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Entrevista da semana: Mercados externos ditam estratégia do grupo Sendys/Alidata

Fernando Amaral, partner da Sendys/Alidata

O grupo tem apostado fortemente nos mercados externos. Neste momento, qual a percentagem de negócio realizada fora do território nacional?

Cerca de 40%. Esta percentagem contém alguma exportação, mas principalmente internacionalização. Ainda que as duas empresas tenham projetos desenvolvidos em mais de 20 mercados distintos, é nos países onde estamos presentes com estrutura própria que que o volume de negócios é mais elevado. Casos de Angola e Moçambique que, mais do que mercados vocacionais, são mercados estratégicos para a Sendys e para a Alidata.

Como pretende que esta percentagem venha a evoluir nos próximos dois anos?

Que inverta, 60% nos mercado externos e 40% em Portugal.

Avançaram recentemente para São Tomé. Como tem corrido a experiencia?

Tem decorrido de forma lenta, mas cuidada, porque são mercados especiais com características muito próprias, por isso temos tido uma abordagem ponderada.

Para o Brasil, optaram pela compra de uma empresa local? Já está concluído o processo?

Não. O Brasil é muito diferente de tudo o resto considerando a dimensão e características. Já estivemos muito próximos da aquisição mas não se conseguiu fechar naquilo que achávamos que eram pormenores. Apesar disso, estamos já a atuar lá, pois o potencial é enorme e temos que interpretá-lo de forma rigorosa e gradual, e encontrar os parceiros certos para nos apoiar.

Após o Brasil, quais as geografias que estão a ser ponderadas?

Estamos a trabalhar projetos nas regiões EMEA, Ásia e Austrália, e estamos também a começar a desenvolver negócio nos Estados Unidos. A conquista quer de novos mercados, quer quota de mercado nos países onde temos operações são sempre uma prioridade de investimento para nós. Para além dos mercados já falados, estamos também a alimentar a nossa atividade nos países onde temos presença física, como Angola e Moçambique, com investimentos para deslocalizar as nossas operações das grandes cidades, numa perspetiva de escala nacional.

Em que medida 2015 foi distinto de 2014?

2015 está a ser um ano mais agressivo, com a particularidade dos constrangimentos que se estão a viver no mercado angolano. Identificámos também aqui uma oportunidade de negócio, pois as organizações têm de se dotar de sistemas que sejam ainda mais eficazes no controlo dos custos, têm de olhar para os seus processos e otimizá-los, sendo quase obrigatório a adaptação das empresas e da sociedade em geral a uma nova lógica de mercado.

Qual o volume de faturação em 2014 e que crescimento esperam para 2015?

Em 2014 encerrámos o ano com 6,4 milhões de euros de faturação e um crescimento de 14% por cento na totalidade dos mercados em que estamos presentes, tendo em conta o nosso bom desempenho em África e o atual funil de oportunidades, que é muito consistente. 2015 está a ser muito positivo, muito pelo contributo dos resultados provenientes destes mercados, angolano e moçambicano, que denotam uma grande vitalidade económica. A nossa lógica evolutiva tem passado pela adaptação sucessiva às necessidades reveladas pelas empresas, dotando-as de ferramentas e sistemas com capacidades e competências adequadas para enfrentar os desafios dos seus negócios, e a promover o seu desenvolvimento sustentável. O setor das Tecnologias de Informação sentiu em anos passados o impacto negativo da crise financeira, da contração económica e do desinvestimento das empresas, mas nunca parou. Desacelerou o seu crescimento, é certo, mas não parou. O ano de 2014 foi já um ano de recuperação e sinto que 2015 e 2016 serão marcados pela recuperação do investimento e consequente aceleração do crescimento do setor.

Quais os grandes desafios que o mercado tem apresentado?

