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Mercado das TI volta a crescer após cinco anos de quebra [atualizado com vídeo]

A IDC começa o dia com boas notícias para o mundo das Tecnologias da Informação. Após cinco anos de quebra, a consultora aponta que a despesa de TI em 2014 vai ultrapassar os 3,25 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de 0,9% relativamente a 2013. No entanto, e apesar deste crescimento ao nível das TI, os serviços de comunicação continuarão a decrescer em Portugal. “Vai haver uma inversão clara nas intenções de investimento”, garantiu na abertura Gabriel Coimbra, diretor-geral da IDC.

No Predictions 2014, que está a decorrer no Hotel Pestana Palace, em Lisboa, a IDC apresentou um conjunto de previsões para a evolução do setor das TIC em Portugal entre as quais a expressa preocupação dos responsáveis na melhoria da eficiência operacional das organizações. E apesar da redução de custos ainda permanecer como a segunda principal preocupação das organizações nacionais. Fatores como a inovação de produtos e serviços, a atração e retenção de clientes e a expansão para novas geografias aparecem no topo das prioridades de negócio.

Adoção de serviços cloud computing, conclusão de projetos de Big Data & Analítica de negócio são ainda outras das tendências.

Em termos globais, o mercado das TI vai crescer, segundo a IDC, 5% com os mercados dos países emergentes a voltarem a registar crescimentos de dois dígitos, enquanto a Europa Ocidental vai registar crescimentos de apenas 3,3%. Portugal centrar-se-á nos há referidos 0,9%.

Para o mercado nacional a IDC preconiza que as empresas tecnológicas nacionais vão continuar os processos de internacionalização de forma a ganhar escala, assim como as tecnológicas internacionais com presença no nosso país vão continuar a procurar novas fontes de receita para além do mercado interno.

Enquanto os mercados associados à 2ª plataforma vão apresentar um crescimento de 0,7% em termos mundiais e uma quebra de quase 5% em Portugal, os mercados ligados à 3ª plataforma, ou seja, ligados a mobilidade, aos serviços cloud, às tecnologias sociais e de Big Data, vão crescer mais de 15% a nível mundial e em Portugal. Neste contexto continuaremos a assistir a uma forte transformação das empresas tecnológicas, nacionais e multinacionais, e dos seus respetivos canais de distribuição de forma a adequarem as suas ofertas e modelos de delivery. Alguns exemplos de projetos com base nas tecnologias da 3ª plataforma que a IDC prevê para Portugal são:

No setor financeiro a IDC espera fortes investimentos em soluções móveis e de omnicanal de forma a melhorar o relacionamento com clientes, assim como em soluções de Big Data & Analítica devido à necessidade de conformidade regulamentar – Basileia II, Solvência –, e de reporting para aumentar a eficiência e eficácia operacional.

No retalho, a IDC prevê que em 2014 haja um desenvolvimento mais consistente das soluções de omnicanal com base no eCommerce, Redes Sociais, Mobile Commerce e a integração com as lojas físicas.

No setor industrial, para além de uma série de soluções com base na cloud que permitam uma maior inteligência da cadeia de valor, e tal como no retalho, a IDC prevê um aumento do interesse em soluções de Big Data e Social Business que permitam entender de forma mais concreta as tendências ao nível da procura por parte dos clientes. Nos setores como as Telecomunicações, Saúde, Utilities e Energia, a IDC prevê diversos projetos com base em tecnologias da 3ª plataforma.

A IDC prevê que em 2014 sejam vendidos quase 2,5 mil milhões de smartphones em Portugal, mais 12% do que em 2013. Para além das vendas de Smartphones, em 2013 já foram adquiridos mais tablets do que PCs, mais concretamente 637 mil contra 627 mil, o que significa crescimentos de 79% e -18% respetivamente. Em 2014 a IDC prevê um crescimento de 17% para os tablets e -8% para os PCs. Apesar da transformação verificada nos últimos anos, a grande mudança ainda está por vir. Em 2017, a IDC prevê que sejam vendidos em Portugal o dobro de Tablets quando comparado com os PCs (1,1 milhões contra 0,55 milhões de PC).

Apesar do primeiro impacto ser ao nível do consumo, a IDC verificou num recente inquérito ao mercado empresarial nacional que mais de 50% das organizações pretende aumentar o investimento em soluções móveis para suporte aos colaboradores, com o objetivo de aumentar a produtividade e conferir maior flexibilidade, e para suporte aos clientes, com o objetivo de melhorar o serviço a clientes.

