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ESPECIAL | Cisco: Cloud híbrida vai marcar tendência

O tema da governança é uma das questões a analisar quando as empresas definem a sua estratégia de adoção de cloud mas não é necessariamente a principal. Nem mesmo a primeira, diz Manuel Piló, Business Development – Cloud and Managed Services da Cisco Portugal.

“Na definição de uma estratégia são analisados critérios que impactam diretamente o business case como por exemplo o aumento da produtividade obtido através de uma maior agilidade no consumo de serviços cloud, a previsibilidade dos custos tendo em conta diversos cenários que podem impactar o modelo de negócio em questão, a flexibilidade em adaptar o consumo de tecnologia mediante as necessidades do mercado, a eventual redução de custos ao usufruir de uma maior escala e, claro está, a questão da segurança e soberania da informação e como uma eventual falta de ambos pode impactar o sucesso de uma empresa”.

Outros critérios são também relevantes, diz este responsável, como por exemplo, a existência de know-how interno e a capacidade de investimento para optar por um modelo alternativo do-it-ourselves.

De resto, o movimento de dados de um serviço cloud para outro —uma questão que parece assolar a mente de muitos clientes — já acontece hoje independentemente das normas em vigor. A verdade é que o número de serviços cloud está a explodir à medida que equipamentos, processos e pessoas se interligam. O que as empresas desejam é a capacidade de escolher os serviços cloud que melhor satisfaçam as suas necessidades, que por sua vez são dinâmicas tendo em conta as exigências do mercado. “Do nosso ponto de vista, como empresa tecnológica, apostamos em garantir o controlo do desempenho, a conformidade com as normas da empresa e a segurança da informação através da capacidade de criar e manter políticas de segurança e rede que sejam comuns a todos os serviços cloud utilizados por uma empresa que sejam suportadas na nossa tecnologia e soluções”.

Custo é vetor principal?

O vetor custo sendo um vetor fundamental na definição e implementação de uma estratégia de cloud não é o único, diz Manuel Piló. “Uma utilização eficiente dos diversos serviços de cloud, quer sejam públicos, privados ou híbridos, resultam num conjunto de benefícios que podem ir de uma redução do Total Cost of Ownership, a uma maior capacidade de cumprir Service Level Agreements, a uma redução no tempo de aprovisionamento de um serviço de TI e finalmente a um aumento de receitas ou uma mais eficiente utilização dos orçamentos disponíveis para TI”.

Cloud aumenta nas PME

O número de organizações que já utilizam ou pensam vir a utilizar algum tipo de serviço cloud tem vindo a aumentar, apesar de um número ainda relativamente pequeno de empresas ter uma estratégia bem definida de adoção de serviços na nuvem, estratégia essa substanciada em objetivos, impactos expectáveis e timelines, diz a Cisco.

“Vemos atualmente dois tipos de situações: no tecido empresarial superior (e setor público) as empresas criam a sua própria cloud e iniciam o processo de migração/conversão aplicacional uma vez que tem a escala e o know-how interno para evoluir neste sentido. Existe, no entanto, uma fatia considerável deste segmento que, independentemente da escala e do know-how que tenham, optam por migrar alguns ou todos os workloads para a cloud por razões puramente de negócio”.

Manuel Piló diz que esta dicotomia está a originar o aparecimento de clouds híbridas que combinam os benefícios das cloud privadas e públicas e permitem a capacidade de escolher como implementar certos serviços de TI consoante os requisitos do negócio. “A cloud híbrida permite a expansão do ambiente de TI de uma forma muito rápida, geralmente de uma cloud privada para uma cloud pública, mas essa expansão é ainda limitada na forma como conseguimos controlar a portabilidade de aplicações e workloads entre clouds, assim como na segurança e na conformidade com normas empresariais”.

Também a performance é geralmente um fator de preocupação, alerta Manuel Piló. “Como tal, aquilo que estamos a verificar no mercado é a utilização de serviços de cloud híbrida para ambientes de desenvolvimento aplicacional, soluções de backup e disaster recovery e aplicações web em detrimento de aplicações core ao negócio das empresas. As aplicações core ao negócio tendem a ficar na cloud privada. Mas há inúmeras exceções”.

O responsável diz claramente que no segmento PME a realidade é outra: a questão é definir quais os serviços de cloud pública que vão ser adotados, como e quais os impactos expectáveis.

A era dos híbridos

Questionado sobre se 2016 vai ditar a “morte” das nuvens públicas empresariais, Manuel Piló responde: “De todo. Mas o modelo dominante para a cloud está a mover-se de um modelo essencialmente público ou privado para um modelo híbrido, especialmente no que se refere ao segmento das grandes empresas. O número de serviços cloud irá explodir à medida que equipamentos, processos e pessoas se interligam”.

E assume que o que as empresas desejam é a capacidade de escolher os serviços cloud que melhor satisfaçam as suas necessidades. “No final, o portfolio de serviços utilizados será um misto de serviços públicos, privados e híbridos. A explosão da utilização de serviços cloud leva a que as preocupações com a soberania de dados assim como a necessidade de acesso aos mesmos em tempo real aumentem. A forma de garantir o controlo do desempenho, a conformidade com as normas da empresa e a segurança da informação é através da capacidade de criar e manter políticas de segurança e rede que sejam comuns às clouds públicas, privadas e híbridas”.

SaaS vai valer 60%

Prevê-se que, em 2019, o modelo Software as a Service (SaaS) será responsável por quase 60% de todos os workloads disponíveis na cloud enquanto o Infrastructure as a Service (IaaS) ficará pelos 30% dos workloads, diz a Cisco.

“Olhando para trás, na guerra do Infrastructure as a Service como serviço de cloud público, um grupo restrito de empresas surgiram como as principais fornecedoras desse tipo de serviços. Esta foi, nos últimos anos, a primeira fase da adoção da cloud”.

Agora, diz Manuel Piló, estamos no início de uma segunda fase de adoção onde o principal driver é a criação de uma plataforma para a digitalização do negócio das empresas. “Os critérios de sucesso nesta fase passam pela capacidade de aprovisionar e gerir aplicações, de uma forma simples, automatizada e policy-driven, independentemente da aplicação residir numa cloud pública, privada ou híbrida. Igualmente importante será esta plataforma suportar ambientes de trabalho orientados para o desenvolvimento de novas aplicações escritas para um mundo cloud. Neste mundo de inúmeras clouds a infraestrutura continua a ser mais crítica do que nunca onde a experiência no consumo de um serviço cloud é e será um fator chave de diferenciação”.

Em 2015, os serviços de cloud pública da Cisco, como Webex e Meraki, ultrapassaram a fasquia dos mil milhões de dólares de receitas anuais, sendo que a grande maioria dessas receitas é obtida através de parceiros, diz Manuel Piló.

“Também os serviços Cisco Powered Cloud fornecidos pelos nossos parceiros Cloud and Managed Services e vendidos às empresas ultrapassaram essa fasquia. Se adicionarmos toda a infraestrutura de TI, soluções de segurança, de gestão e orquestração, e os nossos serviços profissionais, vemos que uma parte significativa do negócio Cisco é obtido ou potenciado por esta tendência do mercado”.

Susana Marvão

Jornalista especializada em TIC desde 2000, é fã incondicional de todo o tipo de super-heróis e da saga Star Wars. É apaixonada pelo impacto que as tecnologias têm nas empresas.

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