Grid Computing da IBM vai acelerar estudo de genomas

A capacidade ociosa de processamento dos computadores pode ser usada de várias formas. De forma negativa, com o sequestro de máquinas, fazendo-as trabalhar sem consentimento. Ou de forma positiva, usando essa capacidade ociosa para acelerar significativamente o desenvolvimento científico. É aqui que entra um novo projeto da IBM.

O projeto “Desvendando Mistérios de Genomas”, alojado no World Community Grid da IBM, ajuda investigadores a entenderem semelhanças genéticas e interações de diferentes formas de vida, permitindo a sintetização de novos medicamentos, plantações mais resistentes e desenvolvimento de novos métodos de despoluição e preservação do meio ambiente, entre outros benefícios.

Administrado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), do Brasil, e pela University of New South Wales, da Austrália, a iniciativa fará cerca de 20 quatrilhões de comparações de 200 milhões de genes subjacentes a uma grande diversidade de organismos.

Se feitos por um único computador, os cálculos levariam 40 mil anos. Dentro do World Community Grid, o trabalho será realizado em meses.

Criado e gerido pela IBM há quase uma década, o World Community Grid fornece a capacidade de processamento ociosa dos computadores e dispositivos móveis de voluntários de todo o mundo, durante o período em que os aparelhos não estão a ser usados. Esse poder computacional criou um dos mais rápidos supercomputadores virtuais do planeta. O software recebe, completa e responde a pequenas tarefas aos cientistas, acelerando o trabalho em centenas de anos e proporcionando uma capacidade quase ilimitada para trabalhar grandes quantidades de dados, sem qualquer custo.

“Atualmente, são cerca de 670 mil voluntários do World Community Grid em todo o mundo. Todos em prol das pesquisas científicas, que usualmente processam volumes cada vez maiores de dados”, explicou em comunicado Alcely Barroso, diretora de Cidadania Corporativa da IBM Brasil. São quase três milhões de computadores e dispositivos móveis utilizados por mais de 670 mil pessoas e 460 instituições de 80 países que contribuíram para projetos de poder computacional no World Community Grid ao longo dos últimos 10 anos.

O projeto irá processar sequências genéticas de proteínas das mais diversas formas de vida, em especial microorganismos, devido à sua omnipresença e importância. Eles controlam uma enorme variedade de processos naturais envolvidos com a saúde humana, a produção de alimentos na agricultura e aquicultura e, além disso, têm sido usados ​​para limpar a água nas estações de tratamento de esgotos e até mesmo para ajudar a conter fugas de petróleo. Em plantas tropicais exóticas, eles são promessa de fontes eficientes de combustíveis sustentáveis.

De acordo com o coordenador do projeto na Fiocruz, o investigador Wim Degrave, a Fundação reunirá dados de referência das proteínas da biodiversidade que foram formatadas para o projeto e também irá contribuir com dados. “As páginas de internet ficarão visíveis e acessíveis na instituição. E iremos disponibilizar um banco de dados com todas as informações”, indica Degrave.

Jocelyn Auricchio

Atua como jornalista especializado em tecnologia há mais de 20 anos, escrevendo para as maiores empresas de mídia do Brasil, como Editora Abril e Jornal O Estado de São Paulo. Além de foco em cobertura B2B e B2C, tem especial interesse nos bits e bytes do mundo hacker. Entusiasta por tecnologia desde que conseguiu formular as primeiras frases, está em busca de um mítico notebook para jogos com grande autonomia de bateria. Acredita em café bom, chocolate amargo e comida decente.

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