A IDC prevê que mais de 50% das médias e grandes organizações nacionais vão utilizar os serviços cloud em 2014. O valor do mercado deverá crescer mais de 20% em todo o mundo e quase 30% em Portugal, o que significa que, apesar de ainda ser pequeno, o mercado de Cloud Pública e Privada em Portugal atingirá os 90 milhões de Euros em 2014. À semelhança do que acontece nas economias mais desenvolvidas, num recente inquérito levado a cabo pela IDC em Portugal pode verificar-se que no caso de novos projetos, mais de 50% das organizações nacionais vai avaliar em primeiro lugar as ofertas cloud computing disponíveis no território nacional. Por outro lado, a IDC prevê que os operadores de telecomunicações ganhem relevância com a cloud, principalmente em Portugal devido às restrições legais e regulamentares ligadas a privacidade e segurança. Mais concretamente, a IDC estima que em termos mundiais os operadores vão representar 25% das vendas de servidores em 2014, e 75% em 2017.

Apesar de residirem na cloud, as soluções de cloud computing, de mobilidade, sociais e de Big Data e analítica de negócio continuam dependentes de centros de dados físicos. E neste contexto assistimos a transformações em curso na fundação dos centros de dados com o objetivo de suportar as tecnologias da 3ª plataforma. No território nacional, a generalidade das grandes e médias organizações estão em fase de conclusão dos projetos de consolidação e de virtualização da infraestrutura tecnológica, assim como iniciaram um ciclo de renovação desta infraestrutura com o objetivo de integrar estas novas tecnologias com a infraestrutura existente. E, neste contexto, os fornecedores de serviços de cloud computing vão ter um papel fundamental nesta transformação, nomeadamente através da disponibilidade de serviços de “hosting” de clouds privadas que poderão auxiliar as organizações na transição para esta nova arquitetura de computação.

A IDC prevê que, em 2014, a dimensão do “Universo Digital” — toda a informação digitalizada, criada, replicada e consumida no período de um ano — vai continuar a crescer a um ritmo de 50% ao ano até ultrapassar 6ZB (6 triliões de terabytes), impulsionado pela explosão dos equipamentos móveis, aplicações sociais e pela Internet das Coisas.

No território nacional a IDC prevê que o universo digital cresça mais de 50% em 2014 e que cerca de 25% das grandes organizações em Portugal desenvolvam projetos de Big Data e mais de 60% utilize ferramentas de analítica de negócio. Grande parte destes projetos deverão ser iniciados pelo departamento de Marketing e Financeiro.

A IDC prevê que em 2014 mais de 35% das empresas da Fortune 500 terão soluções integradas de social business, sendo que em 2017 esta proporção será de 80%. Em Portugal, onde existem cerca de 4,7 milhões de utilizadores do Facebook, apenas para citar a maior rede social, a IDC prevê que as organizações nacionais comecem a equacionar seriamente a utilização de ferramentas integradas de social business nos seus processos de negócio. Num recente inquérito da IDC em Portugal, verifica-se que a estratégia da maioria das organizações nacionais já contempla a utilização de redes sociais e apenas 30% das organizações não tem planos para adotar. Aumentar a notoriedade da empresa ou da marca e comunicar com clientes são as principais razões apontadas pelas organizações nacionais para a utilização das redes sociais.

Áreas de negócio, marketing e vendas passam a influenciar grande parte do investimento em TI das organizações nacionais (mais de 50%). O efeito conjugado da internacionalização das atividades e do crescente foco no cliente veio relançar o interesse pelas aplicações de negócio no território nacional (ERP, CRM, entre outras). Neste contexto de modernização e inovação, os responsáveis de negócio vão exigir soluções que permitam não uma rápida implementação e flexibilidade, mas que permitam também às empresas retirarem partido de um mercado cada vez mais global e digital.

Em 2020, deverão existir mais de 50 mil milhões de equipamentos ligados à Internet, equivalente a cerca de 7 equipamentos por cada pessoa no planeta. No território nacional, as estimativas apontam para mais de 68 milhões de equipamentos ligados em rede em 2020.

Apesar de ainda ser um mercado em fase inicial, a IDC verifica que algumas das organizações nacionais já procederam à implementação de soluções M2M. Em Portugal, e num recente estudo da IDC, foram contabilizados mais de 600 mil cartões SIM em soluções M2M. Os terminais de pagamento, a segurança física das instalações e o rastreamento de veículos são as soluções com maior adoção no território nacional. Mas a IDC acredita que o potencial de crescimento é muito maior, basta olhar para alguns indicadores de equipamentos que podem criar valor ao estarem ligados em rede, como por exemplo os cerca de 10 milhões de contadores de água, luz e de gás natural, os cerca de 4 milhões de candeeiros de iluminação pública, as mais de 700 mil máquinas de vending, e os milhões de veículos em circulação, isto apenas para citar alguns.

Em baixo, pode ver a entrevista a Gabriel Coimbra, CEO da IDC, assim como algumas opiniões de empresas presentes no IDC Predictions.

 

Susana Marvão

Jornalista especializada em TIC desde 2000, é fã incondicional de todo o tipo de super-heróis e da saga Star Wars. É apaixonada pelo impacto que as tecnologias têm nas empresas.

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