Financiamento é um tema sensível em Portugal e que afeta a esmagadora maioria das empresas nacionais. Afinal, até o próprio Estado teve de recorrer aos serviços da Troika para se conseguir financiar. E uma das consequências dessa decisão foi o facto dos bancos nacionais terem restringido ainda mais o acesso ao crédito, colocando em risco várias empresas. Perante isto, há que encontrar alternativas e várias multinacionais de TI já disponibilizam soluções próprias de financiamento a parceiros e clientes.
Tendo em conta as circunstâncias económicas do nosso país nos últimos anos, estas soluções de financiamento têm vindo a ganhar cada vez mais adeptos em Portugal. “A falta de liquidez no mercado português e nos agentes de TI, bem como as fortes restrições de orçamentais dos nossos clientes, aumentaram significativamente a procura de soluções de financiamento tradicionais (renting)”, refere Paulo M. Santos, Partner Sales Manager da HP Financial Services Portugal. “Um outro fator que tem funcionado como catalisador de soluções de financiamento foi, sem dúvida, a crescente aceitação de novas soluções como as ofertas de cloud, ou infraestruturas em forma de serviços (IaaS), modelos de ‘Pagamento por Utilização’ ou ‘Capacity on Demand’, levando os agentes que operam no mercado a estabelecer parcerias com entidades especializadas em financiamentos para TI”, salienta.
Ilda Santos, IBM Global Financing Sales Representative, afirma que a adesão por parte de clientes e parceiros às soluções de financiamento da sua empresa tem sido crescente. “As empresas precisam claramente de investir para se manterem competitivas e tomarem decisões estratégicas mais eficientes, de modo a obterem os benefícios desejados”, destaca. Assim, o que estas soluções de financiamento das grandes tecnológicas pretendem é permitir que as empresas reservem o dinheiro que têm em caixa para as necessidades mais estratégicas e operacionais dos seus negócios, conseguindo obter as soluções de TI que necessitam sem afetar os seus orçamentos.
A mesma opinião é partilhada por Vilma Menicha, Renting Manager da Xerox Portugal – companhia que conta em Portugal com a Creditex, uma empresa do universo Xerox, ligada à estrutura internacional da Xerox Financial Services e que desenvolve a sua atividade há mais de 20 anos em Portugal, oferecendo ao mercado um serviço de aluguer operacional (renting) de equipamentos e soluções de tecnologia de informação. “Atendendo ao enquadramento económico atual, há uma maior preocupação por parte das organizações em adequar os benefícios da utilização dos equipamentos e soluções aos respetivos custos de investimento”, defende a responsável. Além disso, há que ter em conta que estas soluções de financiamento tanto podem ser disponibilizadas a clientes diretos como a parceiros, o que proporciona ao canal mais uma ferramenta para apresentar propostas de valor acrescentado, que se adaptam às necessidades e preocupações dos clientes.
Perante o clima de crise, o objetivo destas soluções é, no fundo, fornecer valor acrescentado através da prestação de serviços financeiros e programas de renovação tecnológica, permitindo que os clientes tenham capacidade de preservar fundos para outros investimentos, otimizando os seus orçamentos sem obsolescência técnica e encontrar, assim, o financiamento que se adapte às suas necessidades. “A tecnologia está em constante evolução, a locação operacional é efetivamente a grande tendência do mercado para proteger as empresas da obsolescência tecnológica e dos custos associados a equipamentos antigos”, salienta Isa Silveira, Responsável pela Cisco Capital Portugal. “A alternativa de locação proporciona a atualização rápida para modelos mais recentes e mesmo num cenário de recuperação económica esta situação não se irá alterar”, acrescenta a executiva.
