Entrevista: OLAmobile em grande expansão em Portugal

Só durante os últimos 12 meses, o volume de tráfego processado pela plataforma da OLAmobile em Portugal cresceu 300%, segundo revela à B!T Luís Garcia, diretor de projetos globais da empresa. Em entrevista, o responsável explica o conceito da plataforma e levanta o véu sobre o que a OLAmobile está a preparar em Portugal.

Quais os objetivos para Portugal este ano?

Em termos operacionais e de resultados, Portugal não é o nosso maior mercado. É tudo uma questão de volume. Vale cerca de 5% no bolo total e tem uma performance bastante boa em taxas de conversão. O objetivo para este ano é continuar este crescimento orgânico. Temos apostado na melhoria dos nossos serviços e na inovação com projetos de I&D e numa equipa multicultural, que conseguimos encontrar em Lisboa. É uma cidade muito cosmopolita, com pessoas de várias nacionalidades. Temos pessoas com vários backgrounds, por exemplo com perfis analíticos e dois doutorados, um em química e outro em astrofísica.

Vão contratar?

Atualmente somos 50 pessoas em Portugal. Começámos o ano com um plano de recrutamento e de crescimento em Portugal de 30 pessoas, para aumentar a nossa equipa de vendas, gestão de clientes e business development. Já contratámos 18 pessoas novas, vão entrar mais duas e ainda faltam mais dez pessoas. Começámos este ano a apostar mais em Portugal, porque 2016 é o ano em que temos em marcha o maior processo de expansão de recursos humanos desde que criámos a empresa.

Globalmente, duplicaram o número de publishers registados na vossa plataforma em 2016, para 40 mil. A que se deve o crescimento? 

Por um lado, pelos nossos investimentos em eventos da indústria, em publicidade e em marketing online. Temos recursos dedicados a gerir comunidades, fóruns online de discussão sobre affiliate marketing e isso tem trazido muitos afiliados. Há uma parte que não sabemos de onde vem, acreditamos que é o word of mouth que funciona.

Qual é o conceito da plataforma OLAmobile? 

Especializamo-nos na aquisição de clientes e performance marketing, com dois modelos de negócio: CPA, custo por aquisição, e CPI, custo por instalação. Estamos focados na promoção de produtos para dispositivos móveis, como aplicações ou serviços de subscrição de conteúdos de entretenimento. Por exemplo, portais que vendem vídeos on demand. Contamos com uma base de clientes composta por 600 anunciantes e 40 mil publishers. Por um lado, queremos apoiar os anunciantes e distribuidores de conteúdos mobile a divulgar os seus produtos e a aumentar a sua base de dados de clientes finais. Por outro lado, ajudamos os publishers – como webmasters que têm sites móveis ou programadores – a rentabilizarem financeiramente a sua audiência, com o tráfego gerado nas plataformas, através de publicidade.

São um substituto, por exemplo, para uma Google? 

Temos de ser humildes, não temos o tamanho da Google… mas sim, podemos efectivamente substituir a Google, que tem um modelo de negócio que não é de performance. O nosso fator diferenciador é potenciar o retorno sobre o investimento dos orçamentos de marketing que estão alocados à publicidade digital dos nossos anunciantes e publishers. O objetivo é que os anunciantes nos paguem apenas quando há uma venda efetiva do seu produto, e não quando há um clique ou a visualização do banner. A nossa cadeia de valor começa quando um publisher nos envia um visitante, o nosso algoritmo vai traçar um perfil desse visitante e mostrar-lhe uma determinada publicidade a um produto definido como o melhor para aquela pessoa. Se houver venda ou instalação de app vamos receber uma sucess fee. Imagine, a Rovio por cada instalação do Angry Birds vai pagar um euro de CPI; partilhamos 80% com o publisher que trouxe o visitante que gerou esta venda.

Consideram-se concorrência de um Facebook e de um Google? 

Se eles trabalharem modelos de negócio de pura performance, sim. Claro que há webmasters que em vez de colocarem um banner no seu site com AdSense têm que ter a contrapartida de colocar os nossos banners e de se ligarem à nossa plataforma. O que acontece é que há um período de testes e eles comparam a performance. Alguns colocam em rotação.

