O Q-Day teve abertura oficial a cargo João Paulo Carvalho, senior partner da Quidgest e foi seguida pela intervenção de Francisco Rivera, CEO da Soluciones y Servicios Tecnológicos (SST) de El Salvador que falou da parceria que possuem com a empresa portuguesa e da situação geral do país em que as TIC representam 4,3% do PIB. O executivo da Ámerica Central referiu como a falta de cultura de qualidade e cumprimento influencia a escolha dos prestadores e forncedores de serviços tecnológicos. O mercado confia mais nas soluções internacionais do que nas produzidas no país. Este fato é semelhante ao que acontece no nosso próprio país como referiu mais tarde João Paulo Carvalho.
O Painel 1 foi subordinado ao tema estratégias ganhadoras e criação de valor à escala global e contou com a moderação de Henrique Neto e a participação de Francisco Velez Roxo, professor na Universidade Católica Portuguesa; Idalécio Lourenço, jornalista e analista de informações e de estratégia; José Sousa Rego, ex-Secretário-Geral da Presidência do Conselho de Ministros; José Félix Ribeiro, economista e João Paulo Carvalho da Quidgest.
Francisco Velez Roxo referiu como o nosso país tem condições para criar valor e dos casos de sucesso que temos como o futebol, turismo, vinho, entre outros mas alertou para o facto da nossa posição atual ser débil. Já fomos os “pioneiros da globalização” mas, hoje em dia somos um parceiro menor. O Professor Velez Roxo referiu que Portugal num “século XXI em aceleração de reconfiguração, vai ter de recrear a sua vocação de parceiro inteligente, organizado e eficaz, na nova lógica da globalização no mundo atual”.
Mellhorar a competitividade e a criação de emprego foram os pontos que José Felix Ribeiro considerou imprescindíveis a Portugal para que crie valor e o possa levar a uma escala global. O economista disse que é preciso “ampliar a oferta de bens, serviços, contéudos e conceitos ao exterior” de forma a atrair “rendimento vindo do exterior que dinamize o mercado interno e estimule oferta de maior qualidade que nele exista”. As áreas chaves identificadas pelo economista foram atrair investimento, exportar serviços, conteúdos e conhecimentos, recentrar a tradição industrial e valorizar a localização para operadores globais de forma a valorizar e diferenciar Portugal.
O Idalécio Lourenço falou do software e tecnologia nacional como motor do desenvolvimento e soberania. O jornalista referiu que o software é um fator de competitividade e desenvolvimento e que é necessário assegurar os recursos qualificados permanecem no país para assegurar a continuidade do setor.
João Paulo Carvalho foi muito crítico em relação à aposta que é feita em software estrangeiro em detrimento do software nacional. O senior partner da Quidgest referiu que “quer Portugal, quer a Europa têm um risco enorme de colapso” e que a solução não passa pelo investimento direto estrangeiro (IDE), nem pelo perdão da dívida, juros eternamente baixos ou protecionismo. “As TI com seu efeito multiplicador podem ajudar a económica com na criação de emprego, no aumento do PIB e na redução do défice externo”. Por outro lado, “2/3 dos custos em sistemas de informação são importados” sobretudo pelo Governo, autarquias e grandes empresas, isto quando há bom software desenvolvido em Portugal. Para João Paulo Couto, “as soluções nacionais são impedidas de competir” quer por adjudicações diretas quer por concursos viciados”.
“A nossa engenharia de software é das melhores do mundo” disse o executivo que considera que terá que existir uma mudança do mindset para um desenvolvimento tecnologicamente sustentado e criação de riqueza no país.
Normas internacionais, simplificação de processos e soluções de apoio à decisão foi o tema abordado no Painel 2 em que o moderação esteve a cabo de Paulo Moniz. Gustavo Leitão do Núcleo de Easy Procurement dos SPMS, falou dos processos de compra dos serviços partilhados do Ministério da Saúde, e de como a eficiência dos processos e otimização dos recursos pode trazer valor e diferenciação e apoiar a tomada de decisão.
