O novo ano vai trazer-nos uma nova fase para a Internet das Coisas (IoT) e para as tecnologias conectadas, com especial destaque para “learning machine”, ou aprendizagem automática. Marcus Adae, executivo da Avnet Technology Solutions na região EMEA, diz que “a aprendizagem automática avançada será o passo seguinte para a geração real de valor a partir de dispositivos inteligentes conectados. A combinação da aprendizagem automática e a computação cognitiva com dispositivos inteligentes permitirá que os seres humanos interajam com a tecnologia e o meio ambiente de uma forma surpreendente, o que irá impulsionar a inovação a ritmo desconhecidos”.
Exemplos disso são os carros sem condutor, os drones de entrega e os dispositivos domésticos conectados. “As tecnologias conectadas podem ser úteis em praticamente todos os setores, mas estão a tornar-se cada vez mais populares no campo da logística”, assumiu. Em qualquer caso, salienta que “apenas as empresas que possam demonstrar a inovação no desenvolvimento de soluções que complementam a Internet das Coisas e a aprendizagem automática serão capazes de obter benefícios. E em 2017 vamos ver um aumento significativo no número de iniciativas que exploram este terreno.”
O representante Avnet na EMEA também destacou as tecnologias de mobilidade. “A mobilidade tornou-se um modo de vida e de trabalho, e é um acelerador da adoção da nuvem pelas empresas, permitindo uma abordagem mais flexível para a colaboração, partilha de dados e gestão do tempo. Ao mesmo tempo, a rápida migração dos principais aplicativos para a nuvem, tais como ERP, CRM e outras ferramentas de produtividade, está a acelerar a adoção de soluções móveis, aumentando o trabalhador móvel”. Na opinião deste especialista, o aumento gradual da mobilidade é uma grande oportunidade para as empresas de serviços geridos e de segurança móvel.
A CommVault também assume que mais processos de negócios serão mobilizados durante 2017. Além disso, a empresa afirma que “a informação passa a ser mais importante do que o dispositivo”, concentrando-se mais na informação móvel e relegando para segundo posto as soluções “Mobile Device Management” (MBM) na hora de proteger a mobilidade do utilizador. A CommVault enfatiza a proliferação da colaboração móvel através de “soluções amigáveis que cumprem todos os requisitos de segurança por parte da empresa.”
Entretanto, há o eterno problema das políticas de BYOD, nas quais há que prever a segurança das informações tratadas através de dispositivos pessoais dos trabalhadores, dando prioridade à proteção de informações, ao invés do dispositivo.
A terceira tendência indicada por Adae é a crescente importância da analítica no sector da distribuição. “Estas empresas estão a implementar análise cognitiva e avançada para entender o que os clientes estão a pensar e como motivá-los, ao mesmo tempo que podem dispor das informações necessárias. Os dados são o novo ouro. O valor de colocar a trabalhar os dados para capacitar várias linhas de negócio, desde as operações de marketing passando pelas vendas, permitirá libertar um enorme potencial para muitas empresas”, disse.
Destaca ainda o desenvolvimento da “fábrica inteligente” ou “indústria de 4.0”, altamente sensorizada, onde a analítica será essencial. “Espera-se que contribua para um boom económico, que muitos já começaram a apelidar de 4ª revolução industrial”.
A nuvem é o ponto de partida para a transformação digital das empresas, diz este especialista. “A maneira como a nuvem tem sido adotada vai desde o nascimento de empresas, aproveitando as vantagens deste modelo na mobilidade e o baixo nível de investimento requerido. A nuvem está ainda a ser utilizada pelas empresas que exploram novas formas de conectividade B2B, racionalizando as operações internas e a colaboração”, diz ele.
Assim, recorda, “o novo regulamento geral europeu de proteção de dados, que entrará em vigor em maio de 2018, irá colocar uma grande pressão sobre as empresas para garantir a segurança dos dados armazenados.”
Marcus Adae salienta que “as empresas que se queiram mover rapidamente para a nuvem para poder externalizar essas responsabilidades irão beneficiar de uma infraestrutura de TI de alta qualidade oferecida por empresas que tem muito clara a segurança de dado na nuvem”.
