“Depois de uma fase de experimentação e procura de referências, passámos para um momento onde já se aposta em aplicações e sistemas na cloud que suportam atividades críticas de missão/negócio”, diz este responsável, assumindo que a progressiva maturidade das capacidades cloud e a aprendizagem dos técnicos e parceiros tecnológicos dá hoje aos clientes garantias de que existe a capacidade de desenvolver soluções de qualidade.
“No que respeita à segurança, com a evolução da sofisticação dos ataques de cibersegurança, as empresas já olham para a cloud como o ambiente moderno e continuamente atualizado e protegido que melhor protege os seus sistemas. Numa implementação tradicional, é virtualmente impossível acompanhar a sofisticação dos ataques, pelo menos de uma forma economicamente razoável para o cliente”.
Por outro lado, o tema governança é, sem dúvida, um dos mais presentes no processo de avaliação e adoção de cloud computing por parte das empresas, nomeadamente por parte daquelas que têm sistemas de informação de grandes dimensões e/ou com complexidade de arquitetura, diz Luís Carvalho. “Evitar que a nuvem crie mais silos de sistemas e aplicações e como criar um verdadeiro modelo híbrido são as principais preocupações das empresas”.
Também temas de privacidade e conformidade são questões levantadas pelos clientes, até pela natureza crítica de alguns sistemas de informação (críticos para o negócio/missão, e/ou manipulam informação crítica) e pelo muito ruído existente no mercado sobre as eventuais limitações da nuvem e quais as boas práticas.
“A Microsoft tem trabalhado com outros agentes do mercado, como é o caso do escritório de advogados Vieira de Almeida & Associados, criando eventos e publicando um livro sobre a temática”.
Questionado sobre se existem normas suficientes para suportar o movimento de dados de uma plataforma de cloud computing para outra, o executivo diz que efetivamente há no mercado algumas tentativas de definir standards, mas, neste momento, não existem normas que permitam garantir o movimento sem necessidade de alterações. “Dependerá de uma análise caso a caso. Alguns fornecedores como a Microsoft permitem a extração de sistemas e aplicações em formatos que são compatíveis com as plataformas de cloud privada mas não é uma característica universal em toda a indústria”, diz Luís Carvalho.
Hoje este responsável diz que os investimentos das empresas em serviços cloud tem um crescimento várias vezes maior que o investimento em infraestrutura tradicional. “E os números de novos servidores tradicionais que saem dos fabricantes para o mercado muitas vezes têm como destino os datacenters dos operadores cloud e não os datacenters das empresas cliente”.
De resto, as consultoras advogam que a adoção da nuvem em larga escala e a concorrência entre os fornecedores das tecnologias tem diminuído o custo da nuvem privada. Luís Carvalho diz que esta é uma tendência do mercado, especialmente com as funcionalidades de cloud computing que já são mais maduras e onde existe muita oferta, como é o caso dos servidores e armazenamento virtual. “Tal como noutras indústrias, a concorrência entre grandes fornecedores beneficia o cliente final com um preço mais competitivo”.
Quando às nuvens públicas empresariais, diz o gestor que o único caminho de viabilidade que não sejam dos grandes fornecedores mundiais, que beneficiam das economias de escala e da concentração de investimento em inovação, será a especialização na localização dos dados dentro de determinadas geografias (exemplos: dentro de Portugal) ou em serviços com características de nicho que não são comercialmente interessantes para os grandes operadores. “Mesmo assim, com a progressiva capacidade de adaptação das grandes clouds internacionais e o estender das suas redes de datacenter, esta diferenciação para as outras clouds mais pequenas será sempre um desafio constante”.
As capacidades de plataforma como um serviço, focadas em acelerar, diversificar e inovar no desenvolvimento de aplicações é a grande aposta dos operadores de cloud. Diz Luís Carvalho que a própria Microsoft, inicialmente, criou o Azure enquanto plataforma como um serviço criando condições para os programadores e arquitetos de aplicações, que podem utilizar praticamente todas as tecnologias de mercado, sejam Microsoft ou não. “É o caso das múltiplas novidades na área do open source que temos anunciado no último ano”.
Na vertente de cloud datacenter em Portugal, o Microsoft Azure já é o negócio central da Microsoft há mais de dois anos e aquele que cresce a maior ritmo com um rácio de crescimento composto (CAGR) a três anos de mais de 150%.
Para se destacarem do mercado a Microsoft aposta e dois aspetos. Primeiro, o facto do Microsoft Azure ser um serviço de cloud computing “que tem o melhor equilíbrio no seu portfolio de capacidades de infraestrutura, plataforma e software como serviços”, saliente este responsável. O que, continua o gestor, permite aos clientes ter um maior leque de opções para definir a modernidade das suas soluções consoantes os seus requisitos e ao seu ritmo. “
Outros serviços existentes no mercado estão apenas focados em infraestrutura ou apenas em plataforma. O segundo aspeto é a nossa aposta continua de há vários anos de criar os nossos serviços e tecnologias sempre respeitando modelos híbridos. Permitir aos nossos clientes tirar o melhor partido dos seus investimentos no seu datacenter próprio e complementar com a eficiência, rapidez e inovação da cloud é o nosso compromisso. A cloud é uma extensão natural da plataforma atual do ponto de vista de arquitetura e operação dos sistemas e aplicações. Os restantes concorrentes globais têm serviços unicamente cloud, que em determinados casos podem levar o cliente a criar ilhas estanques que mais tarde trazem custos escondidos de integração”.
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