*em Las Vegas
Os casos que a gigante norte-americana apresentou no segundo dia de IBM Edge são fascinantes. Donna Dillenberger, IBM Fellow de Enterprise Solutions e Research, subiu ao palco para explicar como a companhia está a usar uma versão muito diferente de blockchain para resolver problemas internos. Olhando para o futuro, esta versão mostra o incrível potencial da tecnologia.
“O Blockchain é um software que fornece uma base de dados para todas as partes envolvidas. Quando uma parte insere um registo no blockchain, este devolve um protocolo de validação, e uma vez que esteja validado, esse registo é propagado em todas as instâncias”, sintetizou Donna. “Aqui está o interessante: quando se insere um registo no blockchain, nenhum utilizador pode apagá-lo ou modificá-lo. Então temos o poder da confiança em nódulos distribuídos e a registar a informação.”
Num momento em que a IBM está a fazer tudo para mudar a percepção do mercado sobre a sua filosofia – agora que é acérrima defensora dos sistemas de código aberto – o blockchain faz parte desse novo legado.
Eis como: a empresa tem 4 mil fornecedores e parceiros em todo o mundo, e todos os anos tem cerca de 2,5 mil disputas com eles. Um diz que enviou uma fatura, mas não foi aprovada pela companhia; outro indica que enviou um componente, mas a IBM não recebeu. “Temos 100 milhões de dólares suspensos na nossa cadeia de valor. Isto leva, em média, 44 dias para resolver e cada disputa ronda os 31 mil dólares”, revelou Donna Dillenberger.
O que a IBM está a fazer é levar tudo isso para o blockchain. “Estamos a pedir aos nossos parceiros e fornecedores que insiram o registo da transação no blockchain, nós também o faremos quando estiver aprovado. Assim, todos podem consultar o blockchain e ver qual o estado do processo.” O resultado disto é que o número de disputas já está a começar a diminuir.
Esta aplicação da IBM foi construída em cima do blockchain open source Hyperledger, algo que nem existia há pouco tempo. “No ano passado, usávamos blockchains derivados de bitcoins”, contou Donna, falando de várias aplicações desenhadas com clientes em vários setores. Só que estes pediram funcionalidades adicionais. “Queriam que os dados fossem criptografados e tivessem uma política de controlo de acessos. Para além de que queriam assinaturas digitais, queriam ver o pedigree dos dados.”
O projeto Hyperledger, cujo código foi doado em dezembro de 2015, permite que as pessoas assinem digitalmente os dados. É, por isso, diferente da bitcoin. “Podemos configurar para ser público, anónimo, e sem assinatura, ou então com dados cifrados, com políticas de controlo”, explicou a executiva. “O código tornou-se um dos projetos open source mais populares da história”, comemorou.
E o que a IBM ganha com tudo isso? Naturalmente, há uma parte de negócio associada. O código pode ser utilizado em laptops, em centros de dados das empresa ou, é claro, na nuvem da IBM. No mês passado, a empresa anunciou uma nuvem blockchain a que chama a “mais segura da indústria.” Inclusive construiu hardware específico para essa nuvem, baseado no servidor LinuxOne.
“A web tornou-se tão popular porque nos permitiu partilhar informação. Agora, o blockchain está a tornar-se popular porque permite que essa informação tenha pedigree”, afirmou a investigadora.
Certo é que a tecnologia é promissora, e vários setores estão a tirar partido dela: programando aplicações para seguradoras e companhias financeiras, para saúde ou para partilhar informação e registar a transferência de ativos, e a posse dos mesmos.
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