O reconhecido realizador Sandy Smolan começa por mostrar como, inevitavelmente, a maioria dos equipamentos que utilizamos no nosso dia-a-dia transmitem dados sobre a sua utilização e como, no futuro, isso será ainda mais uma realidade. Alerta-nos, igualmente, para o facto de “a cada dois dias, estarmos a gerar tantos dados como os que foram gerados desde o inicio da humanidade até 2003” e o desafio que isso nos coloca, o que fazer com esta quantidade de dados?
O documentário dá a conhecer o lado humano do Big Data e explora como a visualização em tempo real dos dados de satélites, milhares de milhões de sensores, dos GPS e dos smartphones está a começar a permitir detetar, medir e compreender quase todos os aspetos da nossa vida. Fala também como a recolha massiva de dados e análise dessa informação pode ser considerado uma força invisível que está a criar uma espécie de sistema nervoso central planetário.
Joi Ito, director do Media Lab do MIT, diz que Big Data é oposto que fazíamos até agora, ou seja, antes pensávamos em qualquer coisa, escrevíamos e isso era conhecimento. A partir de agora, toda a nossa vida é gravada pelos dispositivos que usamos e o conhecimento é gerado de forma preditiva por algoritmos cada vez mais complexos.
“The Human Face of Big Data” exemplifica várias aplicações do Big Data como o Google Flu Trends, que ajudou a localizar surtos de gripe antes do CDC (sigla em inglês do Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) ou o caso da cidade de Boston que através de um aplicativo associado aos acelerômetros dos smartphones, conseguiu descobrir onde estavam localizados os buracos nas infraestruturas rodoviárias. O filme refere também outras áreas de atuação como a saúde, a justiça e a resposta de emergência em casos de catástrofes naturais.
Mas o Big Data tem um “lado negro”, há que contabilizar os perigos de algumas empresas e governos terem acesso a todas as nossas informações. Existe, claramente, um problema da falta de privacidade e da constante vigilância a que o cidadão normal é sujeito sem que possa ter qualquer acesso ou controlo dos dados que estão a ser transmitidos a terceiros.
No entanto, se tivermos em consideração os prós e os contras desta “revolução”, o documentário consegue transmitir que os benefícios superam os prejuízos e que o Big Data já é, e será ainda mais, um dos motores do desenvolvimento do mundo.
Em Portugal, a SAP promoveu o visionamento do “The Human Face of Big Data” ao qual se seguiu um debate com dois executivos: Rui Gaspar, diretor de Base de Dados, Tecnologia e Analytics da SAP Portugal, e Alexandre Santos, Business Manager da Intel Portugal. Os especialistas falaram sobre o que é o Big Data, quais as implicações que as novas tecnologias e a análise de dados vão ter nas gerações futuras e da disrupção digital que esta Nova Economia está, e vai continuar, a criar.
O executivo da Intel revelou ainda que há poucos Data Scientists em Portugal mas que por imposições legais, nomeadamente do Banco Central Europeu, os países da UE vão ter necessariamente que começar a desenvolver o ensino e a formação de mais profissionais na área de análise de Big Data.
Indiscutível, é que o Big Data é um tema “quente” que influencia já o nosso quotidiano mas que terá certamente um papel fulcral na sociedade do futuro.
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