Por seu turno, Pedro Machado, docente universitário e especialista em Cibersegurança e Data Privacy falou da regulação da protecção de dados, das boas práticas e da importância dos recursos. Citando o Global Cybersecurity Status Report da ISACA, Pedro Machado, disse que “92% de Head Hunters entrevistados assumiram que iriam ter graves dificuldades em conseguir identificar recursos capazes e qualificados para assumir os desafios e as necessidades que o mercado está a requerer” e de como é fundamental que as empresas invistam em formação e capacitação dos recursos nesta área. O docente referiu ainda que os prejuízos não tangíveis que podem decorrer de um breach na segurança são tão ou mais importantes que os tangíveis, nomeadamente a perda de confiança na empresa por parte de clientes, parceiros e fornecedores.
Beatriz Guimarães, coordenadora da área de sistemas de gestão documental e processos de negócio da Quidgest falou da solução da empresa portuguesa para a gestão de protecção de dados que inclui o Portal do Encarregado de Protecção de Dados e o Portal do Cliente. O sistema permite às organizações e entidades públicas registar e gerir toda a informação relativa à proteção de dados pessoais dos cidadãos e/ou clientes, assim como ajustar ao negócio e integrar com soluções ERP ou CRM já existentes.
A Cláudia Barroso falou da transformação que ocorreu e está a ocorrer na Administração Pública com as Lojas do Cidadão, o Balcão do Empreendedor ou o Portal do Cidadão. A agência recebe anualmente cerca de 40 delegações de todo o mundo para verem o trabalho desenvolvido e a transversalidade dos serviços disponibilizados nas Lojas do Cidadão.
A AMA assegura a representação externa nacional ao nível da modernização administrativa e governo eletrónico e pode ajudar as empresas portuguesas a divulgar os seus serviços e promover a mobilidade. “Quando falamos em cooperação internacional, a agência é um parceiro ou quer ser um parceiro internacional das empresas porque se as empresas têm o desafio de se internacionalizar, nós entidades da administração pública também temos esse desafio e podemos desenvolver soluções e exportá-las”.
“Existem várias candidaturas da UE que nós, entidades públicas, e as entidades privadas podem candidatar-se para desenvolver diversas soluções tecnológicas e a AMA faz isso e participa em diversos projetos com entidades públicas e privadas e já foi solicitada para, por exemplo, escrever uma carta de apoio a consórcios nacionais. Estas são boas oportunidades para as empresas nacionais” acrescentou Cláudia Barroso.
“A imagem (de Portugal) ao nível de e-gov é muito positiva” foi uma das afimações finais da executiva da AMA que também indicou que existem várias empresas portuguesas que estão a participar em projetos internacionais com o apoio da entidade, como por exemplo a implementação de um sistema biométrico, em que uma empresa nacional vai trabalhar com o governo brasileiro.
Mário Parra da Silva veio falar da Global Compact Network, uma rede das Nações Unidas exclusiva para empresas que conta com 14 000 membros a nível mundial e 75 no nosso país. As empresas aderem suscrevendo os 10 principios da iniciativa, que são um resumo dos principios da carta da ONU. A adesão “é neste momento um dos prinicipais factores da avaliação do risco” sendo que as empresas ficam presentes no site das UN onde ficam arquivados todos os seus relatórios anuais que podem ser consultados por qualquer entidade. “É por isso um instrumento muitissmo importante de assement , de verificação, de reputação e de qualificação para uma cadeia de valor global”.
O Dr. Parra da Silva falou da Agenda 2030 das Nações Unidas e de como os objetivos “têm o centro no mundo empresarial” . “Os estados falham e estão, neste momento, a caminho da obsolescência pelo contrário as empresas não reconhecem fronteiras e conseguem transmitir uma instrução rapidamente daqui para outro país qualquer e a instrução nesse país é executada. Por tanto é evidente , numa otica de políticas internacionais que não se pode de maneira nenhuma deixar de fora as empresas”. Acrescentou ainda que “em termos de políticas economicamente sustentáveis as empresas, nos últimos 15 anos, fizeram muitíssimo mais do que os Estados. Por tanto há claramente uma necessidade de complementar as políticas públicas com as políticas empresariais”.
