Lenovo regista primeiros prejuízos em seis anos

A explicação para o mau desempenho da Lenovo, que é a maior fabricantes mundial de computadores, está na queda das vendas dos seus smartphones e também no impacto de custos excepcionais, relacionados com as aquisições da Motorola e do braço de servidores de baixa gama da IBM.

As receitas anuais caíram 3% para 40,2 mil milhões de euros, afetadas também pelas flutuações cambiais (teriam crescido 3% a taxas de câmbio constantes), mas a pior performance foi no quarto trimestre – um recuo de 19%.

Além dos custos de aquisição, outro motivo para a pressão sobre os lucros foi o custo adicional de 827 milhões de euros relacionado com a reestruturação de unidades de negócio e redução de inventários.

“Estes resultados mostram que os esforços de integração não foram ao encontro das expectativas”, admitiu o CEO da Lenovo, Yang Yuanqing, no comunicado enviado à Hong Kong Stock Exchange, citado pela Reuters. O executivo apontou para um declínio de 85% nas vendas de smartphones na China. No entanto, Yuanqing afirmou que a empresa não se arrepende de ter comprado a Motorola à Google em 2014, porque lhes deu uma presença no mercado global.

No entanto, vários analistas duvidam que seja possível dar a volta a este negócio, tendo em conta as previsões de estagnação e a concorrência agressiva em mercados emergentes como o Brasil e a Índia.

Outro problema é que o mercado de computadores está deprimido. As vendas da Lenovo neste segmento (o que tem maior peso) caíram 7% no último trimestre, enquanto o mercado global derrapou 9,6% , segundo a Gartner.

As ações da gigante chinesa estão a refletir o panorama negativo, aproximando-se de mínimos de cinco anos. É nesse contexto que a Lenovo pondera voltar a cotar-se na China.

“Temos procurado maneiras de aumentar o valor para os accionistas”, referiu o presidente e diretor financeiro Wong Wai Ming. “Cotar noutro mercado financeiro é uma opção, e a China é um bom mercado.”

Ana Rita Guerra

Jornalista de economia e tecnologia há mais de dez anos, interessa-se pelas ideias disruptivas que estão a mudar a forma como se consome e se trabalha. Vive em Los Angeles e tem um gosto especial por startups, música, papas de aveia e kickboxing.

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