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Gartner alerta para principais erros de projetos empresariais de blockchain

“A geração atual de plataformas com tecnologia tem limitações significativas em múltiplas áreas, que resultarão na falha em alcançar os objetivos estabelecidos na visão de longo prazo”, refere Ray Valdes, Vice-Presidente e Fellow do Gartner. 

“Muitas empresas ainda estão a seguir a tendência do blockchain e, para a maioria, a decepção será a próxima fase”, alerta o analista.

Eis os dez principais erros no uso de blockchain detetados pela Gartner nas suas pesquisas e relatórios:

1. Não entender ou ignorar o propósito da tecnologia blockchain – Para um projeto utilizar blockchain de forma efetiva, deve adicionar confiança a um ambiente não fiável e explorar um mecanismo de registos distribuídos. As empresas devem criar um modelo de confiança de um sistema completo para identificar áreas de confiança e de não confiança, aplicando o blockchain apenas nas partes não confiáveis.

2. Assumir que a tecnologia atual está pronta para uso em produção – Apesar de um mercado de mais de 50 diferentes plataformas com tecnologia blockchain, apenas o Bitcoin e a plataforma Ethereum estão testados “em escala”. Alguns integradores de sistema e diversas startups estão a vender a tecnologia como madura mas deve-se assumir que a maior parte das plataformas estarão imaturas nos próximos 24 meses e continuar com experiências e provas de conceito, especialmente em contexto open source.

3. Confundir a tecnologia blockchain do futuro com a geração atual – A plataforma com tecnologia blockchain atual é limitada e não atinge os requerimentos de uma plataforma de distribuição de escala global. Este é o plano de longo prazo para a tecnologia mas os CIOs devem assegurar-se de que a sua linha de tempo de uso de blockchain está em concordância com a evolução das capacidades funcionais dessa tecnologia.

4. Confundir um protocolo de nível fundamental limitado com uma solução de negócio completa – O termo blockchain é frequentemente utilizado em conjunto com soluções inovadoras em indústrias como gestão de supply chain ou sistemas de informação médica, mas o que está atualmente disponível no mercado nem sempre corresponde ao que é usualmente descrito. O blockchain ainda tem muito que evoluir até ser capaz de atender a todas as tecnologias potenciais. Quando considerarem um projeto de blockchain amplo e ambicioso, os CIOs devem analisar essa tecnologia em si como menos de 5% do esforço total de desenvolvimento do projeto.

5. Ver o blockchain meramente como um mecanismo de armazenamento ou base de dados – Alguns líderes de TI confundem “registos distribuídos” com um mecanismo de persistência de dados ou um sistema de gestão de base de dados distribuído. Atualmente, o blockchain implementa um registo sequencial, append-only de eventos significativos e oferece possibilidades limitadas de gestão de dados em troca de um serviço descentralizado para evitar confiar apenas em uma única organização central. Os CIOs devem estar atentos e ponderar as vantagens e desvantagens para garantirem que o blockchain é uma boa solução empresarial na sua forma atual.

6. Assumir interoperabilidade entre plataformas que ainda não existem – A maior parte das tecnologias blockchain ainda está em desenvolvimento e não tem planos específicos de tecnologia (ou negócios). Os padrões de blockchain ainda não existem e isso significa que, além de assumir interoperabilidade potencial no nível mais básico, os CIOs devem encarar a interoperabilidade com cepticismo. 

7. Assumir que as plataformas líderes atuais continuarão dominantes (ou mesmo existentes) – Com mais de 50 opções de plataformas com tecnologia blockchain e muitas mais no horizonte, os CIOs não devem assumir que a tecnologia selecionada para um projeto este ano oferecerá longevidade. Assim como com plataformas sociais, móveis e de e-commerce do passado, é possível que a tecnologia mais efetiva ainda nem tenha sido criada. 

8. Assumir que tecnologias de Smart Contract são um problema resolvido – Smart Contracts, protocolos de computador que vão facilitar e reforçar os contratos, são o que permitirá a economia programável. Apesar disso, a um nível técnico, estes ainda não possuem escalabilidade, auditoria, gestão e verificação. Além disso, não há um modo de trabalho legal e os CIOs têm de ser cuidadosos ao desenvolverem Smart Contracts com as ofertas atuais de blockchain e recorrerem a apoio legal.

9. Ignorar questões de financiamento e governança para uma rede distribuída peer-to-peer – A hipótese é que plataformas blockchain vão custar menos do que o sistema atual de múltiplos sistemas redundantes, processos e dados interoperando entre si. No entanto, o custo de tecnologias blockchain será significativo e conforme o sistema cresce em escala, também aumenta em valor. Os sistemas que envolvem múltiplas partes requerem novas abordagens para governança, segurança e economia que levantam questões técnicas, políticas e organizacionais.

10. Falha em incorporar um processo de aprendizagem – Empresas devem tratar os projetos de blockchain com uma abordagem prática. O momento atual é fundamental para estabelecer conceitos através de testes e aprendizagem. As lições aprendidas das experiências com plataformas, novos modelos de negócios, processos e produtos serão úteis para a futura implementação como parte de uma transformação digital de larga escala. Os CIOs devem assegurar que o conhecimento é desenvolvido e distribuído pela empresa e reconhecer que conhecimento pode ser o único valor gerado por um projeto blockchain de 2016 e 2017.

Mafalda Freire

Colaboradora da B!T, escreve sobre TI e faz ensaios. Esteve ligada à área de e-commerce durante vários anos e é fã de tecnologia, do Star Wars e de automóveis.

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