Fortalecer as relações com o governo, clientes e parceiros de negócio em Angola é o grande objetivo da abertura do novo escritório da tecnológica SAP em Luanda. Mas não só. Em vista está a expansão das operações na África lusófona, nomeadamente em Moçambique.
De resto, o negócio em Angola não é propriamente novo para a empresa alemã. A SAP está presente neste mercado desde 1998, tendo como primeiro cliente o conglomerado petrolífero Sonangol. Hoje, a empresa regista já mais de 55 clientes no país, em diversos sectores de atividade, e conta com 13 parceiros credenciados.
No entanto, a atual situação económica e financeira em Angola não é a mais convidativa. Em causa está a crise provocada pela cotação internacional do crude que se faz sentir há mais de um ano, cuja quebra agravou as contas de Angola, o segundo maior exportador da África subsaariana, caindo de um preço médio de 100,41 dólares por barril em 2014 para 51,77 dólares em 2015. Mas Pedro Guerreiro, diretor-geral, desdramatiza. “Há uma economia mais lenta, é verdade, mas há dinâmica de mercado. Há empresas que estão a atuar no mercado com bastante competitividade. E querem estruturar-se como se não houvesse um downsize da economia. Nós vamos continuar a fazer o nosso negócio, vamos continuar a fechar negócio com estas empresas. E quando o mercado retomar, teremos uma série de negócios ou fechados ou em vias de serem concretizados”.
Por outro lado, Pedro Guerreiro enfatiza que a SAP é uma empresa que não vai muito pela onda e pela moda. “Demoramos muito a tomar decisões de risco deste nível e não vai ser o facto de haver um ou dois anos de economia baixa que vamos pensar em fechar o escritório. Estamos bastante confortáveis por termos plena noção do mercado em que estamos a entrar, do aumento do mercado. Há um plano estratégico da SAP: são 500 milhões de euros até 2020, e isto faz parte dessa estratégia.”
Aliás, Pedro Guerreira admite que se vende demasiada a imagem de Angola como um mercado com regras pouco definidas e contornos pouco claros. “Há empresas que atuam dessa forma e empresas que não atuam dessa forma. E o mercado sabe quais são as empresas que não atuam dessa forma. Nós estamos, claramente, desse lado. Queremos apostar na dinâmica e na competitividade deste mercado. É isto que queremos suportar e desenvolver. Temos, por exemplo, a banca, onde existem cerca de 20 bancos no mercado, o retalho, a restruturação, o setor das águas, o setor público. Há várias indústrias onde, de facto, queremos apostar na diversificação e é assim que nós queremos crescer em Angola.”
A administração pública é um dos setores onde claramente a SAP quer estar presente, apesar de neste momento apenas contribuir com projetos pontuais. “Com toda esta pressão do dólar, da economia, o orçamento de estado ficou bastante constrangido. Mas estamos presentes no ministério da energia e onde, independentemente da situação económica, há uma prioridade estratégica angolana para regular o setor das energias e das águas”.
Anteriormente, Pedro Guerreiro foi diretor de serviços da SAP nos Estados Unidos da América. Uma realidade bastante diferente da angolana. Ou nem tanto, diz o responsável. “No essencial, é igual. Muitas vezes demoramos a concretizar o negócio a mesma quantidade de meses que aqui. É difícil em todo o lado. Mas por exemplo, e tendo em conta a realidade europeia, as empresas olham muito para o retorno de investimento. Em Angola também se olha, mas estamos a falar de um patamar inferior. Neste momento, o que as empresas querem é criar uma estrutura. Toda a parte da gestão financeira, gestão de compras, gestão de rendas… estamos a falar muito do core. O critério de retorno de investimento não se põe tantas vezes como se vê noutros sítios”.
Por tudo isto, claramente Pedro Guerreiro considera a sua função em Angola bastante mais desafiante do que quando integrou a equipa norte-americana, até porque em África acumula duas funções: gerir Angola e todo o negócio no setor das energias e de recursos naturais.
A presença da SAP em Moçambique é também reforçada com este anúncio, até porque é um mercado que já conta com 28 clientes-chave e sete parceiros. “Abrimos um escritório para a África lusófona permite-nos ter uma equipa permanente, dedicada ao mercado da direção geral à direção de consultoria, à equipa comercial, à equipa. Em Moçambique, não temos uma presença permanente, um escritório, mas estamos muito presentes através desta equipa.”
Aliás, a SAP admite estar orgulhosa por reforçar as atuais parcerias de colaboração com as empresas de qualquer dimensão e com a administração pública, de forma a contribuir para o avanço da agenda de inovação da África Lusófona. “Apesar do difícil ambiente económico vivido atualmente, esta é a altura ideal para se estabelecer uma fundação de tecnologia e melhor posicionar as empresas e o governo para o momento em que a economia entrar num novo ciclo. A SAP está bastante otimista com as perspetivas de negócio nesta região e mantém expectativas de expansão da sua presença nos próximos anos.
De resto, a forma de atuar em Angola é essencialmente a mesma dos restantes países. No mercado direto, a SAP está presente nas contas maiores e no mercado indireto o negócio é suportado pela rede de parceiros que incluem empresas portuguesas como a Rofftec, Nova Base, Exitus, Techangol, assim como IBM, Ernst & Young, Capgemini ou Deloitte.
Fazendo parte deste compromisso e sustentando o investimento da SAP Africa no desenvolvimento de competências e dos recursos humanos no continente africano, a empresa anunciou também que a iniciativa SAP Skills for Africa será lançada em Angola em junho de 2016.
Esta é uma iniciativa de desenvolvimento de competências e de criação de emprego, que visa promover competências TIC e de gestão empresarial em localizações estratégicas de África. Com o crescimento da economia e a simultânea escassez de qualificações no continente africano, este programa – o primeiro do seu género na indústria em África – oferece a estudantes selecionados a oportunidade de desenvolverem competências.
O objetivo é pegar em pós-graduados e recentemente graduados e dar-lhes uma formação específica SAP em colaboração com as universidades locai. “Há uma perspetiva de colocação de 100% desses masters, seja em parceiros, seja em clientes, seja na SAP. Não vamos formar com uma perspetiva académica que as universidades, muitas vezes, formam. Mas antes na perspetiva de que o mercado as forma”.
O escritório, situado na zona empresarial de Luanda, será, como já foi referido, dirigido pelo diretor-geral para a África lLusófona, Pedro Guerreiro. Este responsável, que integrou a SAP na subsidiária portuguesa há mais de 17 anos, foi anteriormente diretor de serviços da SAP nos Estados Unidos da América. Pedro Guerreiro acumulará esta nova função com o cargo que já desempenhava enquanto responsável pelas Indústrias de Recursos Naturais e de Energia na SAP Africa.
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