Noboru Nakatani, diretor executivo do Global Complex for Innovation da INTERPOL, não tem qualquer dúvida. Aconteceu o primeiro assalto cibernético a um banco. Neste caso, a bancos. Apenas não envolveu uma arma nem homens encapuzados. Usou algo muito mais potente: a Internet.
A Kaspersky já tinha avançado ontem com a notícia. Mais de mil milhões de dólares foram roubados durante dois anos, procedentes de instituições financeiras de todo o mundo, pelo Carbanak, um grupo criminoso que usou um esquema que muito provavelmente marca o início de uma nova etapa na evolução da atividade cibercriminosa: os hackers roubam dinheiro diretamente dos bancos, evitando chegar aos utilizadores finais. “Há criminosos que antes trabalhavam no mundo físico e que estão a passar para o virtual. Porque o espaço cibernético é muito mais lucrativo e as hipóteses de serem presos são muito menores”, disse este responsável em declarações à B!T.
Para Nakatani, Carbanak representa uma inovação do cibercrime, precisamente porque rouba dinheiro diretamente às instituições. “A motivação do crime não mudou. Eles querem dinheiro. Sempre mais dinheiro e da forma mais simples possível”. Aliás, para este diretor executivo da INTERPOL, este não é mais do que um assalto cibernético a um banco. “É isto que é o Carbanak. Antes, os assaltos faziam-se pegando numa arma, indo até a uma instituição bancária, ameaçando as pessoas, pegar em dinheiro e fugir. Cada minuto que os ladrões ficassem no banco aumentava a possibilidade de serem presos…”
Os números são curiosos de analisar. Em 1992, as tentativas de assalto a bancos no Reino Unido era de 847. Em 2007, esse valor foi de… 56. Já no Japão, em 1992, o número de roubos foi de aproximadamente 120. Um valor que em 2007 baixou para 38. “É verdade que os assaltos a bancos, físicos, baixou consideravelmente. Mas… o montante de dinheiro roubado tem vindo a aumentar consideravelmente. Em 2013, a fraude bancária online foi de 10 milhões de dólares. O ano passado esse valor mais do que dobrou para os 25 mil milhões”.
No entanto, diz Noboru Nakatani, estes foram roubados pelo sistema “tradicional” de roubo online. Ou seja, o dinheiro é obtido através das contas dos clientes. “Roubam identidades, passaportes e usam-nos. Mas deste vez atacaram diretamente o banco. Roubaram o dinheiro diretamente do sistema do banco. Por isso digo que é um assalto cibernético a bancos. É uma inovação no assalto a instituições bancárias e é incrível”.
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