A automatização de tudo o que nos rodeia parece ser, sem sombra de qualquer nuvem duvidosa, uma tendência que tem assolado várias indústrias, nomeada e obviamente a tecnológica, pois, segundo consta, é de um fascínio tremendo um objeto que por ele próprio execute tarefas que exigiriam a intervenção humana. Nestas circunstâncias, a Google desenvolveu tecnologia de condução automática que vem tornar obsoleto o condutor-Homem, e apresentou já o seu novo modelo de veículos autómatos. Contudo, não deixam de ser pertinentes as questões que emergem referentes à segurança destes automóveis.
Estreando-se numa área em nada semelhante àquela em que habitualmente opera, a Google trouxe à luz os seus novos carros que, para além de não integrarem qualquer outro controlo para além de um mero botão de arranque e de paragem, aparentam ser ilustrações de um livro infantil, devido à disposição dos faróis e de um dos sensores na extremidade dianteira do veículo que lhe conferem um ar “amigável” e “sorridente”, para que aos olhos do público deixem de ser aberrações tecnológicas, ajudando, deste modo, a que melhor sejam aceites pela população.
O diretor do projeto de condução automotivada da Google, Chris Urmson, afirmou que estes novos veículos permitem que se possam aprofundar as potencialidades dos programas informáticos de condução já desenvolvidos pela multinacional norte-americana liderada por Larry Page. Urmson acrescentou ainda que estes carros encerram em si a capacidade para redesenhar integralmente o conceito de mobilidade como hoje o conhecemos.
Na sua atual forma, os carros estão limitados a dois passageiros (não a um passageiro e a um condutor, pois já havíamos concordado que com estes veículos esse termo torna-se frívolo), e é movido a energia elétrica, reduzindo as emissões de gases poluentes, argumento amplamente usado para conquistar adeptos. Inicialmente, a velocidade estará limitada aos 40 quilómetros por hora para alegadamente evitar acidentes, ponto este alvo de discórdia, pois uma aceleração desta reduzida dimensão poderá ser causa de inúmeros acidentes e de congestionamento. Contudo, esperamos que modelos posteriores possam alcançar velocidades que igualem as dos atuais automóveis humanamente operados.
A parte frontal do carro, no local onde estaria o pára-choques, será feita de um material esponjoso para minimizar o impacto em caso de acidentes, seja com peões, seja com outros veículos. O pára-brisas é também ele constituído por um polímero que o torna verdadeiramente mais flexível. Estas medidas visam maximizar a segurança quer dos indivíduos pedestres, quer dos passageiros do veículo futurista.
Visto que o condutor foi arremessado para a dimensão da obsolescência, os carros autómatos incorporam tanto sensores do ambiente circundante como sistemas de radar, cuja informação recolhida é então processada por um computador interno que ditará o percurso a tomar, equacionando todas as variáveis possíveis, sejam elas peões, outros veículos ou sinalização de trânsito.
Recentemente a Google orgulhosamente anunciou que as suas vanguardistas obras artisticamente tecnológicas contavam já com cerca de mais de um milhão de quilómetros na via pública sem acidentes, em modo automático. No entanto, o desafio reside agora em testá-los em estradas metropolitanas deveras caóticas.
Assim, a empresa está a planear construir uma frota de duas centenas de carros para palmilharem as ruas de Detroit, verificando a sua eficiência em diferentes contextos.
Urmson profetiza que no espaço de um ano não será surpreendente que nos cruzemos com estes pequenos carros.
O antigo diretor-adjunto da Administração Nacional de Segurança Rodoviária dos Estados Unidos, Ron Medford, é o presente diretor de segurança na equipa da condução autómata da Google, e advoga que a taxa de mortes associadas a automóveis poderia ser colossalmente reduzida se o fator humano fosse expurgado do processo de condução.
Por seu lado, Sven Beiker, diretor executivo do Centro para a Pesquisa Automotiva na Universidade de Stanford, adverte para a indispensabilidade de um condutor humano, tendo em consideração que durante o percurso o veículo pode deparar-se com uma situação cujo software não previra e para a qual não tem reação. Nestas circunstâncias é imperativo existir um sistema de backup que solicite que o condutor assuma o controlo, o que pode não ser suficiente para evitar um acidente se o condutor estiver distraído, totalmente confiando na infalibilidade do carro.
Foi há pouco menos de quatro anos que a Google pela primeira vez anunciou que estava a desenvolver tecnologia para que os carros deixassem de exigir a presença de um humano atrás do “volante” (os veículos da Google não o têm), sobre a premissa de que se testemunharia uma redução acentuada do número de acidentes, do volume das emissões de gases poluentes e do grau de congestionamento nas vias de trânsito.
Mas são ainda algumas as dúvidas que surgem relativamente a esta nova tendência tecnológica que parecem, para já, não ter resposta. Uma delas prende-se com o facto de o software de navegação estar ou não, no seu pensamento digital, ciente das situações em que deverá conceder prioridade a veículos prioritários ou em marcha de emergência. Outra coloca em causa se o carro saberá quando deverá dar passagem a automóveis que estejam à direita dele. Uma outra reflete sobre a aderência a este tipo de tecnologia autómata inovadora, tendo em consideração que o ser humano é uma criatura de hábitos e que muito a ferros os contraria ou deles se afasta, e que raramente gosta de perder o controlo sobre qualquer processo a ele concernente, o que acontecerá com os carros Google. Podemos, por fim, debruçar-nos sobre as questões da segurança da tecnologia que governa o veículo, numa altura em que cada vez mais são os ataques cibernéticos cuja sofisticação parece, por (demasiadas) vezes, capaz de ludibriar os sistemas tidos como infalíveis.
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