Qual é a mais-valia para os anunciantes? 

A maior parte dos anunciantes não tem a dimensão da Rovio. Cá em Portugal, a Timwe é um anunciante que trabalha connosco. Eles têm serviços de subscrição e procuram bases de dados de clientes, têm vários afiliados, redes como nós que medeiam a relação entre os seus serviços e a potencial audiência que há no mundo inteiro. Na prática, conseguimos agregar muitos publishers pequenos que querem trabalhar numa óptica de performance e promover este tipo de serviços. Pode ser subscrição de música numa operadora, por exemplo. Agregamos muito tráfego, filtramo-lo automaticamente e em tempo real de forma a entregar ao anunciante (neste caso a Timwe) a melhor audiência que vai ao encontro do que eles desejam.

Há aqui uma componente de machine learning, que melhora a triagem? 

Estamos a trabalhar nisso. A plataforma OLAmobile considera maioritariamente critérios pré definidos: quem é o utilizador, qual a sua fonte de tráfego, que país, que operador está a utilizar, se está em 3G ou Wi-Fi, tipo de aparelho, sistema operativo, entre outros. Depois, já estamos a investir no Luxemburgo num projeto de pesquisa e desenvolvimento.

Refere-se ao projeto no Interdisciplinary Centre for Security, Reliability and Trust?

Sim, o SnT, da Universidade do Luxemburgo. Eles são nossos parceiros porque temos um doutorado a trabalhar num projeto com a nossa equipa técnica. Vemos o nosso algoritmo como a nossa vantagem competitiva no mercado de compra de publicidade. Não estamos ainda a trabalhar de forma programática mas estamos a ir nesse sentido. O objetivo deste projeto de I&D é fazer com que cada campanha publicitária, cada visitante que nós temos, seja o mais refinado possível, analisado sob vários prismas – não só os critérios pré definidos. O objetivo é analisar padrões, trabalhar numa óptica de machine learning e analisar grandes volumes de dados. É também utilizar técnicas programáticas para capitalizar na informação decorrente dessa análise de dados e combinar o real time e a monitorização de resultados.

Que outros parceiros e clientes têm em Portugal? 

Temos a Buongiorno, que pertence à DoCoMo Digital, a Neomobile que é uma empresa italiana., entre outros.

Qual é a previsão para as receitas globais da OLAmobile no final do ano?

Estamos a prever crescer mais de 50% face a 2015, em que gerámos valores globais que rondam os 20 milhões de euros. Estamos em linha e acreditamos que vamos chegar aos 30 milhões – e até ultrapassar.

Ana Rita Guerra

Jornalista de economia e tecnologia há mais de dez anos, interessa-se pelas ideias disruptivas que estão a mudar a forma como se consome e se trabalha. Vive em Los Angeles e tem um gosto especial por startups, música, papas de aveia e kickboxing.

Recent Posts

Fundo Europeu de Investimento garante 5 milhões de euros à Code for All__

A garantia faz parte de uma iniciativa que visa facilitar o acesso ao financiamento a…

18 horas ago

Ericsson Imagine Live em Portugal destaca papel do 5G

O evento pretendeu dar a conhecer insights de especialistas, explorar demonstrações de vanguarda e discutir…

2 dias ago

Carris Metropolitana tem novo website mobile-first

Depois do lançamento da app, o site surge agora com novas funcionalidades e mais transparência…

3 dias ago

Bit2Me STX inicia testes Sandbox para bolsa de valores blockchain

O Bit2Me STX é uma das primeiras infraestruturas do mercado financeiro blockchain destinada a operar…

4 dias ago

150 mil euros para promover a inovação na Indústria

Bolsa Jorge de Mello é dirigida a investigadores em Portugal e visa impulsionar a investigação…

5 dias ago

UCP é reconhecida como a instituição universitária mais empreendedora em Portugal

O ranking reconhece e destaca o papel crescente das universidades na promoção do empreendedorismo em…

1 semana ago