O dia começou com as boas-vindas de João Paulo Carvalho, Administrador da Quidgest, que disse que “todas as organizações se estão a transformar em empresas digitais, em empresas de software, embora muitas possam ainda não ter consciência disso, ou não aproveitem todo o potencial dessa transformação.”
O Painel 1 foi subordinado ao tema “Transformação Digital dos Estados e das Empresas” e contou com a presença de André Vasconcelos, Assessor do Conselho Diretivo da AMA, António Gameiro Marques, Diretor-Geral do GNS, João Vasconcelos, Empreendedor e Ex-Secretário de Estado da Indústria e João Paulo Carvalho.
Durante a sua apresentação, o representante da AMA falou do Estado como o motor da transformação digital e das diversas iniciativas que a Agência para a Modernização Administrativa está a realizar, como o Simplex +. O executivo referiu ainda os pilares dessa digitalização: identificação eletrónica, a interoperabilidade, simplificação e governação.
Segundo André Vasconcelos, a Administração Pública portuguesa é das mais avançadas e tem vários processos que não são usados pela maioria dos cidadãos como a assinatura digital do cartão do cidadão.
O Diretor-Geral do GNS indicou é muito importante “transformar com resiliência” e que para tal há que existir “investimento na rede e no fator humano.” É que “quem nos quer fazer mal, tem todo o tempo do mundo” e a proteção é algo demorado e que nem sempre é a mais eficiente.
António Gameiro Marques falou ainda do EU Cybersecurity Act anunciado a 13 de setembro deste ano que criou a Agência de Cibersegurança da UE (ENISA), que define que os produtos e serviços TIC na UE serão certificados quanto à sua resiliência digital e que promove a I&D nos Estados-Membros. Além disso, o responsável do Gabinete Nacional de Segurança indicou que Portugal está a preparar a entrada do GDPR, tendo criado um grupo de trabalho e cuja consulta pública decorre até 30 de setembro de 2017.
O Contra-Almirante referiu que a informação, os dados e o conhecimento que deles se retira são os fatores mais importante que devem ser considerados na transformação digital.
João Vasconcelos falou das suas experiências enquanto membro do governo e no setor privado. O empreendedor argumentou que a digitalização “é fulcral para nós” e que “é uma oportunidade histórica para Portugal”. O ex-Secretário de Estado da Indústria apontou ainda como o Blockchain é uma das tecnologias do futuro, à qual devemos estar atentos e como terá um papel importante na transformação digital de diversos segmentos, como a banca e os seguros.
O responsável da Quidgest começou com a frase “todos os negócios são negócios de software” da autoria de Watts S. Humphrey, o “pai da qualidade do software”. Para João Paulo Carvalho, numa “organização digital é impossível distinguir onde acaba o negócio e onde começa o software. O software é a alma do negócio.”
A visão da Quidgest, que já nasceu digital, é que a transformação digital é colocar o software no centro do negócio. O Administrador da empresa referiu que “o software e o negócio mudam rapidamente e ao mesmo ritmo” e que “o software é tão único e tão ágil, quanto o negócio”.
O Painel 2 falou do “Elemento humano e a educação na Transformação Digital” e teve a participação de Miguel Carvalho e Melo, Vice-Presidente da APOGEP, Jorge Carvalho, docente do INETE, Octávio Oliveira, Diretor-Geral do CINEL e Ex-Secretário de Estado do Emprego, Hugo Lourenço, Diretor-Geral da Agile 21 e Hugo Miguel Ribeiro, Coordenador da Área Recursos Humanos da Quidgest.
“A transformação digital está a acontecer e está a acontecer a ritmo acelerado” revelou Miguel Carvalho e Melo. O executivo explicou que esta mudança está a causar o chamado darwinismo digital, referindo como exemplo o facto de apenas 71 companhias da lista Fortune 500 de 1955 permanecerem em atividade hoje.
“Qualquer organização que se mantenha sempre a fazer o mesmo e da mesma maneira, está condenada.” Para o Vice-Presidente da APOGEP, a mudança deve ser feita através de projetos, sendo que é a falhar que se aprende a evoluir. No entanto, há algo fundamental, as pessoas. “As pessoas vão fazer toda a diferença” nos projetos e no sucesso da transformação digital.
Hugo Lourenço, falou, por sua vez de Enterprise Agility e de como a liderança funcional pode ajudar as organizações na sua caminhada para a digitalização.
Já o Coordenador da Área Recursos Humanos da Quidgest referiu os na era digital existem pessoas digitais que são geralmente globais, sem medo de falhar, atreitos à mudança, disruptivos e móveis e de como podem ajudar a mudar a mentalidade existente dentro das empresas.
