Os últimos anos foram muito difíceis para a Europa. Como é que a EMC fez negócios no continente?
Nicolas Leblanc: Na verdade, conseguimos crescer, mesmo nas economias mais desafiantes. Apesar dos riscos e da crise na zona euro, o negócio cresceu, expandimos o nosso portfólio e ganhámos novos clientes. Por exemplo, em Portugal, tivemos um crescimento fantástico, tanto em 2013 como em 2014. E esperamos dizer o mesmo em relação a 2015. Estamos sempre focados em aproximarmo-nos dos nossos clientes e parceiros, algo que compensa muito. Nesse sentido, estamos a alavancar o portfólio inteiro da federação EMC com o objetivo de expandir as nossas conversações a nível da administração das empresas.
No final de contas, é a agilidade que faz o negócio investir continuamente nas TI?
Nicolas Leblanc: Antes de mais, em termos de custo, muitas vezes a melhor opção passa por investir em novas tecnologias em vez de manter as existentes. Assim, ao aceder às infraestruturas, ao data center, a tudo aquilo que é TI numa empresa, é possível encontrar lugar para novas tecnologias, como armazenamento flash, gestão e automação e fazer reduzir custos. Isto em vez de “deixar as luzes acesas” para influenciar os resultados do negócio e, sem dúvida, os gastos com nova tecnologia. Isto tem impacto. Atualmente, no nosso portfólio está a ajudar-nos a chegar a novos tipos de clientes. Em particular, temos investido no sector público em Portugal, porque acreditamos que há necessidades que têm de ser acedidas. É preciso adotar um modelo de negócio de cloud híbrida para desenvolver novos serviços não só para a administração, mas também para os cidadãos. Acreditamos que em Portugal vamos conseguir alavancar pessoas formadas e competentes a um custo mais baixo. Por exemplo, há data centers que têm sido construídos fora da Europa por parceiros ou fornecedores de serviços que estão ansiosos para regressar para países que têm pessoas qualificadas. Acreditamos que isto pode levar algum investimento para Portugal.
O mercado europeu percebeu o conceito da federação EMC?
Nicolas Leblanc: Sem dúvida que sim. Na minha opinião, há uma disponibilidade para receber a cloud. Há três anos, todo a gente falava de soluções cloud, mas ainda não era nada muito concreto. Atualmente, é possível perceber que, quer seja uma infraestrutura mix-and-match quer seja uma infraestrutura convergente, todos os clientes compram e constroem soluções de cloud híbrida, tanto dentro como fora da empresa, dependendo da carga de trabalho, e de uma forma completamente segura e protegida. Assim, é possível jogar com a capacidade e o desempenho, com a proteção online e as soluções de arquivo. Mas, no final de contas, aquilo que é importante é consolidar, virtualizar, automatizar a infraestrutura, mas fazendo-o à escala, com total controlo, e de uma forma ágil. A questão da cibersegurança está a tornar-se crítica e é aqui que a RSA entra. Assim, a junção da infraestrutura de informação da EMC com os três pilares da federação faz todo o sentido para os nossos clientes neste momento.
De todas as geografias, Belux, Espanha e Portugal, quais são as mais fortes em termos de negócios? E, no futuro, considera que vai haver mudanças a nível de infraestrutura?
Nicolas Leblanc: Não planeamos mudar nada neste momento. Estamos a falar de mercados maduros, de economias que têm vindo a sofrer nos últimos dois anos. Apesar disso, temos estado a crescer. São países amadurecidos em termos de quota de mercado, mas também não há dúvidas de que ainda podemos ganhar novos clientes no segmento médio do mercado e no sector público. Algumas das nossas soluções, como, por exemplo, soluções ajustáveis, estão a ajudar-nos a entrar nos serviços de saúde e nas indústrias de média e difusão. Cremos que há oportunidades em todos os países.
Mas acredita que, pelo facto de as empresas e o sector público terem adiado os seus investimentos nas TI, vamos ter de, obrigatoriamente, assistir a um novo ciclo de investimentos? Mesmo em Portugal, claro, uma vez que os adiámos. A administração pública portuguesa está a investir atualmente?
