F5 Networks: Consumidores completamente baralhados face à dualidade privacidade/segurança

O estudo não foi feito por uma grande consultora. Foi “apenas” um inquérito a sete mil consumidores em toda a região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) realizado pela F5 e que, segundo Mike Convertino, vice presidente e Chief Information Security Officer, revela comportamentos e posturas “bizarras” e “ingénuas”, disse há pouco à imprensa que acompanha o Agility, encontro anual da F5 que está a decorrer em Viena.

* em Viena

Mas vamos ao estudo, que claramente revela a existência de opiniões divergentes em relação à utilização de dados pessoais e à proteção dos mesmos contra as ameaças ciberterroristas.

Primeiro facto constatado: 75 por cento dos consumidores não têm confiança nas redes sociais nem tão pouco na forma como as marcas de marketing protegem os seus dados. No entanto, e aqui o Facebook ganha particular relevo, há cada vez mais consumidores a partilharem todo o tipo de informações nas redes sociais. Ou seja, por um lado não confiam, mas continuam a partilhar dados que podem ser altamente relevantes em termos de proteção de dados.

Menos “estranho” é o facto de 88 por cento dos consumidores defender que as organizações devem melhorar a autenticação para reforçarem a segurança.

Por outro lado, quase um terço dos inquiridos não vê vantagens em facultar os seus dados pessoais às empresas, mas mais de metade (53 por cento) estão dispostos a partilharem a sua data de nascimento, o estado civil (51 por cento) e os seus interesses pessoais (50 por cento) em troca da utilização gratuita de serviços da empresa.

Na Polónia, 58 por cento dos utilizadores admitiram partilhar os seus hábitos de compras, e metade dos consumidores na Arábia Saudita o seu número de telemóvel. Apenas cerca de um quinto (18 por cento) confirmou não abdicar da privacidade dos seus dados, valor que sobe para os 33 por cento no Reino Unido. Na verdade, os consumidores do Reino Unido foram consistentemente os que se mostraram menos dispostos a abdicar dos seus dados na região da EMEA.

Apesar de os consumidores elegerem os bancos como as empresas mais fiáveis (76 por cento) e mais competentes para protegerem os seus dados (73 por cento), comparativamente a outros setores de atividade, existe ainda um índice de insatisfação relativamente ao método de proteção de dados utilizado. Os consumidores acreditam que os bancos (77 por cento), as empresas de cuidados de saúde (71 por cento), e o setor público e governamental (74 por cento) necessitam reforçar as suas capacidades de autenticação para garantirem um maior nível de segurança.

Privacidade versus segurança

O EU General Data Protection Regulation (GDPR), recentemente aprovado pelo Parlamento Europeu, confere aos cidadãos o direito de se queixarem e de se serem compensados se os seus dados forem mal utilizados na UE. Quando questionados sobre o que consideravam ser uma má utilização dos seus dados, mais de dois terços (67 por cento) alegraram a partilha de dados sem terceiros sem o seu consentimento. Na EMEA, os consumidores da Polónia (71por cento) e do RU (75 por cento) consideraram má utilização a partilha de dados sem consentimento prévio.

No seguimento do debate entre a Apple e o FBI que envolveu o desbloqueio de smartphones, 43 por cento dos consumidores concordam com a afirmação de que as organizações de tecnologia devem privilegiar a segurança nacional em detrimento da privacidade dos consumidores (31 por cento), e dar as agências governamentais acesso a dispositivos bloqueados. Os números eram mais elevados no Reino Unido (50 por cento) e no Bene (49 por cento), mas inferiores na Alemanha (38 por cento) e na Arábia Saudita (37 por cento).

A responsabilidade de proteção dos consumidores contra ameaças terroristas cibernéticas também foi colocada em cima da mesa de debate. Mais de um quinto (21 por cento) dos consumidores acredita que os utilizadores são responsáveis por garantirem a sua proteção, mas o dobro (43 por cento) considera que é da responsabilidade do governo de cada país proteger os seus cidadãos. Esta resposta pretendia apurar se os consumidores estão a perceber que desempenham um papel crucial na proteção contra as ameaças externas, mas há ainda um caminho a percorrer na partilha desta responsabilidade.

Quando questionado sobre se há grandes diferenças entre o que se passa nos Estados Unidos e na EMEA, Mike Convertino simplesmente disse “pessoas são pessoas”. E apesar de sim, influenciar um pouco a história do país e a estratégia do governo, na verdade “todas as pessoas têm as mesmas dúvidas e os mesmos conflitos”.