Entrar no Global Compact permite ganhar conhecimento, proporciona integração, competitividade e evidência pois é fácil mostrar o que a empresa é quando se está nesta rede. Para saber mais sobre esta iniciativa da ONU, clique aqui.
“O sucesso para qualquer actividade é ouvir e fazer-se ouvir” afirmou Jack Soifer, “este é um dos grandes problemas” das empresas de TI que muitas vezes não ouvem “as necessidades dos clientes”. O economista sueco é um entusiasta de Portugal e das competências dos portugueses, mas referiu que sempre que fala com investidores estrangeiros que todos referem que a burocracia é um entrave. Assim, o que aconselha é a realização de parcerias com empresas para atrair investimento e valorizar o país.
A transformação digital na Jamaica, nomeadamente na área da função pública, foi o projeto trazido por Hugo Miguel Ribeiro da Quidgest. A empresa portuguesa ganhou o projeto internacional promovido pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). O Human Capital Management é feito em conjunto com uma empresa local e tem uma equipa de desenvolvimento de 50 pessoas. A solução já está a ser testada e o Go-Live está marcado para janeiro de 2017. O projeto está a ser feito para 120 mil trabalhadores/utilizadores e 200 entidades diferentes (ministérios, departatamentos e agências). O executivo referiu que só com a ajuda de parcerias foi possível estarem já em fase de pre-Go-Live em vários ministérios e terem apresentado um valor competitivo em relação a outras grandes empresas internacionais que entraram no concurso.
O último painel foi dedicado às Tecnologias que sustentam a competitividade nacional e incidiu na indústra nacional de engenharia informática, em startups e Internet das Coisas (IoT). Moderado por Nuno Guimarães, o painel inicou com a participação de Luís Osório, Coordenador de Engenharia Informática da Região Sul da Ordem dos Engenheiros. O engenheiro afirmou que não existe, ainda, um consenso alargado para o que é exatamente a engenharia informática e falou da importância da independência tecnológica e de sistemas sustentáveis. Para Luís Osório, a “substituibilidade” ou modularidade aberta é essencial para que existam sistemas informáticos sustentados.
A engenharia nacional tem excelentes recursos mas é extremamente importante desenvolver produto (hardware e software) e só assim “poderemos desenvolver verdadeiramente a indústria nacional”. O coordenador da Ordem dos Engenheiros afirmou que, na sua opinião, precisamos de ter um Laboratório Nacional de Engenharia Informática para consolidar os projetos a nível nacional e uma estratégia nacional de indústria. “Inovar, com o melhor da engenharia de Portugal” foi a frase com que finalizou a intervenção, tendo acrescentado que Ordem está também empenhada nesta matéria.
Vasco Lagarto, presidente do TICE – Polo das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica falou da entidade que representa e indicou como o TICE é reconhecido internacionalmente com selo “gold”. A associação lidera a parceria internacional ICT4Future que congrega clusters de Espanha, França, Suécia, Reino Unido e Polónia.
O TICE pretende “incrementar a interação entre parceiros”, “encontrar complementaridades” e “oportunidades”. Por outro lado, quer reforçar a nível nacional e internacional a utilização de produtos/serviços com valor acrescentado português (+560) e criou a plataforma 560inbusiness.pt para ajudar as empresas e investigadores nacionais nessa área.
Um dos desafios apontados por Vasco Lagarto foi “acreditarmos uns nos outros, criar relações de confiança”. O orador indicou que esta questão faz com que seja muito difícil incrementar a cooperação entre diferentes entidades nacionais. “É mais fácil juntarmo-nos a alguém de fora do que cooperar aqui dentro das nossas fronteiras”. Outros desafios são construir cadeias de relacionamentos que facilitem a incorporação de inovação e novos produtos nas empresas de média e grande dimensão, assumir internacionalização com grupos de empresas e participar em redes.
