Com o final do Mobile World Congress, uma coisa ficou clara: a inovação tem pressa e 2015 é o ano do “tudo ao mesmo tempo agora”. Não houve uma tendência única que se destacou, mas correntes paralelas que se definiram bem. Foram mais de 90.000 visitantes 1.900 empresas expositoras, todos tentando mostrar o presente e o futuro das comunicações móveis.
O primeiro ponto notável foi o Galaxy S6, marcando uma postura combativa da Samsung. Depois de perder participação de mercado e a aura de inovação e desejo que a colocava como principal rival da Apple, a sul-coreana decidiu deixar de lado o plástico e a fragilidade dos modelos anteriores (especialmente o S3 e S4) e investiu em materiais de primeira. O resultado é um aparelho de primeira linha, com uma versão com bordas curvas de tela (Edge) e preço igualmente impressionante (a previsão é de mais de R$ 3 mil no Brasil).
A Samsung aproveitou e mostrou sua resposta ao meio de pagamentos da Apple, que tem feito sucesso nos EUA. O Samsung Pay, exclusivo de seus aparelhos, primeiro vai funcionar na Coréia do Sul e nos Estados Unidos, e promete ser mais simples que a, até então, alternativa para Android, o Google Wallet.
Pois poucas horas depois do anúncio da Samsung, o Google revelou o Android Pay, um sistema de pagamentos que pode ser integrado a qualquer app e funciona em qualquer Android. E esse foi o pulo do gato, finalmente um padrão universal e seguro de pagamentos que tem tudo para ser referência na indústria. Agora é ver como – e se – o Android Pay será usado pelos desenvolvedores.
No campo da computação vestível, foram inúmeras as pulseiras inteligentes e os relógios rodando Android apresentados. Pessoalmente, ainda não vejo a real utilidade de um dispositivos desses, que precisa estar atrelado a um smartphone, a não ser como sensor para atividades físicas. Com uma grande variedade no mercado, o consumidor vai decidir se essa é a nova onda. Talvez com um empurrãozinho da Apple, com seu Apple Watch, a coisa deslancha… eu prefiro guardar meu dinheiro para coisas mais legais, como visores de realidade virtual.
E como apareceram visores de realidade virtual no MWC! Essa parece ser a nova fronteira do entretenimento digital, com gigantes como Samsung, Sony, HTC, Google e Facebook experimentando novas tecnologias. Com o conteúdo certo, pode ser uma boa.
A conectividade foi um assunto sério discutido durante o MWC. Além de diversas demonstrações da tecnologia 5G, que atinge velocidades de transmissão impressionantes, o uso de soluções para melhorar a cobertura de sinal, mesclando diversas tecnologias, foi uma das provas que os usuários hoje fazem questão de uma conexão de dados de primeira, não importa se seja na rua ou em lugares fechados, como prédios de escritórios, estádios ou shopping centers. Seja trabalhando ou se divertindo, a conexão perene é um desafio para todos os fabricantes de infraestrutura e às operadoras.
A segurança das redes também foi o foco em Barcelona. Além de ferramentas e soluções para evitar fraudes, foram demonstradas soluções para combater invasões e perda de dados confidenciais. A segurança é uma preocupação que vai desde os sistemas mais básicos que fazem operar os sistemas das operadoras, passa pelas próprias redes e chega até os aparelhos, nas mãos do usuário. Teve até smartphone brasileiro criptografado, que fez o maior sucesso.
A Qualcomm apresentou um novo conceito de computação cognitiva que, pelo menos na teoria, pode mudar nosso relacionamento com a tecnologia nos próximos anos. É o embrião do que pode ser o centro nervoso de um mundo conectado pela Internet das Coisas, onde o smartphone aprende como ajudar melhor seu usuário e interage com as coisas e serviços do seu cotidiano. Imaginem o Jarvis, o computador sapiente do filme Homem de Ferro, em uma escala bem menor… esse é o potencial dessa tecnologia. Se der certo, vai ser um golpe de mestre da Qualcomm. Afinal, quem vai querer “apenas” um smartphone se pode comprar um aparelho que tem um mordomo digital super bacana dentro?
Os aparelhos intermediários, que no Brasil tem como representantes o Moto G e o Zenfone 5, marcaram presença forte, em especial nos lançamentos da Microsoft, com os novos Lumia. É um tremendo filão, pois hoje em dia pouca gente se sente entusiasmada para torrar R$ 3 mil em um aparelho. Se a faixa de preço cai para R$ 800 – R$ 1.200, estamos falando do valor ideal para mercados emergentes (a maioria dos novos consumidores de smartphones). Se o custo-benefício for bom, com tela HD grande, processador e memória decentes, câmera boa e recursos bacanas, o consumidor não só vai responder bem como vai falar bem do aparelho para outros. A Motorola e a Asus já viram isso. Esse é um dos segredos para o sucesso explosivo de Xiaomi e Huawei na Ásia. Me pergunto até quando teremos por aqui aparelhos horríveis, normalmente com nome Gran, Lite, Trend, etc, que diluem a marca principal e entregam tão pouco pelo que custam?
Finalmente, o Brasil teve uma boa presença no MWC, como a B!T mostrou nas entrevistas que conduziu, com especial atenção às empresas que foram mostrar inovação brasileira lá fora. É interessante ver que, além dos brasileiros irem buscar a inovação lá fora, também existe o caminho inverso, empreendedores brasileiros mostrando seu trabalho e trocando experiências com outros empreendedores internacionais. Isso é positivo em todas as esferas.
Para saber mais, confira nossa cobertura completa do Mobile World Congress.
*Escrito em Português do Brasil.
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