Perspetivando o futuro, mesmo com a recuperação económica no horizonte, parece claro que vai continuar a existir uma oportunidade crescente no mercado nacional para as soluções de financiamento das multinacionais de TI. “De facto, existe um interesse crescente dos gestores para operações de aluguer de equipamentos versus o investimento na posse dos mesmos, procurando com isso resguardar a capacidade de financiamento para investimentos em áreas de negócio geradoras de maior valor acrescentado críticas para o sucesso das organizações”, declara Vilma Menicha da Xerox.
“Sabemos que, devido a estes últimos anos mais difíceis, existem muitas empresas que não renovaram as suas infraestruturas e que agora estão sobre pressão de renovação para se manterem competitivas e controlar os custos de manutenção de equipamentos obsoletos”, refere Paulo M. Santos da HP. “Novas exigências, como o fim do suporte de algumas plataformas de software estão também a fomentar a necessidade de investimento”, acrescenta.
“Para as empresas terem sucesso na nova economia de hoje e assumirem-se na dianteira desta acelerada mudança tecnológica, precisam investir para crescer e manterem-se competitivas – as últimas inovações tecnológicas na área da cloud, social business, big data analytics e mobile vão fazer a diferença e apoiar o crescimento dos seus negócios”, alerta Ilda Santos da IBM. Neste sentido, as empresas portuguesas precisam também de entrar num amplo processo de reestruturação e consolidação. “A transformação do tecido empresarial requer um forte apoio tecnológico e as organizações dos vários setores estão cientes disso mesmo. E a verdade é que temos noção, mesmo em Portugal, que as nossas empresas preveem colocar em prática projetos de transformação com vista a melhorar a eficiência e a experiência do cliente, a fim de recuperar a rentabilidade a que os acionistas e o mercado tanto obrigam. Precisam fazer mais com menos. As empresas são obrigadas a reinventar-se para enfrentar, com naturalidade, este novo período”, salienta a responsável.
E não se pense que estas soluções de financiamento se destinam apenas a pequenas empresas ou a grandes companhias – todas as empresas contatadas pela B!T são unânimes em considerar que estes serviços estão acessíveis a todos os clientes, desde PME até grandes grupos e multinacionais. Por exemplo, o mercado da Creditex é tão multifacetado, que as suas operações vão desde a papelaria à padaria, da banca às telecomunicações, passando pelo turismo e pela indústria. Algo que é partilhado pela Cisco, pois as suas soluções de financiamento adaptam-se desde pequenas e médias empresas ao segmento de Large/Corporate. “Muitos dos nossos clientes são inclusivamente bancos, o que atesta a operacionalidade da nossa solução”, sublinha Isa Silveira.
Assim, como muitas fontes de crédito ainda estão temporariamente congeladas, esta forma de financiamento surge no mercado nacional como uma solução capaz de oferecer opções flexíveis e personalizadas.
Isa Silveira da Cisco salienta que as principais vantagens desta solução são o financiamento total (hardware, software e serviços), rendas constantes, capacidade de evitar limitações de orçamento, renovação tecnológica e possibilidade de aceder à linha crédito do Banco Portugal não afetada. E não só numa perspetiva de cliente final, pois os parceiros ficam com a possibilidade de vender soluções completas e complexas, sem risco de cobrança e com um parceiro credível especializado na área e dentro do orçamento dos clientes conjuntos, como refere Paulo M. Santos da HP.
A aposta dos fabricantes nesta área tem vindo a crescer com o passar dos tempos e tal pode ser comprovado pelo facto da IBM ter lançado a aplicação Rapid Financing, em que os fornecedores de tecnologia podem ajudar os seus clientes a alcançar, em poucos minutos e a partir de qualquer lugar, uma simulação de um plano de pagamentos vantajoso para a aquisição das soluções e produtos de TI de que necessitam. Ilda Santos explica: “Esta aplicação móvel é destinada a parceiros de negócio IBM em Portugal e no mundo, permitindo uma simulação de plano de pagamentos vantajoso para adquirir tecnologias de ponta em analítica, cloud, computação móvel, social business ou soluções associadas à estratégia de Smarter Planet da IBM.”
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