Ser rápido e disruptivo pode ajudar as empresas de software e hardware portuguesas, esta foi uma indicações de Pedro Rosa, Partner na Main Hub e na Red Dog. Pedro Rosa afirmou que Portugal tem vários caminhos que pode tomar, seguir o líder ou escolher outro caminho mais arriscado para o sucesso mas chegar primeiro, tendo feito uma analogia à vela e às regatas, desporto pelo qual é um apaixonado.
O fundador da comunidade portuguesa de IoT, falou das tecnologias disruptivas como a Cloud, a Robótica, a Internet das Coisas, entre outras, e de como o IoT pode ser o caminho para as empresas nacionais pois em 2020 prevê-se que o número de dispositivos conectados seja de 8 biliões, o que irá trazer receitas a nível de serviços (inclui software), hardware e infraestrutura de redes.
A Internet das Coisas está em expansão visto que neste momento “é que foi possível, na realidade parece que tudo se alinhou de forma a que neste momento isto acontecesse, nomeadamente os custos de hardware baixaram, as comunicações estão mais baixas e vem aí uma quinta geração”. Por outro lado, há uma maior “facilidade de desenvolvimento e prototipagem” assim como uma “facilidade em explicar ao consumidor as coisas novas e os novos cenários” indicou Pedro Rosa.
“As coisas são as novas aplicações” e em Portugal há já cerca de 80 startups ligadas ao IoT que “são os novos players no software” e já conseguem financiamentos muito significativos que grandes empresas não conseguiriam.
Sandra Miranda Ferreira, CTO da Microsoft Portugal veio falar de um elemento chave que alia a tecnologia à competividade que é a inovação. O mercado tem “novos concorrentes que são pequenos mas se tornam grandes de repente”. Estes concorrentes não tem ativos para além da informação, são velozes, “o que dantes se fazia em anos passa a meses”, têm novos modelos de negócios e capacidade de escala global. Por outro lado, os clientes estão mais sofisticados, mais informados, experientes e usam vários devices. Isto tudo “num mundo de evoluções exponenciais”, Sandra Ferreira referiu o exemplo o custo da impressão 3D que diminui mais de 400 vezes nos últimos 7 anos ou o custo de armazenamento de informação que desceu 10 vezes num ano em virtude das clouds de hiperescala.
Tudo isto é uma enorme oportunidade mas também uma ameaça para os negócios estabelecidos, referiu a CTO da Microsoft que disse que “a velocidade de mudança é muito grande”, que é preciso um “mindset diferente” e que o “digital é uma cultura”. “O processo de inovação tem o digital como primeira preocupação” e terminou dizendo que a confiança nas novas tecnologias é fundamental.
João Gonçalves da área de Investigação & Desenvolvimento da Quidgest referiu que há uma oportunidade de negócio apoiada na tecnologia e quais as perspetivas de futuro para o IoT. De acordo com a Cisco mais de 99% das coisas no mundo ainda não estão ligadas e por isso há um potencial de crescimento e de gerar receitas, enorme.
O executivo falou ainda da cadeia de valor do IoT que passa pelos Módulos Smart, Objetos Smart, Conectividade, Plataformas, Customização de Software, Aplicações e Clientes e de como a Quidgest possui uma solução, a Quidgest Sense, que engloba quase todas as fases desde o objecto smart até à aplicação.
Os workshops do Q-Day aconteceram em paralelo aos painéis e foram sobre os seguintes assuntos: a nova visão para a Gestão Pública – SNC-AP, o novo portal de Gestão Documental, Do mundo físico para o digital, Gestão de Competências e Gestão Estratégica do Governo de El Salvador.
Durante a Q-Day tempo ainda para a entrega dos Prémios Co-Inovação que têm como objetivo valorizar os clientes e parceiros da empresa de software em diversas categorias como Desmaterialização e Agilização de Processos, Excelência na Gestão de Pessoas, entre outras.
João Paulo Carvalho fechou o Q-Day com a garantia que para ano haverá nova edição e agradecendo a todos os participantes, patrocinadores e oradores.
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