A Microsoft é uma empresa em mudança: isto já era claro, com a mudança que o CEO da empresa, Satya Nadella, tem vindo a impulsionar no último ano, nomeadamente com a cloud e mobile. Mas esse não é o único fator, já que também a cultura tem vindo a mudar, mesmo que essas alterações não sejam visíveis para o consumidor.
“Satya é um líder fantástico. Ele é parte de uma grande mudança cultural na Microsoft”, disse Kushagra Vaid, server and engineering manager na divisão de cloud da Microsoft e um dos keynote speakers Data Centre Dynamics Converged do CeBIT 2015. Vaid estava entusiasmado e contente, mas não eram novos telefones que estava a mostrar ou alguma novidade do Windows 10, mas sim de um humilde data centre que fornece o background para a cloud da Microsoft.
Dispositivos, aplicações e data
Com a fenomenal taxa de crescimento da computação em cloud, o número crescente de aplicações cloud exigem infraestruturas de grande escala, todas com o mesmo pilar, o data center.
Para empresas do tamanho da Microsoft, ter data centers a funcionar de uma forma eficiente e ao custo
“A nosso indústria está num grande período de transição. Estamos cientes de toda a explosão de dispositivos, com uma média de três aparelhos por pessoa”, diz Vaid.
“Como resultado disso, os dispositivos ganharam vida própria. Os dispositivos levaram ao ecossistema de aplicações. Isto é uma economia própria. Depois entrámos no espaço do big data e de Internet of Things.”
Zbs e Zbs
A explosão dos dispositivos e a quantidade de dados que são guardados são realmente inimagináveis. Pesquisa da IDC previu, recentemente, que, até ao final da década, a quantidade total de data na Terra rondará os 40 zettabytes. Só para que seja perceptível: um zettabyte é um 1 seguido de 21 zeros (algo como 1,000,000,000,000,000,000,000). Para quantificar ainda mais este número, a IDC diz que “haverá 700,500,000,000,000,000,000 de grãos de areia nas praias da terra. O que significa que 40 ZB é equivalente a 57 vezes a quantidade de grãos de areia que existem nas praias da terra.”
E a Microsoft, apesar de tradicionalmente fornecer sistemas operativos, não tem um papel secundário nesta adição de data. Vaid explicou que a plataforma de pesquisa Bing tem sete mil milhões de pesquisas por mês, a um nível global. Mais de 30 mil milhões de dados são guardados na Microsoft Azure Cloud. A Microsoft tem 400 milhões de utilizadores ativos no Outlook e, num mês, são contabilizados 50 mil milhões de minutos de chamadas no Skype, por todo o mundo.
Em comparação com o Google, as estatísticas de uso do Bing e do Outlook podem parecer pequenas (o Google consegue mais de 3 mil milhões de pesquisas num dia) mas que, quando todos os serviços são somados (duzentos, como aponta Vaid), a empresa está realmente a ter um papel importante na questão de armazenar informação sobre a humanidade.
Tudo graças ao data center
E é aqui que entram os data centers. “O que é que é preciso para operar tudo isto? A primeira coisa a fazer é garantir que se tem uma estratégia global para entregar capacidade”, disse Vaid.
“Para o consumidor final, a percepção é de que existe uma capacidade infinita apenas pressionando um botão. Mas, na realidade, o que se está a fazer é a tentar igualar a procura à capacidade. Se a procura ultrapassar a capacidade, os clientes não ficarão satisfeitos.”
A explorar todos estes dados produzidos pela civilização está o data center, tornando-se óbvio apontar a importância que devemos dar às operações de data center e à poupança de custos de qualquer empresa que os use. E é aqui que o futuro software-defined da Microsoft surge. Para efetivamente usar a cloud, Vaid diz que a espinha dorsal deve ser resiliente, com software capaz de resolver problemas ligados ao hardware e garantindo soluções de auto-resolução, que estejam disponíveis quando há falhas.
A escalada efetiva para a cloud, conforme diz Vaid, não inclui “redes frágeis, pessoas a responder a alertas ou reações para o cliente, em vez de ser o negócio a dar possibilidades ao cliente.”
Isto, de acordo com a Microsoft, é o que data center software-defined pode trazer para o jogo. “A nossa visão é toda software-defined. Como é que simplificamos a infraestrutura de cloud para que não nos tenhamos de preocupar demasiado com falhas no hardware? A chave para esta visão software-defined é o open source, tanto de hardware como de software”, disse Vaid.
“Todo o hardware dos nossos data centers é open source”, disse. “A ideia é que, ao tornarmos tudo disponível estamos também a estimular o ecossistema onde as pessoas podem trazer as suas próprias ideias para a comunidade e continuar a melhorá-la.”
Mas o problema para a Microsoft é que há, naturalmente, competição. Os concorrentes da Microsoft são provedores de cloud como a Amazon, com o AWS, e o Google, com o Google Cloud Plataform. Mas Vaid não está preocupado com eles.
“A Microsoft é a única companhia que tem uma presença enorme na cloud pública e, ao mesmo tempo, uma presença também grande na cloud empresarial e na cloud pública. A nossa estratégia com o open sourcing é que tenhamos uma plataforma consistente entre os dois mundos, ao fornecer todos os benefícios da nossa cloud pública para os nossos clientes corporativos. Para além disso, quando é preciso distinção nas operações – isso está nos serviços que oferecemos. Azure, Office, Bing é onde está a diferenciação.”
O futuro?
Perguntei a Vaid qual o aspeto dos data centers no futuro. Haverá um data center de algum tipo em cada esquina, como as caixas de fibra? Ou será que o futuro dos data centers está em grandes instalações como o plano de um edifício de grandes dimensões da Apple?
“Será grande”, diz Vaid. “Haverá um grande nível de eficácia que conseguimos com data centers de grande escala, que não se consegue com instalações mais pequenas. Ao mesmo tempo, também é preciso ter centros pequenos perto dos clientes. Acho que não podemos dizer que será isto ou aquilo, acho que será uma combinação de ambos.”
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