Este fim de semana, foram publicadas em mais de 100 jornais do mundo – incluindo o Expresso em Portugal – informações explosivas contidas em milhões de documentos obtidos pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung. Esses documentos vieram da firma Mossack Fonseca, sediada no Panamá, daí a designação que está a ser usada, “Panama Papers.”
Ramon Fonseca, o diretor da Mossack Fonseca, disse à Reuters que a empresa foi vítima de um ataque pirata bem sucedido mas “limitado”. Afirmou ainda acreditar que este ataque à base de dados da empresa se engloba numa “campanha internacional contra a privacidade.” Os documentos vazados mostram inúmeros esquemas ilegais de fuga aos impostos e outras fraudes com recurso a empresas offshore, mas Ramon Fonseca garante que “a vasta maioria” das operações criadas pela Mossack Fonseca são legítimas.
“Dedicamo-nos à criação de estruturas legais que vendemos a intermediários, tais com bancos, advogados, contabilistas e fundos, e eles têm os seus clientes finais dos quais não temos conhecimento”, afirmou Fonseca à agência de notícias. A Mossack Fonseca criou mais de 240 mil empresas offshore e diz que os seus clientes já foram notificados do “problema”, isto é, do ataque pirata que permitiu extrair os 11,5 milhões de documentos agora partilhados com o público.
Segundo o britânico The Guardian, um dos jornais que expuseram o escândalo, estes documentos mostram uma rede de acordos secretos em offshores e empréstimos avaliados em dois mil milhões de dólares ligados ao presidente russo, Vladimir Putin. Mas há mais nomes conhecidos no meio deste escândalo: 140 políticos de 50 países, com ligações a empresas offshore em 21 paraísos fiscais, desde o primeiro ministro islandês Sigmundur Davíð Gunnlaugsson ao rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdulaziz bin Abdulrahman Al Saud, e o presidente da Argentina, Mauricio Macri.
O International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) tem uma base de dados com esta fuga massiva de dados, cujo tamanho não tem precedentes.
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