Hoje, para além da automatização de todas as operações e da forma como as empresas se relacionam com os clientes, vemos que as TI estão incorporadas nos produtos e serviços. Basicamente, o digital e as Tecnologia da Informação não vieram mais do que provocar uma clara pressão para a transformação do próprio negócio.
Mas porquê a necessidade dessa transformação digital? Gabriel Coimbra, responsável pelas operações da IDC em Portugal relembra a Terceira Plataforma, uma visão apresentada em 2008 por esta consultora. “As empresas foram digitalizando o seu backoffice, os seus postos de trabalho e pouco mais. Mas em 2006 e 2007 esse processo foi acelerado. E, em menos de 10 anos, vemos essa digitalização a expandir-se para além desses postos de trabalho. E aconteceu porque existe a cloud, existe uma maior capacidade de armazenamento, temos hoje vários dispositivos e o mobile tornou-se uma realidade. A evolução tecnológica foi muito rápida e o que acabamos por verificar foi o aceleramento da transformação e o seu impacto nas organizações”.
E assim vai o mundo, com empresas a explodirem dessa Terceira Plataforma, uma clara evolução económica associada, e as organizações a tirarem partido desta nova realidade e a redefinirem o mercado. E, obviamente, novas gerações, verdadeiros nativos digitais a nascerem.
Claro que depois temos os aceleradores de inovação, que rolam em cima da Terceira Plataforma, desde o 3D, à IoT, passando pela robótica e realidade virtual. “Tecnologias que, não sendo novas, têm vindo a democratizar-se e a serem usadas em todas as indústrias que não só por exemplo a automóvel, que sempre teve a sua produção robotizada”, explicou Gabriel Coimbra.
Basicamente, a IDC defende que esta evolução veio pressionar as empresas a fazerem a tal da transformação digital. Claro que há exemplos como os por demais citados Uber ou Airbnb que vieram criar de raiz novos modelos de negócio. Mas o maior impacto provavelmente será nas empresas que, sendo “tradicionais”, tiveram de se reinventar através dessa transformação, criando também novos modelos de negócio e abrindo espaços a novos mercados.
“Como é que as empresas conseguem criar novos mercados, ser mais ágeis, criar novos produtos e tirar maior partido dos recursos internos?”, questiona Gabriel Coimbra.
Exemplos? Fácil. A GE, que tem turbinas para aviões e tem vindo a evoluir o seu modelo para não só vender o produto mas horas de voo e performance. Ou a Lego, que esteve quase na falência a hoje tem filmes e brinquedos ligados à robótica e uma brutal interação com o cliente. Ou a Disney. Ou a e a Starbucks.
Em Portugal, os dados da IDC indicam que ainda a transformação digital ainda está a começar. “Mas temos muitas e boas empresas que já começaram os seus processos”, diz Gabriel Coimbra.
Para monetizar a transformação digital há basicamente cinco abordagens, diz a IDC. Primeiro, há que entender o ecossistema. Depois, dar atenção à experiência do consumidor, nomeadamente através de uma ampla variedade de canais. Em terceiro lugar abordar novos mercados e no quarto posto adotar modelos de subscrição, ou seja, mover de produtos para serviços. Por último, definir novas estratégias de “go-to-market”.
De resto, fica o desafio entre o negócio e as TI. Quem é que fica com o digital? “No nosso entender, nem é um, nem outro. Claro que depende muito da organização e do setor, as empresas vão precisar definir a sua estratégia de TI e a sua estratégia de negócio, mas também vão ter de pensar em uma estratégia digital. E muitas vezes passa por ter um comité conjunto”. Uma coisa parece certa para Gabriel Coimbra: as TI têm de suportar aquela que é a transformação digital.
Luis Grincho, head of database & technology da SAP Portugal, lançou para a plateia alguns dados interessantes. Se, por um lado, as pessoas gastam, hoje, duas horas por dia a navegar nas redes sociais à procura de informação, apenas 40% das empresas trabalham essa informação de forma ativa para assim poderem interagir com os potenciais clientes.
Será que, então, estamos preparados para enfrentar a transformação digital? Luis Grincho diz que sim, mas há claramente desafios a superar. Hoje, o consumidor é rei e a conetividade existe em todo o lado e leva-nos a grandes mudanças que nos permitem endereçar os dados em tempo real.
“Hoje, um telemóvel tem mais capacidade do que os sistemas informáticos que existam quando fomos pela primeira vez à lua”. Uma mudança que permitiu que novos modelos de negócios vingassem, como é o caso da Uber, uma imensa empresa logística que não tem um único veículo. Ou a Airbnb, que sendo uma das maiores empresas mundiais de aluguer de espaços… não tem uma propriedade. Ou a Under Armour que era uma empresa de vestuário e agora é uma empresa de tecnologia que recolhe informação e a vende aos clientes como um serviço.
O mundo mudou, assim como os modelos de negócio que lhe estão associados. “E temos de olhar para tudo isto. Não só na perspetiva do que podemos fazer, mas os modelos disruptivos que podemos entregar aos nossos clientes”.
“O software mudou e permite-nos endereçar os desafios de uma forma completamente distinta. Todas as empresas hoje têm o potencial de ser uma empresa tecnológica. As Tecnologias de Informação nas organizações podem ganhar mais relevância se se ligarem mais ao negócio e menos à tecnologia”.
Mas, diz Luis Grincho que estar no mundo digital significa velocidade e agilidade. Para isso, a resposta da SAP é clara: a plataforma SAP Hana que, para este responsável, é a solução para os novos desafios. “Permite o uso de aplicações em tempo real assim como compatibilizar os sistemas transacionais com os sistemas analíticos. Permite analisar os dados de forma interativa e tempo-real. Permite cruzar informação geoespacial com a informação dos dispositivos móveis. Permite-nos introduzir segurança na cloud ou on-premise conforme as necessidades. É muito mais do que uma base de dados”, explicou à plateia.
Alexandre Santos, Business Manager da Intel, mostrou à plateia a visão da Intel sobre a transformação digital e esclareceu que a Intel, ao contrário do que muitos possam pensar, não é apenas um hardware maker ou um chip maker. “Somos alguém que lidera essas transformações tecnológicas”.
Claro que a internet veio acelerar todos os processos e hoje tudo é alvo de partilha, há um brutal acesso à informação e, diz Alexandre Santos, mais do que tudo somos cocriativos. “Já não criamos nada sozinhos. Tudo é colaborativo”, defende.
Basicamente a Intel trabalha no mundo das necessidades versus o mundo das soluções. “Somos visionários”.
Alexandre Santos falou na cloud mas também da segurança, de resto uma área onde o construtor tem vindo a fazer fortes investimentos – em 2011 compraram a McAfee. “A Intel, apesar de estar orientado para o hardware, tem de se preocupar com todo o ecossistema pois só assim alcança a tal visão”.
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