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Insights-as-a-Service: Dar (ainda) mais poder aos dados empresariais

Estamos fartinhos de ouvir dizer que a informação é poder. E nunca tivemos entre mãos tantos dados como temos hoje. Aliás, qualquer empresa de tamanho médio ou grande tem um volume insano de informação disponível.

Na era do Big Data, o grande problema é mesmo a obtenção de valor de todos os dados que se estão a recolher. Usá-los bem será fundamental para que, hoje e mais no futuro, uma empresa se diferencie dos concorrentes. O futuro está na combinação de dados estruturados e não estruturados que, quando analisados, geram um profundo conhecimento ou entendimento dos mesmos, o que levará a uma melhor tomada de decisão. No entanto, um estudo realizado pela IBM Business Tech Trends adverte que apenas uma em cada cinco empresas têm competências suficientes para recolher e usar esse conhecimento profundo e as previsões de forma eficaz.

Se a nossa própria empresa não é capaz de fazê-lo sozinho, a resposta é, claramente, o outsourcing. Um tema que temos vindo sucessivamente a explorar. A consultora IDC estimava há um par de anos que mais de 70% das grandes corporações já estaria a comprar dados externos. E previa que até 2019 todos elas o fariam. Se se pode aceder assim aos dados, por que não fazê-lo também com a analítica dos mesmos? A resposta parece ser, hoje, o Insight-as-a-Service (IaaS).

Mercado em expansão

As empresas já perceberam que extrair informações úteis a partir de dados é um investimento muito alto, de recursos humanos que poderiam ser destinados ao “centro” da sua atividade material e desviando. Tais serviços e oferecer uma solução ideal a um custo razoável, de modo que a demanda está crescendo.

A MarketsandMarkets indica que o mercado de Insight-as-a-Service gerou o ano passado uma receita de 1.160 mil milhões de dólares. E espera que este número cresça a uma média de 23,5% ao ano, atingindo os 3,330 milhões em 2021. O motor deste crescimento é a necessidade de melhorar a satisfação do cliente e o desempenho operacional.

De acordo com um estudo da KDNuggets, as empresas estão a canalizar cerca de 15% dos seus investimentos em TI para Insights-as-a-Service e outras ofertas baseadas em nuvem. E prevê que o investimento aumente para 35% no ano de 2021. Indica ainda que cerca de 50% dos dados de todas as organizações já estão na nuvem. Prevê também que o mercado de Big Data e Insights-as-a-Service será superior a 88 mil milhões de euros em 2021.

A pesquisa também revela que as indústrias que mais irão utilizar Insights-as-a-Service e outras soluções de Software-as-a-Service (SaaS) são o mundo dos negócios, finanças, retalhistas, meios de comunicação e telecomunicações.

Há que ter em mente que o crescimento de Insights-as-a-Service acompanha o de SaaS, do qual se “alimenta”. A este respeito, o relatório ““Global SaaS Market – Procurement Market Intelligence Report 2017-2021’”, elaborado pela Research and Markets, indica que o mercado global de SaaS vai crescer, em média, 8% durante o período 2017-2021.

O que é Insight-as-a-Service?

“Insight” não é um termo fácil de traduzir para a nossa língua, pelo menos neste contexto. Pode ser entendida como um profundo entendimento ou conhecimento levando a perspetivas ou previsões. O que não é fácil de colocar em quatro palavras, como o inglês, fazendo com que habitualmente simplesmente não se traduza, pelo menos está assim generalizado na indústria de Tecnologias de Informação em Portugal. Mas não somos os únicos. Os vizinhos espanhóis, hábeis em traduzir quase tudo, também neste caso optaram por utilizar o nome original.

Assim, o Insight-as-a-Service consistiria de um serviço na nuvem que não só permite uma visão da empresa a partir de informações úteis, mas também ajuda na conceção de uma estratégia para traduzir esse conhecimento na consecução dos objetivos de negócios.

Ou seja, permite criar planos de ação concretos. Este é o elemento diferencial em relação às soluções SaaS, que apenas fornecem informações e análises. Por exemplo, a aplicação da análise preditiva permite que a empresa avalie a sua base de clientes para determinar a sua propensão para a rotatividade. Insight-as-a-Service iria um passo além, agindo sobre as perspetivas, permitindo identificar automaticamente os clientes, onde é preciso concentrar-se e ajuda a evitar o desgaste com medidas adequadas, tais como decidir o orçamento de marketing que deve ser atribuído a cada conjunto de ações.

Basicamente, supõe transitar da mera acumulação de dados e da sua interpretação para a geração de um entendimento dos mesmos, um profundo conhecimento, que oriente a tomada de decisões concretas. E este é o fator que irá impulsionar o crescimento das empresas concorrentes no mesmo setor.

De acordo com o estudo “Inside the Mind of Generation D”, desenvolvido pela IBM Center for Applied Insights, as empresas que tiram proveito das fontes de dados estruturados e não estruturados e utilizam a analítica prescritiva apresentam um melhor desempenho e eficiência. Aliás, são nove vezes mais eficientes na penetração em novos mercados, sete vezes mais eficazes no desenvolvimento de novas fontes de receita e três vezes mais eficientes nas suas operações.

Além disso, a Capgemini enfatiza que uma das vantagens do insight-as-a-Service é que se tratam de soluções seguras e escaláveis, tanto para cima e para baixo, pelo que se podem testar rapidamente novos dados analíticos e cenários prováveis, sem necessidade de enfrentar um investimento de capital significativo.

A KDNuggets especifica que Insight-as-a-Service pode ser oferecido de várias maneiras. Primeiro, como um serviço de análise comparativa, ajudando as empresas a comparar o seu negócio com os rivais ou colegas que tenham contratado o mesmo provedor de SaaS. Além disso, também pode ser oferecido como serviços para melhorar os processos de negócios baseados no uso de aplicações SaaS. Por exemplo, para reduzir o orçamento em palavras-chave de busca.

Variedade de dados

As soluções de Insights-as-a-Service são inúteis se não forem alimentadas com dados, que podem vir de várias fontes, como explica a KDNuggets. A primeira fonte é encontrada nos dados da própria empresa, armazenados pela companhia em aplicativos SaaS. Incluem-se aqui os dados financeiros e resultados, detalhes dos funcionários, o desempenho de palavras-chave, informações sobre os processos de negócios, etc.

Também se podem aproveitar os dados de uso, capturados durante a utilização de aplicações SaaS. Assim, cada vez que o utilizador aceder a um módulo, usar, configurar ou excluir, estes dados são capturados em um formato web compatível. Por exemplo, o uso frequente de alguns campos numa aplicação pode ser uma informação relevante.

Finalmente, pode tirar-se vantagem de dados recolhidos de terceiros, tais como o LinkedIn, Facebook, YouTube, Twitter, Tumblr, Flickr … A combinação destes dados com os mencionados anteriormente, permitem chegar a um conhecimento mais profundo e relevante.

Susana Marvão

Jornalista especializada em TIC desde 2000, é fã incondicional de todo o tipo de super-heróis e da saga Star Wars. É apaixonada pelo impacto que as tecnologias têm nas empresas.

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