Hugo Miguel Ribeiro revelou ainda que a empresa tem um programa de trainees que inclui jovens talentos de várias áreas para que a Quidgest possa ser uma empresa cada vez mais inovadora.
Jorge Carvalho falou dos métodos de ensino e que a “transformação digital requer competências transversais ao mesmo nível das competências profissionais.” O docente indicou que a educação não deve significar automação e isolamento mas sim salas de aulas abertas com tecnologias e vários professores ao mesmo tempo.
“Uma coisa são qualificações, outra coisa são competências” referiu Octávio Oliveira. O Diretor-Geral do CINEL considera que “o acesso à informação deve acontecer em qualquer altura, em qualquer lugar e por qualquer pessoa.” A educação é chave para futuro da digitalização, considerou,
Durante a tarde aconteceram os paínes 3 e 4. O primeiro foi dedicado “A Transformação Digital à escala global” e nele estiveram presentes Carlos Loureiro,Vice-Presidente da Ordem dos Engenheiros, João Dias, Vogal Executivo da AICEP, Mafalda Chaves, Program Manager na Beta i e Ana Carreira Ribeiro, Consultora da Quidgest.
João Dias referiu que as novas plataformas digitais potenciam o comércio internacional e “representam oportunidade histórica para PME.” O executivo apontou que o e-commerce representa já 12% do comércio internacional global e usou o exemplo americano em que “95% das PMEs dos EUA que usam o eBAy para vender os seus produtos e serviços exportam para mais de 4 continentes, comparado com menos de 5% das empresas americanas que exportam offline”.
O representante da AICEP indicou que através do Plano Estratégico 2017-19, a associação quer dinamizar as exportações online de produtos portugueses nos mercados internacionais e está a trabalhar na sua transformação digital.
O debate incidiu sobre inovação aberta e como esta pode potenciar a transformação digital e Mafalda Chaves falou do programa Beta-i, que junta startups com empresas fazendo um match entre a inovação e o que o mercado procura e necessita.
O último painel teve o tema “Be the business: informáticos e tecnologias na Transformação Digital” e contou com a participação de Hugo Bolé, Diretor-Geral da REDALERT, Miguel Mira da Silva, Professor de Sistemas de Informação no IST, Pedro Farinha, Diretor-Geral da ShiftLeft.PT e João Gonçalves da área de Investigação e Desenvolvimento da Quidgest.
Hugo Bolé mostrou a sua visão sobre o papel dos CIOs na transformação digital, como enablers da inovação e com a sua nova função de “ajudar os líderes do negócio.” Para o Diretor-Geral da REDALERT, os CIOs devem ter competências de negócio, como conhecimento do mercado, foco no cliente, orientação comercial e estratégica, liderança e devem participar em discussões de negócio.
Miguel Mira da Silva falou da revolução digital e de como os empregos estão a mudar em virtude desta mudança. O professor do IST referiu os bancos como exemplo, falando de que se estas instituições continuarem a ter milhares de trabalhadores nunca serão eficientes ao contrário dos bancos de cariz digital que possuem apenas algumas centenas de colaboradores.
Mira da Silva avançou ainda que hoje em dia, há falta de 15 mil profissionais de TI, só em Portugal, e que o futuro serão as novas tecnologias como online courses, Peer-to-peer banking, carros sem condutor, self-service kiosks e Machine learning.
João Gonçalves falou de desenvolvimento de software e da importância da inovação contínua. “A maior parte das grandes organizações segue poucas boas práticas de desenvolvimento”, referiu. Para o responsável da área de Investigação e Desenvolvimento da Quidgest, “o software é o negócio e o negócio é o software, e o desenvolvimento é o motor do negócio”. Para finalizar deixou uma questão muito pertinente “Como é que, como pessoas acompanhamos o ritmo cada vez maior da Transformação Digital?”
A apresentação de Pedro Farinha incidiu sobre importância da qualidade do código que é desenvolvido pelas empresas e do seu papel na segurança das aplicações, assim como na necessidade de detectar bugs cedo para prevenir problemas.
A conferência demonstrou que a transformação digital tem de estar no centro das preocupações das empresas, se estas querem continuar a operar num mercado cada vez mais global e competitivo, e que quem não souber fazer esta mudança vai ficar para trás.
A par das sessões, o Q-DAY contou ainda com 5 workshops sobre Segurança e Proteção de Dados – GDPR, Nova Gestão Pública – SINGAP SNC-AP, Sistema de Gestão Integrada de Associados, Os riscos do sector financeiro na era da Transformação Digital (“RegTech”) e Desmaterialização de Processos de Negócio.
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