Nicolas Leblanc: Temos vindo a ampliar a nossa pegada na administração pública. Aumentámos também a nossa equipa de vendas e pré-vendas precisamente com o intuito de abordar a administração pública. Por isso, sim, acreditamos que podemos aproximarmo-nos dos nossos clientes e conseguir uma maior quota de mercado. Em relação aos parceiros e integradores, precisamos de estar preparados, porque 2016 será um ano em que cremos que o investimento vai estar de volta ao sector público, quer a nível local quer a nível nacional.
Onde é que a EMC pode entrar na administração pública? Em que tipo de setores?
Isabe Reis: Todos. Na administração central, na administração local…
Mas em que áreas?
Isabel Reis: Na área do data center. E nas preocupações de consolidação da administração pública, que são enormes, pela questão da redução de custo. A questão da cloud privada também é uma situação que eles consideram uma questão de prestação de serviços. São organismos que necessitam de grandes investimentos, como a AT, o Ministério da Justiça, o Ministério da Segurança Social…
Mas estamos a falar aqui de preparar o 2016?
Nicolas Leblanc: Também.
Já houve investimento desde janeiro?
Nicolas Leblanc: Sim, tem havido investimentos. Nós apostámos muito na área da administração pública nos últimos cinco anos, exatamente por ser uma área de mercado na qual não tínhamos a quota de mercado que poderíamos ter e por ser uma área em que, apesar de não ser fácil e oscilar muito em função da economia, temos de estar obrigatoriamente. Isto porque a modernização da administração pública é uma realidade.
Fez algumas aquisições nos últimos anos que deram mais braços à EMC. O que é a EMC?
Nicolas Leblanc: A EMC está preparada para permitir a criação de uma cloud híbrida para empresas, independentemente da dimensão do cliente, utilizando tecnologias mix-and-match, com a melhor qualidade, e sempre com uma infraestrutura convergente. Temos soluções completas, tanto para dentro como para fora das instalações, com fornecedores locais de serviços, com parceiros de outsourcing. Isto porque nós não somos fornecedores de serviços, não somos um outsourcer. Por isso, em parceria com os nossos integradores locais, conseguimos fornecer as melhores soluções. É uma situação que se está a tornar muito real, uma vez que as tecnologias estão a ajudar-nos a fazê-lo. O nosso portfólio está a enriquecer o suficiente para, não só fornecer cloud, como também para gerir e conceber soluções de cloud.
Por exemplo, no EMC World, o presidente Joseph M. Tucci, em vez de falar do novo portfólio, insistiu na transformação digital dos negócios. Os CEO sabem o que é a transformação digital?
Nicolas Leblanc: Se houve uma colaboração positiva e próxima entre o CIO e o CMO, ou o gestor de qualidade, é possível criar facilmente uma agenda digital. Isto está a acontecer em muitas empresas. Algumas grandes companhias estão a criar um novo cargo, o CDO – o diretor digital. Mas também nas estruturas mais pequenas, em termos de negócios e de marketing, deve construir-se um plano, que deve ser revisto a cada seis meses, porque tudo muda muito rapidamente. É preciso pensar em como chegar ao cliente de uma melhor forma; como mantê-lo e adquirir novos clientes; como desenvolver novos serviços; no modo como as TI estão a suportar o catálogo de serviços, como, por exemplo, as soluções híbridas de cloud, tanto dentro como fora das empresas. Todos têm uma agenda digital. Trata-se sobretudo da colaboração interna entre o CIO e o CMO.
E, em Portugal? Somos meia dúzia de grandes empresas… Há a AP e depois somos empresas pequenas. Como é que a EMC fala com estas pequenas estruturas que são os cerca de 99 por cento de Portugal? Já entendem o que é a transformação digital?
Isabel Reis: Entendem perfeitamente. Aliás, se não entenderem estão fora do negócio ou do mercado em pouco tempo, porque hoje em dia tudo funciona à base dos dados recolhidos sobre cada os indivíduos, no sentido de construir estratégias muito personalizadas. Hoje em dia não chega trabalhar para as massas, é preciso ter políticas e estratégias individuais em função do perfil do consumidor. E é impossível fazer isso sem haver uma análise da informação dos dados digitais, que se obtêm, por exemplo, através dos acessos às redes sociais e das compras que se fazem online
E já se passou do entender ao investir? Toda a gente entendia, mas investir…
Isabel Reis: Já. Obviamente que a nível das grandes e médias empresas isso é inevitável. Por exemplo, a questão dos bancos. Têm mesmo de ir por esse caminho para se tornarem competitivos face à concorrência e para terem melhores campanhas e mais personalizadas.
