Software Nuix usado para vasculhar Panama Papers

A Nuix é especialista em big data, analítica, cibersegurança e inteligência. O seu software tem permitido extrair as informações mais relevantes entre as montanhas de dados contidas nos documentos, naquela que é já a maior fuga de informação de que há conhecimento na história.

A pequena empresa de Sydney nem sequer está a lucrar com esta oportunidade: a Nuix doou o seu software analítico ao International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ), que tem estado a processar os documentos da Mossack Fonseca e a pôr os resultados online. São 2,6 terabytes de informação que incluem emails, imagens, documentos PDF e outros formatos. Alguns documentos são antigos e não estão em formato de texto, algo que o software australiano resolve, permitindo pesquisar por palavras-chave e por cruzamento de referências.

“Demos ao ICIJ a capacidade de fazer algo que não conseguiriam fazer de outra forma em meses ou mesmo anos”, disse a vice-presidente da Nuix, Angela Bunting, à agência Reuters. A empresa tem dez anos de mercado e vende software para 65 países. Na lista de clientes estão as Nações Unidas, os serviços secretos dos Estados Unidos e outros departamentos governamentais e autoridades. Bunting revela que o software está a ser usado em vários tipos de investigação, incluindo redes de pornografia infantil, tráfico humano e evasão fiscal.

A Nuix tem agora um consultor a trabalhar com o ICIJ para facilitar o uso do sistema, mas não tem conhecimento específico dos dados. “É assim que conduzimos os nossos negócios”, indica a vice-presidente. “Trabalhamos com muitas agências governamentais em todo o mundo. Não podemos saber nada do que eles andam a fazer”, reforçou.

Pequenas empresas pouco ou nada conhecidas estão a ganhar protagonismo com este tipo de casos. Há duas semanas, o FBI conseguiu finalmente arrombar o iPhone 5c de um terrorista sem a ajuda da Apple usando a tecnologia de uma empresa israelita, Cellebrite, que também conta na lista de clientes as maiores polícias e agências de inteligência do mundo.

Ana Rita Guerra

Jornalista de economia e tecnologia há mais de dez anos, interessa-se pelas ideias disruptivas que estão a mudar a forma como se consome e se trabalha. Vive em Los Angeles e tem um gosto especial por startups, música, papas de aveia e kickboxing.

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