Pai da World Wide Web defende neutralidade na internet
Berners-Lee vê o futuro da internet como uma rede neutra e em que a igualdade de oportunidades impera, sendo, para isso, necessário o endurecimento das leis que tratam a questão. A neutralidade deverá trazer maior concorrência e preços mais competitivos.
Bill Gates aproveitou, recentemente, uma sessão de perguntas e respostas no Reddit para expressar a sua visão sobre o futuro da tecnologia, apontando algumas das vantagens da mesma, por entre outros aspetos menos positivos. Agora, é a vez de Berners-Lee ditar 4as suas opiniões sobre o que deveria ser feito no mundo da internet.
Berners-Lee, conhecido por ter criado a World Wide Web, foi convidado do blog da Comissão Europeia e aproveitou o espaço para declarar o seu apoio à neutralidade na internet, dizendo que é uma questão crítica para o futuro da Europa. Explica que quando inventou a WWW, desenvolveu-a “deliberadamente neutra, criativa e como um espaço de colaboração, construída na abertura que a Internet oferecia”, para que qualquer pessoa pudesse “partilhar conhecimento e ideias sem precisar de comprar uma licença ou pedir permissão”. Porém, hoje, este princípio está sob ameaça.
De acordo com Berners-Lee, a neutralidade na internet deveria implicar a total ausência de censura e o Estado não deveria pôr em prática restrições com base em motivações económicas. Esta neutralidade funcionaria como garantia da igualdade de oportunidades para todos os conteúdos online sem qualquer tipo de preferência, seja ela na qualidade da velocidade ou no acesso.
O pai da WWW cita ainda um estudo realizado pelo governo holandês, em 2013, que concluiu que a neutralidade na internet promove maior competição, preços mais baixos, maior conectividade e mais inovação. Para Berners-Lee, uma lei que garanta este princípio é fundamental, na Europa, e acrescenta que, até agora, tem sido possível utilizar a internet sem esta regulação mas que com o crescimento que se tem verificado, “a necessidade de esse tipo de leis tem mudado”.
A União Europeia está a preparar uma proposta para a regulação de um mercado único das telecomunicações e a questão da neutralidade na internet deverá fazer parte sob a forma de uma lei. Berners-Lee incentiva os cidadãos europeus a enviarem tweets para a presidência letã demonstrando a necessidade premente desta neutralidade, “antes que a discriminação online se torne a norma”.