Qual o impacto do negócio da segurança no negócio geral da Europa? E porquê tanto ênfase nisto? Nós temos um provérbio em Portugal que diz “depois de casa roubada, trancas à porta”. Como funciona este negócio? As empresas têm noção de que a informação é o seu maior ativo? E de que precisam de investir para o proteger?
Nicolas Leblanc: Sem dúvida que sim. E estão a fazê-lo. Mas algumas empresas estão a prevenir-se mais do que outras.
De uma forma ativa ou reativa?
Nicolas Leblanc: De ambas as formas. Por exemplo, recentes notícias davam conta de que três presidentes franceses foram alvos de espionagem por parte do governo americano. Trata-se de cibersegurança, mas de um certo modo também é ciberdefesa. Por exemplo, olhemos para uma economia que está a atravessar uma fase difícil ou a recuperar, como a Grécia. Não me parece que algum banco grego gostasse de fazer manchetes, porque a confidencialidade, as contas bancárias, as informações pessoais foram invadidas por hackers. Por isso, sim, há investimento proactivo, não apenas no modo como as empresas se protegem, mas também no modo como se gerem e automatizam estas proteções. E é neste ponto que maior parte do investimento é feito. São proteções proactivas. Podíamos falar de ciberdefesa, mas trata-se mais de vencer os riscos cibernéticos.
Mas o investimento nesta área é diferente em relação ao dos anos passados?
Nicolas Leblanc: Acredito que as notícias sobre este tema, que saem regularmente, estão a ajudar as pessoas e os executivos de alto nível a tomar as decisões corretas.
Sei que não vai comentar as notícias que abordam reforma do vosso CEO, Joseph M. Tucci. Mas sente que os seus clientes querem colocar-lhe algumas perguntas? Sente que existe um burburinho em relação a isso?
Nicolas Leblanc: Para ser franco, estou a fazer imensas reuniões com os clientes e não o sinto. Algo que está muito claro é que a maior parte dos clientes está a racionalizar o número de fornecedores a que recorrem. O nosso objetivo na EMC é fazer parte desses dois, três, cinco, fornecedores estratégicos, nas pequenas e nas grandes empresas. Uma maneira de maximizar o orçamento é reduzir os custos, outra ainda é selecionar produtores estratégicos – que é aquilo que queremos ser.) Queremos ser um parceiro de eleição na lista limitada de fornecedores a que empresas recorrem.
O que é que hoje, em termos de portfólio, lidera em termos de negócios em Portugal? Que área?
Isabel Reis: Estamos a experienciar também um processo de transformação a esse nível, até agora, obviamente, e durante mais tempo. O nosso core business continua a ser hardware e software.
E vai continuar a ser?
Isabel Reis: Sim, vai continuar, mas com aproximações diferentes. Enquanto a EMC era conhecida por ser uma empresa de storage e backup, o que queremos é passar para outro nível, passar a ser uma empresa de soluções baseadas em software, que têm muito mais relevância no negócio e impacto na infraestrutura do cliente do que propriamente as soluções de hardware que escolhem para armazenar. E é esse caminho que estamos a fazer, porque é esse caminho que o mercado nos pede. Pelas questões da flexibilidade, do poder de escolha, da redução de custos, da agilidade…tem de haver software de automatização, provisionamento, a questão da ligação dos dados entre as clouds privadas e públicas. Tudo isso faz com que a EMC esteja a seguir esse caminho e que nossos clientes nos estejam a acompanhar. Eu diria, e ontem o Nicholas dizia isto, nós há dois anos que temos uma faturação superior em software do que em hardware. Não é totalmente reconhecido pelo mercado, o que é normal, porque o nosso ponto forte são as soluções de armazenamento, e vai continuar a ser. Mas vamos ter uma aproximação diferente face ao crescimento exponencial dos dados, ao tipo de dados, à criticidade de informação e à agilidade que os clientes têm de ter hoje em dia devido às necessidades competitivas dos negócios. Portanto, sim, o nosso core business continua a ser o storage e o backup, mas cada vez mais os clientes nos pedem, não só em storage soluções diferentes, aquelas que fornecemos até ao dia de hoje, como a questão do flash, como software que vendemos para gestão de sistemas heterógenos, que permitem o tal poder de escolha aos clientes; e isso é uma realidade que vai crescer cada vez mais, com as ferramentas de cloud e uma série de serviço.
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