Steve Wozniak revela o que pensa do caso Apple contra FBI
O co-fundador da Apple foi o criador da primeira edição da Comic Con em Silicon Valley, este fim de semana, e respondeu a uma das perguntas mais quentes do momento: está do lado da Apple ou do FBI?
*em São José, Califórnia
O painel, que foi moderado por Kara Swisher do site Re/code e teve a participação de Palmer Luckey, fundador da Oculus, tocou no problema que a Apple enfrenta ao recusar desenvolver código para que o FBI consiga arrombar o iPhone de um terrorista. Steve Wozniak já não tem cargos executivos na Apple há muito tempo e é conhecido por dar respostas desconcertantes, mas desta vez foi consensual.
“Tenho a mesma posição que as empresas de tecnologia estão a tomar: não“, respondeu o visionário, que fundou a Apple com Steve Jobs. “Se damos ao governo o direito de entrar em qualquer empresa, a qualquer hora, e dizer-lhe que deve desenvolver o produto de certa maneira, não pode ser. Nós criamos os produtos como achamos que devem ser criados.”
Wozniak sublinhou ainda que o FBI já tem acesso a todo o histórico de chamadas e SMS do telefone e que não foram encontrados contactos com grupos terroristas, o que terá deixado a agência pouco satisfeita. “A cibersegurança é uma das maiores ameaças que temos neste momento”, frisou ainda o auto-proclamado geek.
Palmer Luckey, que está a trabalhar nos óculos de realidade virtual Oculus Rift há sete anos, ofereceu uma opinião semelhante. “Isto é um erro tremendo”, afirmou, considerando que se trata de uma questão que ultrapassa a tecnologia, e que a precede: são as liberdades civis que os norte-americanos tanto prezam, e que colocam acima do poder do governo. “Se acabar com o ISIS dependesse de um iPhone, ele teriam de ter escolhido um mais importante que este”, afirmou, apontando para a falta de evidências que haja qualquer informação relevante dentro do telefone.
A Comic Con de Silicon Valley estreou-se na sexta-feira em São José e terminou ontem, com um formato diferente do habitual: Wozniak juntou a cultura pop da banda desenhada à ciência e tecnologia, organizando debates sobre a colonização de Marte, inteligência artificial e realidade virtual.