Oferecer mais por menos. Os clientes querem cada vez mais coisas por menos dinheiro. As TI serão, como têm sido, um dos pilares estratégicos das empresas para uma maior eficiência no controlo de processos e otimização de recursos. A nossa experiência internacional levou-nos a procurar constantemente realinhar a nossa estratégia de internacionalização com menos custos, mais proveitos e mais velocidade. O modelo de trabalho passa por, em algumas áreas, ficar Portugal como centro de competências, como é o caso da área de desenvolvimento. As soluções são desenvolvidas em Portugal, sempre com apoio da equipa local, e sempre que é necessário são deslocados recursos.

Já há um claro retorno ao investimento na área das TI?

Não consigo dizer que é claro, mas nota-se uma tendência para uma crescente confiança e procura. Acredito que muitas empresas vão manter ou aumentar os seus investimentos de TI em Portugal, com o principal objetivo de alcançar uma maior eficiência no controlo dos seus processos. A conjuntura económica tem estimulado a necessidade das empresas de se dotarem de ferramentas que lhes permitam um controlo eficiente dos custos, com análises de dados em tempo real para uma tomada de decisão atempada para uma gestão mais eficaz, e isso é uma oportunidade para nós. Apesar de se ter notado uma retoma já em 2014, sentimos que este ano as empresas estão a concentrar-se mais na sua atividade principal e a contratarem em outsourcing um conjunto de serviços de TI que eram efetuados internamente.

Qual o cliente-tipo da Sendys/Alidata?

É uma PME com 30 empregados em Portugal, nosso cliente há 15 anos e com escritórios em Angola ou Moçambique, que valoriza a proximidade.

De que forma estas duas marcam convivem? São empresas juridicamente distintas? Ou há efetivamente um “grupo“ Alidata/Sendys?

São empresas juridicamente distintas e existe o grupo Sendys/Alidata numa perspetiva de conseguimos ter uma oferta alargada e completa para oferecer a um conjunto de empresas do mesmo grupo ou a uma empresa isolada. Existe uma real complementaridade com oferta de ERP específica para áreas de atividade distintas.

Qual delas tem maior peso na faturação do grupo?

São idênticos, sendo que a Alidata tem valências que a Sendys não tem, como toda a área de infraestrutura e videovigilância; pelo que juntas, conseguem oferecer um vasto leque de equipamentos e serviços complementares, o que nos coloca numa posição ímpar na oferta de soluções globais de TI para empresas.

Neste momento, em termos globais, qual o número de colaborares e maioritariamente com que competências?

Atualmente somos 110 colaboradores, pessoas essencialmente de cariz técnico, da área dos sistemas de informação e engenharias. Com o crescimento que temos vindo a registar, a nossa equipa está também em constante crescimento. São profissionais qualificados e multidisciplinares, com perfis diferenciados e empreendedores, que aliam um profundo conhecimento de cada uma das áreas de atuação dos clientes com as suas soft skills. É determinante o facto de possuirmos competências transversais que nos permitam ter a adaptabilidade necessária a um contexto de constante evolução e mudança! Equipas com múltiplas competências, senioridade, clareza no discurso que é adaptado ao cliente que temos à frente, com conhecimento da própria área de negócio do cliente, são características positivas e diferenciadores muitas vezes apontadas pelos nossos clientes.

Como preveem que este número evolua no próximo ano? Estão previstas contratações? Para onde?

Prevemos crescer 15% nos recursos, até porque vai existir uma nova empresa no grupo, o Labseal, em Cernache do Bonjardim, que se vai dedicar ao desenvolvimento de soluções e produtos tecnológicos inovadores, especialmente no domínio mobile. Esta aposta do grupo Sendys/Alidata integra a estratégia de descentralização negócio para fora dos grandes centros urbanas, apoiando o desenvolvimento regional através da criação de emprego, estabelecimento de sinergias com universidades e outras entidades e parcerias na área dos media e comunicações.

Susana Marvão

Jornalista especializada em TIC desde 2000, é fã incondicional de todo o tipo de super-heróis e da saga Star Wars. É apaixonada pelo impacto que as tecnologias têm nas empresas.

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