O primeiro sistema do mundo que usa tecnologia vídeo-3D, com baixo custo, para extrair movimentos durante crises epilépticas é português. E pode ajudar os profissionais de saúde no processo de diagnóstico e na definição de terapêuticas, não só em epilepsia, mas também noutras doenças neurológicas, como por exemplo na doença de Parkinson.
O objetivo, diz a equipa responsável, passa agora por disponibilizar este sistema, que está a ser testado há um ano no Centro de Epilepsia do Departamento de Neurologia da Universidade de Munique, a outras unidades de monitorização de epilepsia e colaborar com elas para o bem dos doentes. O facto de se tratar de um sistema de baixo custo faz com que tenha potencial de generalizar o seu uso em unidades de diagnóstico e tratamento de epilepsia em todo mundo, mesmo nos países em desenvolvimento, diz a equipa em comunicado enviado à imprensa.
O sistema não requer nenhum tipo de intervenção nem no doente nem na cama onde estes doentes são monitorizados, uma vez que junta vídeo de grande qualidade (HD) a um radar de infravermelhos de alta velocidade para obter 30 imagens 3D por segundo. Os sensores 3D foram sincronizados com a atividade cerebral (EEG) do doente monitorizado e estão a ser utilizados em ambiente real hospitalar, em Munique (Alemanha), num centro médico que serve 8 milhões de habitantes só nesta área da neurologia.
“O nosso sistema 3D consegue extrair trajetórias de movimento corporal muito mais rápido do que os sistemas 2D anteriormente utilizados e, em conjunto com o EEG, oferece mais informação quantitativa para o diagnóstico e decisões terapêuticas em epilepsia”, explica João Paulo Cunha, coordenador do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER) do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), responsável pelo projeto.
“Este trabalho desenvolvido por investigadores do INESC TEC, da Universidade de Aveiro, da Universidade de Munique e da Universidade Técnica de Munique foi publicado na passada sexta-feira, dia 22 de Janeiro, na revista PLoS ONE, uma publicação que na área de “Life Sciences & Earth Sciences” do Google Scholar só é superada em termos de métricas de impacto científico pelas revistas Nature, Science e PNAS”, lê-se no comunicado.
“A publicação deste nosso novo desenvolvimento na PLoS ONE é o reconhecimento de todo o trabalho que temos vindo a desenvolver nesta linha de I&D e pode ser uma porta para que mais portugueses consigam publicar as suas descobertas nesta que é uma das mais reconhecidas revistas a nível mundial”, conclui o docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
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