Num movimento inesperado, a chinesa Lenovo anunciou a compra da Motorola Mobility por 2,91 mil milhões de dólares. Do montante, cerca de 750 milhões de dólares serão pagos em ações.
Vale lembrar que o Moto X e o Moto G, lançados no ano passado, foram aparelhos de excecional custo-benefício, com grande aceitação pelo consumidor. Porém, a lucratividade da Motorola, juntamente com a inexperiência da Google no negócio de hardware de larga escala, abriu as portas para uma possível venda.
O que a Google queria ao comprar a Motorola era proteger-se de uma eventual guerra de patentes. Com um extenso portfólio, a Motorola serviu como escudo contra os concorrentes. Foram essas patentes que foram compartilhadas pela Google com a Samsung, que já perdeu cerca de um milhão em litígios com a Apple.
O que a Lenovo comprou foi a operação da Motorola, mas quase a totalidade das patentes ficou com o Google. E o que a Lenovo ganha com isso? Simples, acesso a uma infraestrutura fabril de primeira e acordos já estabelecidos com as maiores operadoras do ocidente.
A Lenovo já é muito grande no negócio de dispositivos móveis na Ásia. Como já anunciou que manterá a marca Motorola nos mercados em que ela é relevante, a chinesa usará todo o know-how da americana para entrar com tudo na Europa e Américas.
Quando comprou a operação de computadores pessoais da IBM, a Lenovo não só manteve o elevado padrão de qualidade da Big Blue como diversificou a linha e fez seu nome fora da China. É natural que ela siga o mesmo caminho com a Motorola, inclusive aproveitando os funcionários e a cultura da companhia.
Deste modo, tanto Lenovo como Google fizeram um bom negócio. A Google blindou seu Android, ganhou patentes importantes que servem como moeda de troca para parcerias de hardware. E o mais importante: livrou-se de uma operação de hardware que foge do seu core business. E a Lenovo conseguiu uma ferramenta que vai acelerar muito a entrada no mercado de smartphones do ocidente.
Agora, a Samsung tem um motivo real de preocupação, pois a Lenovo sabe como conquistar mercado. Seus PCs hoje são os mais vendidos no mundo, e com uma marca forte como a Motorola, que tem um design industrial particular e de qualidade, a Lenovo tem tudo para morder uma fatia considerável do negócio de dispositivos móveis da coreana.
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