“Numa altura em que a digitalização, a robótica e a Inteligência Artificial estão a provocar alterações nos modelos de negócio tradicionais, é tentador para gestores executivos focarem-se na tecnologia enquanto solução que garanta a competitividade das suas organizações, remetendo para segundo plano a componente humana”, afirma Tiago Borges, Business Leader de Career da Mercer Portugal.
No entanto, o executivo sublinha que “o crescimento assenta no compromisso e na atribuição de maior responsabilidade da força de trabalho atual, com recurso a metodologias que estamos agora a descobrir. São necessários colaboradores que possuam as competências certas para o desenvolvimento de soluções inovadoras que potenciam não só o desenvolvimento da empresa, mas também o próprio desenvolvimento pessoal.”
Este estudo da Mercer partilha informações que têm por base mais de 7000 respostas e compara a visão dos executivos de topo, dos líderes de RH e dos colaboradores de várias organizações de todo o Mundo. O relatório avalia as grandes desigualdades que existem ao nível do alinhamento, identifica várias faltas de ligação críticas face à mudança e oferece algumas recomendações para as empresas conseguirem crescer.
Apesquisa refere que apesar da existência de planos de transformação em curso nas organizações, o facto de a maior parte dos responsáveis de RH não considerarem prioritário para 2017 a reorganização de funções e da estrutura funcional da sua organização. O estudo aponta que os líderes de RH estão mais focados no desenvolvimento das capacidades dos colaboradores, enquanto que os objetivos dos executivos de topo privilegiam a mudança dos ambientes de trabalho.
Adicionalmente, apesar de 70% dos líderes de RH mostrarem confiança nos processos de gestão de talentos que têm em curso, os colaboradores continuam à procura de novas oportunidades noutras organizações. Mais de um terço dos colaboradores (34%) admitem que planeiam abandonar, nos próximos 12 meses, a empresa onde trabalham atualmente, apesar de estarem satisfeitos com a mesma.
Os dados são igualmente preocupantes no caso dos colaboradores que não planeiam abandonar o seu atual cargo e que indicam que se sentem menos “motivados” e, como tal, menos propensos a desenvolverem a sua carreira num ambiente de trabalho colaborativo e inovador. Cerca de 43% dos executivos entrevistados vêm esta escassez de talento e o aumento da concorrência pelo talento como uma forte preocupação, comparativamente com apenas 34% dos responsáveis de RH.
“As organizações precisam de colocar como prioritária a cultura da agilidade para se manterem sempre na linha da frente das tendências de mercado, que estão permanentemente em rápida mudança”, refere Tiago Borges. “As empresas que fortalecerem e incentivarem as suas pessoas – preparando-as para o desconhecido, reduzindo os riscos e ajudando-as a crescer no trabalho – serão mais bem-sucedidos na criação de uma empresa ágil e de sucesso.”
Apesar de praticamente todos os colaboradores (97%) indicarem que querem ser reconhecidos e recompensados por contribuições e desempenho acima do expectável, pouco mais de metade admite que a sua empresa assume práticas adequadas nesta matéria. Vale a pena sublinhar ainda que uma remuneração justa e competitiva foi colocada no topo da tabela dos colaboradores, quando questionados sobre o elemento que teria um impacto positivo na sua situação profissional, mas a remuneração foi colocada no fundo da lista de prioridades dos líderes de RH
Além da flexibilidade, a personalização é igualmente essencial para criar uma experiência única para os colaboradores. Menos de metade (49%) dos colaboradores afirma que a sua empresa é sensível aos seus interesses e às suas competências específicas, e 53% dos inquiridos querem que a sua empresa aumente a aposta na adequação ao indivíduo e ajude os colaboradores a investirem neles mesmos.
“As pessoas estão a trazer para o local de trabalho um conjunto de expectativas aproximadas aos dos consumidores, uma vez que é desta forma que eles lidam com praticamente tudo o que acontece no seu dia-a-dia”, realça Tiago Borges. “Esta situação cria um ambiente mais autêntico, no qual os colaboradores podem destacar-se. Quando feito da forma correta, não surge como uma personalização, apenas como uma grande experiência.”
O 2017 Global Talent Trends Study da Mercer, que analisa as principais tendências que influenciam hoje a força de trabalho e a forma como as organizações estão a responder a esta mudança, resume as quatro tendências que estão a redefinir as previsões para este ano: foco no crescimento: os gestores de topo estão a alterar as suas prioridades para promoverem o crescimento; relevância da informação: as métricas terão um papel essencial para as organizações ganharem a “guerra” pelo talento; mudança do que é valorizado: reconhecer o que é mais importante para os funcionários e personalização: Foco contínuo numa maior personalização e flexibilidade.
O estudo teve como base as respostas dadas por mais de 1700 profissionais de RH, 5400 funcionários, e 400 executivos de 37 países e 20 setores industriais.
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