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Miguel Almeida: “Somos todos NOS”

A propósito da inauguração do Centro de Convergência e Supervisão da NOS, o CEO Miguel Almeida esteve uns minutos à conversa com jornalistas, deixando algumas indicações interessantes sobre o mercado nacional das comunicações. A possibilidade de haver mais operações de consolidação, a instabilidade na PT e o nível de preços foram alguns dos temas abordados.

A inauguração do novo espaço de supervisão de toda a rede NOS foi um marco importante na consolidação do processo de fusão das duas empresas que a originaram e, como tal, era o momento exato para Miguel Almeida avaliar o atual estado de coisas neste mercado.

O líder na NOS defendeu que existe ainda espaço para mais fusões: “já não é muito mas ainda existe e seria benéfico para os consumidores. Embora já não haja muito caminho a percorrer, devido aos níveis de concorrência necessários, ainda há algum”. A este nível, Miguel Almeida referiu-se ainda ao acordo entre PT e Vodafone que não sendo, obviamente, uma fusão, permite às duas empresas partilharem as suas redes de fibra. O gestor mostrou-se satisfeito dizendo que “enche-nos de orgulho porque é sinal que estão preocupados connosco e com o nosso projeto”.

Mas independentemente deste sinal, Miguel Almeida não acredita que a PT esteja mais fraca, apesar da “turbulência” dos últimos tempos com as questões levantadas pela ligação aos problemas no Grupo Espírito Santo e com a própria fusão com a Oi, preferindo uma visão mais operacional do momento e referindo que a empresa “tem bons gestores e profissionais que a mantêm a funcionar” sem que se note qualquer problema.

Mostrando ambição, não deixou de referir que à NOS interessa que os concorrentes estejam fortes para que o mercado se mantenha competitivo. E quando se fala de concorrência, não podemos esquecer o preço. O CEO da NOS está consciente que ainda pode haver reduções “como se tem demonstrado”, mas lembrou que “os consumidores portugueses beneficiam dos preços mais baixos da Europa” sendo que a qualidade das redes é das melhores. Na opinião de Miguel Almeida, a baixa de preços poderá não ser desejável para os próprios consumidores a longo prazo. “É um enorme ponto de interrogação”, disse.

Um assunto polémico tem sido o serviço universal. Recode-se que a NOS destronou a PT após a realização do concurso público a que o Estado foi obrigado pelo Tribunal Europeu uma vez que inicialmente o tinha adjudicado à PT sem este pressuposto. Mas existe um valor de 66,8 milhões de euros reclamado pela PT na sequência de uma decisão da Anacom para compensar a operadora pelos custos que teve com o serviço universal. Miguel Almeida não quis acrescentar muito mais à posição oficial da NOS mas foi claro: “gostamos de pagar as nossas dívidas mas não vamos pagar o que não devemos”.

Razão de regozijo para o responsável pelo projeto NOS é o fato de a fusão ter criado o único player do mercado que mantém o centro de decisão em Portugal. Reconhecendo que as empresas e o capital “não têm lar”, não deixou de referir que “seria ingénuo pensar que é a mesma coisa ter a capacidade de decidir sobe investimentos quando o centro de decisão está em Lisboa ou não está”.

Já sobre a expansão para o mercado internacional, a NOS está, para já, muito satisfeita em relação à parceria com a Zap que tem tido níveis de crescimento notáveis mas para além disso, não há novos projetos em vista. Ou, pelo menos, nas palavras do próprio: “não há nada para partilhar”.

Finalmente, Miguel Almeida, deixa ainda a convicção de que, na NOS, já ninguém se lembra se veio da Zon ou da Optimus: “Somos todos NOS”.

Bruno Ribeiro

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