Netflix torna-se global: serviço disponível em (quase) todo o mundo
A Netflix usou o palco do CES 2016 para supreender o mercado com o anúncio mais ambicioso da sua história: durante a keynote do CEO Reed Hastings e o diretor de conteúdos Ted Sarandos, o serviço chegou a 130 novos países. Um lançamento simultâneo e à escala global, que eleva para 190 o número de territórios onde é possível subscrever o serviço de televisão por streaming.
* em Las Vegas
A cobertura é quase total, com algumas ressalvas: a entrada na China ainda está a ser negociada entre a Netflix e o governo de Pequim, e na Crimeia, Coreia do Norte e Síria não será possível porque as empresas norte-americanas estão proibidas de operar nestes países.
“Hoje, neste momento, estão a assistir ao nascimento de uma rede global de televisão por internet”, declarou o CEO Reed Hastings na keynote. Depois, na conferência de imprensa, fez uma comparação. “O lançamento de hoje é como ter um filho, o trabalho a sério vem nos próximos vinte anos.”
No palco do hotel Venetian, em Las Vegas, a Netflix fez um desfiles de estrelas e conversou com protagonistas das suas produções originais “Narcos” – com o brasileiro Wagner Moura, “Jessica Jones” (Krysten Ritter) e “Chelsea Does” (Chelsea Handler). Aqui está uma das chaves para o sucesso da plataforma, que no último ano disparou o investimento em séries, documentários e filmes próprios. Mas Hastings fez questão de sublinhar que “o conteúdo local é um paradigma antigo, em que só se pode fazer distribuição local.” O que a empresa quer é simples: “produzir localmente e distribuir globalmente.”
Questionado sobre projetos na realidade virtual, o CEO disse que ainda estamos numa fase incipiente do segmento e que, embora seja “bastante fácil colocar a experiência televisiva num aparelho”, não há ainda anúncios a fazer.
Hastings referiu ainda o lançamento recente em Portugal e disse que um dos mercados de maior crescimento é a América Latina, incluindo Brasil, apesar do abrandamento da economia no país. O diretor de conteúdos Ted Sarandos revelou que está em produção uma segunda produção local inteiramente em espanhol, uma espécie de “telenovela topo de gama” e que todos os novos conteúdos serão distribuídos em todo o mundo.
Isto porque algumas das primeiras produções originais foram licenciadas a cadeias de televisão nos países onde a Netflix não operava. Foi o que aconteceu em Portugal, o que obrigou ao lançamento do serviço sem “House of Cards” nem “Orange is the new black.”
Para os fãs de Star Wars, Sarandos indicou que a disponibilização dos episódios da saga está a ser trabalhada com a Disney, com a qual a empresa fez um acordo há três anos. No entanto, tal será possível apenas no mercado norte-americano.
E quanto à possibilidade de cobrir eventos ao vivo, como jogos, Sarandos afastou a hipótese. “A chave é o on demand. Eventos ao vivo é televisão linear, a agregação de grandes audiências ao mesmo tempo.”
Nenhum dos executivos revelou números concretos, mas disseram que não só o número de assinantes está a subir como “as pessoas estão a passar mais horas a ver Netflix.” É o efeito de ‘binge watching’ que a televisão por streaming popularizou.