Hacker perdoado por serviços prestados ao governo
Como aquele que se arrepende é merecedor do perdão alheio, um antigo hacker da infame organização cibercriminosa Anonymous foi colocado em liberdade depois de ter ajudado as autoridades federais norte-americanas a prevenir cerca de três centenas de ataques informáticos às redes governamentais.
A juíza distrital Loretta Preska enalteceu ontem, num tribunal federal em Manhattan, a “extraordinária assistência” dada por Hector Monsegur ao governo norte-americano, alegando que a pena já cumprida era suficiente. Ela elogiou ainda a prontidão com que o criminoso cibernético aquiesceu em cooperar com as forças federais, depois de ter sido confrontado com acusações de práticas ilícitas (o que, pensando bem, não se constitui como uma atitude surpreendente).
Sob o pseudónimo digital Sabu, o líder do grupo LulzSec e membro do Internet Feds, ambas organizações de crime cibernético afiliadas a Anonymous, esteve envolvido em múltiplas investidas a infraestruturas informáticas, nomeadamente às redes da Nintendo e às da Fox Television, que resultou no furto de informação confidencial de mais de 70 milhares de eventuais concorrentes no programa “X-Factor”.
Os grupos atacaram também a rede computacional da Sony, o Serviço Nacional de Saúde britânico, a Polícia Estadual do Arizona e a empresa de segurança eletrónica HBGary.
Resta-nos então questionar se o auxílio dispensado por Monsegur, não fruto de uma generosidade inata, mas de um básico instinto de auto-preservação, compensa, com efeito, todos os crimes que cometeu, todos os danos que causou, quer em termos monetários, quer em termos pessoais.