Portugal Telecom investe 90 milhões em Data Center de topo

A Portugal Telecom (PT) lançou hoje, na Covilhã, a maior infraestrutura de armazenamento de dados existente até agora na Europa. Para já são 100 os postos de trabalho criados mas estão previstos 1400. O investimento é de 90 milhões de euros.

Numa conjuntura de crise económica e de desconfiança por parte dos investidores mundiais relativamente a Portugal, a Portugal Telecom (PT) dá um grito de misericórdia ao construir o maior e mais eficiente Data Centre da Europa. Num momento em que os níveis de confiança no que diz respeito a segurança em Cloud Computing atravessam um enorme revês após o caso PRISM, da agência de segurança norte-americana, NSA, a Portugal Telecom aposta no futuro tendo em conta as necessidades de produtividade a baixo custo que o mercado tem tendência a exigir cada vez mais.

Ainda sem clientes para ocupar a capacidade prevista, a aposta da Portugal Telecom é agora nas vendas do storage, dos serviços Cloud e convencer os integradores e parceiros das valências reais do novo Data Center e da sua eficácia. O maior desafio da companhia, segundo Zeinal Bava, CEO da Portugal Telecom, é preparar a força de vendas para dar consultoria aos seus clientes, potenciais clientes e parceiros, evangelizando-os para as soluções de Cloud.

O Data Centre da PT ocupa uma área total de 75.500 metros quadrados, é modular, composto por quatro blocos e tem capacidade de até 12 mil metros quadrados de “white space”. O que é agora inaugurado é apenas primeiro bloco, composto por seis salas com 520 metros quadrados e um PUE (Power Usage Effectiveness) de 1,25. São 90 milhões de euros de investimento e 50 mil servidores na sua potência máxima.

Integrado num cenário ambiental único, o Data Centre PT permite o uso do sistema de “free cooling” durante 99% do ano. A utilização de tecnologia e infraestrutura de alta segurança, projetada para assegurar uma disponibilidade anual de 99,98%, permitiu a obtenção da certificação Tier III pelo Uptime Institute. Este investimento, de 90 milhões de euros na primeira e segunda fase, vai criar 1400 postos de trabalho, diretos e indiretos. Com esta inauguração, a capacidade de rede do Data Centre, composta por oito data centres, vai aumentar de 14 mil para 26 mil metros quadrados de “white space”, de seis mil para 56 mil servidores e de três para 33 Pbytes de armazenamento. No entanto, este aumento só será executado mediante as necessidades e depois de terem clientes. O CEO Zeinal Bava acredita que mais tarte ou mais cedo vai acontecer, dando como exemplo algumas praticas e serviços de Cloud que empresas e governos europeus tem vindo a adotar. “Era preciso construir este Data Center e a sua primeira fase para depois poder vendar a sua capacidade. Acreditamos nas tendências e indicadores de adoção de soluções cloud computing por parte das PME, é este segmento que vamos atacar com a nossa força de vendas” disse Zeinal Bava.

O executivo considera que “este Data Centre da PT, na Covilhã, é um investimento de referência que, em grande medida, preenche o ciclo de transformação tecnológica da PT, iniciada em 2008 com o lançamento do MEO, a oferta de sucesso de televisão por subscrição da PT.” O CEO da Portugal Telecom acredita que a rede é um ativo diferenciado e a sua vantagem competitiva estrutural é sustentada pelos seus investimentos em tecnologia, incluindo: a rede de transmissão de fibra que suporta 100Gbps; a rede de acesso FTTH (fibre to the home, fibra até casa do cliente), com uma cobertura de 1,6 milhões de casas, e que já tem uma penetração de 23% nas casas passadas e de 28% na base de clientes de televisão por subscrição; uma rede 4G-LTE com uma cobertura de mais de 90% da população portuguesa, e backhaul móvel de fibra, cobrindo 92% das estações base.

O investimento em tecnologia e inovação permitiu à PT transformar a sua oferta, com o lançamento da televisão por subscrição e serviços triple-play. Como resultado, o MEO defende ter alcançado a liderança no triple-play apenas quatro anos após o seu lançamento, com uma quota de mercado de 47% e uma quota de mercado de 40,4% no mercado de televisão por subscrição. A transformação da PT também incluiu o enfoque nos dados móveis e no conteúdo em qualquer lugar. Portugal Telecom lançou ainda uma oferta convergente quadruple-play, M₄O, que está a ganhar força no mercado, tendo atingido um milhão de UGR (unidades geradoras de receita) em agosto de 2013, dos quais 40% são novos UGR para a PT. Como resultado, a PT transformou o seu modelo de negócio aumentando a relevância dos serviços de valor acrescentado bem como a previsibilidade do negócio. Mais de 50% das receitas da PT em Portugal são receitas não-voz e a empresa está a conduzir uma grande transformação nos segmentos B2C e B2B, da televisão por subscrição e convergência para a virtualização e outsourcing.

A oferta cloud da PT está disponível a todos os segmentos de clientes: B2C, através do lançamento do MEO Cloud, uma oferta de armazenamento na cloud, disponível para os clientes em todo o mundo, com 16GB de espaço de armazenamento gratuito, e B2B, através de um conjunto abrangente de soluções de cloud computing, que incluem Software as a service (SaaS), Collaboration as a service (CaaS), Platform as a service (PaaS) e Infrastructure as a service (IaaS).

Com este este Data Centre a Portugal Telecom pretende expandir o seu posicionamento global no mercado de cloud e serviços de data centre, aproveitando a presença internacional do grupo em quatro continentes, e o seu ecossistema de parceiros para, também, capturar negócios em outras geografias.

Ignorando completamente a realidade dos factos que motivam as preocupações do mercado, Zeinal Bava, quando lhe perguntamos o que faria caso a Agência de Segurança Nacional norte-americana, NSA, lhe solicitasse dados contidos no Data Center, preferiu não comentar perguntas que são “retóricas”. “Apenas lhe direi o seguinte: a PT, neste centro de dados, teve um particular cuidado com os temas da segurança porque acreditamos que essa é uma preocupação latente, quer seja pessoa física, pessoa jurídica, governo… Todos nós sabemos que, os dados, a informação, hoje em dia é fundamental e contém muitos segredos industriais etc.. e por isso essa foi uma das grandes preocupações. Neste data center, a escolha da Covilhã, e num espaço que ocupa cem mil metros quadrados, foi exatamente para garantir isso”.

João Miguel Mesquita

Desde 1998 que está diretamente ligado às TI. Tendo desenvolvido a sua atividade profissional em projetos como Portugalmail, IOL (Grupo Media Capital), Terravista (Grupo T -Deutsche Telekom) , e Jornal Digital do Norte. Estudou Direito na Universidade Autónoma de Lisboa. É Diretor Editorial do Grupo Netmediaeurope/America para o Brasil e Portugal. Gestor de projetos e-business, e editor. É um entusiasta do impacto das TI nas industrias criativas.

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