O tema deste ano da CeBIT foi “Datability”. O que nos traz de novo este conceito já que desde sempre tivemos dados e digamos que desde sempre os analisamos, ou pelo menos os tentamos analisar?
O que nos traz de novo é o facto de hoje existirem mecanismos de análise que nos permitem lidar com grandes quantidades de dados, o que antes não acontecia. Antes, só conseguíamos analisar pequenas porções de dados.
Mas porque é que isso assume agora tanta importância?
Porque uma mina de dados é uma verdadeira mina de ouro. E garimpar os dados é exatamente como garimpar ouro. Se souber que há ouro em determinado rio….
Os dados são o próximo recurso natural?
Sim. Mas melhor ainda: os dados são o próximo recurso natural “bruto”. Ou seja, precisa de ser refinado, trabalhado. Porque se virmos bem, os dados, por si só, não são necessariamente ouro. Mas também já sabemos que se os trabalhamos facilmente se transformam num bem precioso. Para isso, obviamente precisamos de ter mais dados e uma potente ferramenta para os analisar.
E hoje já temos esses dois fatores? Dados em quantidades substanciais e ferramentas para os analisar?
Sim, claramente. E também temos outra coisa que antes não tínhamos: múltiplas fontes de dados. Em todo o lado, em todas as plataformas e suportes, temos dados que podem ser transformados no tal ouro. E isso dá-nos o que apelido de “contexto”. Se alguma coisa acontecer algures no mundo podemos olhar à nossa volta e ver o que mais está a acontecer e perceber se está corelacionado. E muitas vezes perceber porque aconteceu e porquê daquela maneira. Ou seja, temos o contexto. É uma diferença enorme.
Durante anos a indústria dizia que o mais importante era ter a informação, no momento exato por forma a ajudar o executivo a tomar a melhor decisão. Mas hoje já falam em prever os acontecimentos…
Sim, realmente já quero prever. Mas não podemos confundir análise de Big Data com informação de apoio à gestão. Porque hoje é muito mais do que isso. É essencialmente como fazer as coisas, não como decidir sobre as coisas. Mas eu também concordo que de certa forma vamos conseguir “prever” o futuro. Gosto de dizer que temos informação sobre o passado (que são as bases de dados existentes e os dados que fomos recolhendo) e a isso podemos agora acrescentar a informação sobre o presente (que é a informação atualmente produzida e recolhida por todos os equipamentos) e daí podermos acrescentar e extrair informação sobre o futuro. Logicamente pode não parecer muito possível, mas há uma abordagem chamada precisamente de análise preditiva que tem modelos matemáticos que ajudam a analisar a informação. Admito que por vezes são modelos muito complicados e que requerem muito poder de computação, logo requerem supercomputadores. Não estou a dizer que possa ser processado por um smartphone mas num supercomputador sim. E já existem e até já estão disponíveis em serviços de cloud computing. Hoje é possível prever o trânsito para amanhã porque conseguimos prever o tempo, temos dados históricos que podemos usar para calibrar…
Então em muitos casos já podemos mesmo prever?
Já! Olhe, podemos simular o coração humano. Há aplicações fenomenais que rodam nos computadores da Fujitsu, no Japão, nos quais fazemos precisamente a simulação de um corpo humano, ou de um cérebro. Ou de inundações! Podemos prever o impacto que um tsunami vai ter antes de ele acontecer. Imagine a importância que isso pode ter para a humanidade. Saber que partes geográficas têm de ser evacuadas e aquelas que não são preciso. Há uma poderosa combinação entre os dados do passado, do presente e os dados do futuro. É apaixonante.
Certo. Mas agora vamos para o mundo “real”. Sou portuguesa, moro em Portugal, um país europeu que luta com todas as dificuldades que com certeza está a par. E somos um país constituído basicamente por micro e pequenas empresas. Que estão com orçamentos híper-estrangulados no que diz respeito às TI. Que impacto tem tudo isto no seu negócio? Eles não vão investir nesse poder de computação…
Percebo a pergunta. Mas repare, eles não têm de investir. Há muitas coisas que estão a acontecer ao mesmo tempo nas TI e nas comunicações. Esta conjugação está a criar imensas oportunidades. Uma delas é que há os serviços de cloud computing que podem ser subscritos apenas por um mês. Por uma semana!
O acesso às TI está mais democrático?
Sim. Mais fácil e mais barato. A Fujitsu tem um fantástico projeto na área da agricultura, no Japão, no qual são colocados sensores no campo, nas plantas, nos equipamentos da quinta… registamos que fertilizantes são usados e a que horas, que condições meteorológicas estavam nesse dia… tudo e mais alguma coisa. Toda essa informação é recolhida e colocada numa base de dados que também tem os preços de mercado. Tem tudo. E com isso podemos claramente dizer quando é um bom dia para a colheita, ou não. Tem razão, antigamente as pequenas empresas não tinham acesso. Tinham zero oportunidades. Zero! Mas agora não. A maioria dos serviços estão disponíveis na cloud. Basta subscrever e pagar até com cartão de crédito. Admito que antes isto poderia durar um ano e uns valentes meses a concretizar assim como uma boa quantidade de dólares. Agora não.
Já há confiança na cloud para isso?
Certo, claro que temos de escolher quem fornece o serviço. Já sabemos que os serviços baseados na nuvem, nomeadamente os mais baratos, não dão garantias de níveis de serviço, são em países onde pode não ser muito seguro… mas há outros que não. Podem ser ligeiramente mais caros, acredito, mas provavelmente já sedeados na Europa. A Fujitsu garante isso. A Fujitsu, por exemplo, garante que os seus dados não saem de determinado centro de dados da Alemanha com elevados níveis de segurança. Deixe-me dizer-lhe claramente uma coisa: as TI não são entrave a qualquer projeto. Já não são. Mesmo as empresas mais pequenas, mesmo os países mais pequenos podem agora lutar com as mesmas armas. É uma competição de ideias, não de dinheiro. Se Portugal tiver as ideias corretas, os projetos podem ser feitos. Se não as tiver, ninguém os pode ajudar. Voltamos ao básico: as ideias são importantes.
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