O e-commerce veio para ficar?
As Tecnologias da Informação estão cada vez mais a mudar os padrões de comportamento dos consumidores. Desta forma, o setor do comércio não fica incólume a esta revolução digital e é também ele reconfigurado, alinhando-se com a emergência de um consumidor mais digital, mais informado, com menos tempo a perder em processos de compra complexos e morosos. Sérgio Botelho, country manager da Visa Europe para Portugal, disse à B!T que acredita que o comércio eletrónico continuará a aumentar ao longo dos próximos anos, e que o mobile commerce (comércio feito através de dispositivos móveis) não ameaçará o seu desenvolvimento. Ademais, o executivo afirmou que o comércio eletrónico representa já uma porção considerável da economia nacional, e que na Europa este setor cresceu bastante.
B!T: Como se tem desenvolvido o comércio eletrónico na Europa?
Sérgio Botelho: A natureza do comércio está a mudar à medida que este se torna mais digital, mais democratizado, mais personalizado e, por vezes, mais divertido. Na Visa, estamos totalmente alinhados com estas mudanças.
A evolução no comércio electrónico na Europa tem sido muito significativa. A Comissão Europeia espera, aliás, que a criação de um Mercado Único Digital possa gerar até 250 mil milhões de euros de crescimento adicional, um valor que é elucidativo do seu impacto socioeconómico.
As empresas e os cidadãos estão hoje mais sensíveis para as vantagens de fazer negócios online e os números são demonstrativos desse pressuposto. Em 2014, o volume de transacções online com cartões Visa cresceu 17%, para mais de €280 mil milhões. Em Portugal, esse aumento foi de 47%.
Há ainda um longo caminho a percorrer, mas a Visa desde há muito que trabalha para disponibilizar as melhores soluções de pagamento online, com a segurança e a comodidade que retalhistas e consumidores merecem.
Quais as oportunidades e os desafios que têm sido criados pelo e-commerce?
O comércio electrónico obrigou as empresas a implementar novas estratégias de negócio. Mas este novo tipo de comércio veio também equilibrar a balança da competitividade e, ao fazê-lo, permitiu às organizações alargar as suas áreas geográficas e conquistar novos mercados.
O comércio electrónico é há muito encarado com um aspecto fundamental na actividade da Visa. Apesar deste novo paradigma impor questões que são fundamentais para nós, como a segurança e a comodidade, acreditamos que o caminho para uma economia mais robusta passa por aproveitar as potencialidades que esta e-Economia permite.
Uma infraestrutura funcional de pagamentos online é a chave para melhorar a eficiência dos mercados e do sistema financeiro.
Como pode uma empresa como a Visa capitalizar este novo paradigma de comércio?
O comércio electrónico é um tema chave para a Visa e, para capitalizar este novo paradigma de comércio, diria que é fundamental continuar a trabalhar com os nossos parceiros para transformar a forma como as pessoas pagam e são pagas.
Neste sentido, já investimos nos últimos anos cerca de €500 milhões em tecnologia para podermos antecipar os pagamentos do futuro. Uma dessas tecnologias é o chip EMV e o VerifiedbyVisa que permitem realizar transacções mais seguras e que têm contribuído para reduzir os níveis de fraude a nível europeu.
Por outro lado, o V.me by Visa, a nossa wallet digital, permite também proteger o consumidor durante a realização de pagamentos online, porque o número do cartão não é identificado nem circula na Internet.
A nossa visão é a de que consigamos reduzir significativamente o valor de 70% de transacções que ainda são feitas em numerário na Europa. E, para isso, faremos uso da abundância de tecnologia digital que nos rodeia para permitir novas soluções de pagamento digital e para proporcionar uma melhor qualidade de serviço para retalhistas e consumidores.
Visto o crescendo de soluções e de dispositivos móveis, como poderá evoluir o comércio eletrónico nos próximos anos? Poderá deixar de existir face ao chamado mobile commerce?
Atenta ao objectivo de disponibilizar inovação em Portugal, a Visa tem vindo a trabalhar de perto com os seus parceiros com o intuito de promover os pagamentos móveis. A visão da Visa é, aliás, que em 2020 metade das transacções hoje realizadas com cartões sejam realizadas com um objecto móvel, como um ‘smartphone’ ou um ‘tablet’.
Mas o comércio electrónico não deixará de existir face ao mobile commerce. Na Visa acreditamos, aliás, que ambos se complementam e a tendência aponta precisamente para um crescimento dos dois de forma proporcional.
Por exemplo, até final do ano de 2015 as previsões apontam para 5 milhões de cartões Contactless emitidos e 15.000 terminais que aceitam este tipo de pagamento, em Portugal. E, num futuro próximo, estes terminais aceitarão também os pagamentos por telemóveis.
No mesmo sentido, estima-se também que o comércio electrónico tenha uma representatividade no PIB nacional de 90 mil milhões de euros até 2020, de acordo com dados recentes da ACEPI.
Como podem as organizações do setor do retalho adaptar-se ao comércio digital?
Trata-se, sobretudo, de uma questão tecnológica e da confiança que os consumidores depositam nas transacções online.
Quero com isto dizer que, para que as empresas, do retalho ou outras, transitem eficazmente na economia digital é preciso que se dotem da estrutura tecnológica adequada, por um lado e, por outro, que sensibilizem os consumidores para as vantagens deste novo paradigma. Algumas já o fazem. E bem!
Como se posiciona Portugal no universo do e-commerce? Estaremos num bom caminho ou ainda aquém do desejado?
Os dados mais recentes da ACEPI apontam para que o comércio electrónico já valha 1/3 do Produto Interno Bruto Nacional. Por isso, acredito que o comércio electrónico em Portugal está verdadeiramente no bom caminho. Resta, no entanto, trabalhar para que os consumidores se sintam cada vez mais confiantes e seguros sempre que tenham vontade de fazer compras online.
No que diz respeito ao volume de transacções online com cartões Visa, este aumentou 47% para mais de €162 milhões. O caminho é este e, na Visa, continuaremos a disponibilizar soluções inovadoras que proporcionem confiança e segurança aos consumidores e retalhistas.
De que forma poderá o comércio eletrónico atuar como um elemento potenciador da economia nacional?
O comércio electrónico representa uma parte muito importante no nosso negócio e é facilmente identificável como uma das formas para aumentar a competitividade das empresas e, consequentemente, das economias. Na verdade, a competitividade e a sustentabilidade da nossa economia estão hoje mais dependentes do que nunca de uma economia digital que promova o acesso a oportunidades de negócio.
Ao acelerar a inovação e ao modificar as dimensões do serviço, como a rapidez, a conveniência, a personalização e o preço, o comércio electrónico mudou profundamente a proposta de valor apresentada aos consumidores. Mas este novo paradigma tem também implicações positivas na protecção dos consumidores, na colecta de impostos e nas políticas de concorrência e competitividade, por exemplo.
Diria que relançar a economia nacional através da economia digital significa dotar o país de uma economia mais sustentável, que garanta oportunidades de emprego e índices de produtividade superiores.
O comércio electrónico é hoje indissociável da realidade que vivemos e, em poucos anos, as novas tecnologias, particularmente a Internet, alteraram decisivamente a economia, o trabalho e a nossa vida privada.