reestruturador dos hábitos dos utilizadores. Desde 2012, a visualização de conteúdo televisivo nos smartphones aumentou 12 por cento. Em Portugal, são consumidas, em média, quatro horas semanais de conteúdos de vídeo nos smartphones.
De acordo com as conclusões alvitradas pelo estudo, o utilizador prioriza o conteúdo e a excelente qualidade de imagem, em detrimento do meio através do qual efetua o acesso ao mesmo. Mais de um terço dos consumidores afirma que o 4K (ultra HD) é uma característica preferencial no conteúdo de vídeo.
Os portugueses, por seu lado, para além de apontarem a qualidade da imagem como elemento crucial, dão primazia a serviços que permitam a personalização da programação e a conteúdos legendados em português.
Os utilizadores em Portugal estão também dispostos a abrir os cordões à bolsa para consumir serviços de visualização de conteúdos on demand; para terem acesso, através dos seus aparelhos de televisão, a filmes que tenham recentemente chegado aos cinemas; e, uma vez mais, para usufruir de uma excelente qualidade de imagem.
Para 2020, a Ericsson profetiza a permanente mutação das práticas de consumo de conteúdos de vídeo, bem como a difusão dos mesmos em todos os dispositivos, acompanhada pelos nascimentos e quedas de atores da cena tecnológica e dos media.
Apontando o telescópio para o “jardim à beira-mar plantado”, a empresa previu que, daqui a cerca de seis anos, paralelamente a um constante aprimoramento das redes, Portugal testemunhará um êxodo de todos os serviços em direção a plataformas cloud.
A Tecnologia encerra em si a chave para o progresso, alterando padrões de consumo, comportamentos e atitudes dos utilizadores, e até mesmo os próprios alicerces sobre os quais assentam as sociedades atuais.
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