A chegada de vários dispositivos de realidade virtual, tais como Oculus, Samsung Gear VR, VR PlayStation ou HTC Vive, vai trazer várias consequências. A Juniper Research prevê a expansão dos conteúdos de realidade virtual, graças à chegada ao mercado destes dispositivos “high-end” e com a assinatura de parcerias para o desenvolvimento de conteúdos. Isso traduz-se em oportunidades para desenvolvedores de jogos, empresas de conteúdos audiovisuais e para a indústria do turismo.
Além disso, este sector vai evoluir gradualmente. Antonella Orbani, da Kantar Media, disse num artigo que Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, “anunciou que o tamanho dos ‘capacetes’ de realidade virtual será como o dos óculos normais e que irão lidar ao mesmo tempo com a realidade aumentada e virtual.”
Estes dispositivos de realidade virtual têm muito a dizer no domínio dos jogos de vídeo, no qual a Juniper Research destaca a reinvenção das consolas, que começará a tomar forma em 2017. O primeiro sinal da nova geração será o Microsoft Xbox Scorpio, que vai chegar em finais de 2017. Esta nova geração irá fornecer oportunidades quer para os fabricantes de hardware como os desenvolvedores de conteúdo.
“A tecnologia chatbots desenvolve-se nas plataformas de mensagens e esperamos que ganhe particular importância em 2017”, diz Orbani, da Kantar Media. Também a Juniper Research destaca a ascensão da chatbots. Embora diga que a sua implementação está parada no Hemisfério Ocidental, assume que o seu uso está a crescer na Ásia e no Extremo Oriente, com chatbots para ajudar nas tarefas diárias. O seu desenvolvimento vai trazer oportunidades para as empresas na hora de fazer ofertas e interagir com seus clientes através de plataformas de mensagens. E os fornecedores podem aumentar a sua oferta e incorporar novas funcionalidades, mais sofisticadas.
A consultora também antecipa uma dura batalha no ambiente de assistentes virtuais de voz, com a Google (Assistent), a Apple (Siri), a Amazon (Alexa) e a Microsoft (Cortana). Todos eles vão esforçar-se para captar o utilizador com as plataformas mais naturais. E também se abrirá uma nova oportunidade para as receitas de publicidade através de conteúdos patrocinados, de acordo com os interesses do utilizador.
O representante da Kantar Media especifica que as consultas de voz duplicaram em 2015 “à medida que as pesquisas tradicionais da web avançavam para uma abordagem mais coloquial.” Destaca ainda a eficácia das consultas de voz. “Têm 30 vezes mais probabilidade de estarem orientadas à ação que as consultas digitadas. Portanto, podemos esperar que este formato ofereça muitas novas oportunidades para as marcas “, disse.
A Juniper Research tem ainda outras previsões tecnológicas para 2017. O primeiro é a chegada dos eSports ao “mainstream”, devido ao crescimento de estratégias de monetização e o impulso das marcas através de patrocínios de jogadores e eventos. E a sua força pode servir para impulsionar o setor das apostas online.
Também divulgou uma série de tendências relacionadas com o mundo financeiro. Uma delas refere-se ao impacto da nova Diretiva de Serviços de Pagamento (PSD2) da Comissão Europeia, que dará acesso aos prestadores de serviços de pagamentos a terceiros (TPP) à infraestrutura dos bancos. Isto irá aumentar a concorrência e permitirá a entrada de “players” fora do ecossistema bancário – cadeia de distribuição, tecnológicas … – na indústria de pagamentos.
Outra visão da consultora aponta para previsíveis fusões e aquisições de novos serviços bancários que são um desafio ao sector financeiro. A consultora acredita que este ano vamos assistir a aquisições de empresas fintech por entidades tradicionais, bem como fusões ou associações destes com outros prestadores de serviços. Prevê ainda a disrupção na indústria seguradora tradicional, prognosticando que as seguradoras irão destinar cerca de 8% dos rendimentos em projetos digitais e que haverá oportunidades para novas iniciativas “insurtech”. Além disso, espera que a tecnologia “blockchain” se estenda para além das finanças, atingindo contratos inteligentes, registos públicos, gestão de identidades digitais, etc.
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