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ENTREVISTA DA SEMANA | Ábaco Consultores aponta Brasil como geografia mais forte

Que percentagem do negócio é já feito fora do território nacional?

A Ábaco Consultores tem uma estratégia de negócio, e abordagem ao mercado, muito própria. Sempre desejámos posicionar-nos como um implementador global de ERP a atuar com base na tecnologia SAP. Este nosso posicionamento permitiu já abrir três estruturas internacionais e que, ao longo do tempo, continuarão a ganhar cada vez mais importância.

Em 2015, alargando o peso da área internacional, a faturação verificada no Brasil foi cerca de 39% face aos 61% registados a nível nacional. Em 2016, para alargar a abordagem internacional ao negócio, abrimos um escritório em Londres, no Reino Unido, e mais recentemente em Genebra, na Suíça.

Em termos de presença física, com recursos próprios, onde estão presentes?

 A Ábaco Consultores tem uma abordagem ao mercado internacional baseada em dois métodos: por via de serviços em nearshore e, alternativamente, por via da abertura de escritórios próprios e/ou através de parceiros locais.

Atualmente a Ábaco Consultores, para além de Portugal (Porto e Lisboa), tem estruturas próprias no Brasil (São Paulo), Reino Unido (Londres) e Suíça (Genebra), este último em parceria. A aposta em estruturas próprias tem uma grande vantagem face à estratégia de nearshore que se centra na proximidade não só com os nossos clientes, mas também com o mercado em si.

A abordagem por via do nearshore permite uma melhor racionalização de custos, mas obriga, a nível interno, a um esforço adicional das equipas. Ao longo dos últimos anos a Ábaco Consultores tem vindo a desenvolver serviços deste género para diversos países como a Lituânia, entre outros.

Brasil e América Latina lideram

Qual a geografia mais forte?

A geografia mais forte é, sem dúvida, o Brasil e a América Latina. É aqui que nos temos destacado não só a nível de faturação, mas também ao nível da complexidade dos projetos que aqui temos desenvolvido. É no Brasil que está registada a primeira implementação com sucesso da mais recente solução SAP, o SAP S4/HANA. O cliente, Rodando Legal, é um dos maiores grupos deste país e escolheu-nos devido ao track record que temos no Brasil e o forte conhecimento na implementação de soluções SAP.

A abertura de novos escritórios este ano na Europa representa uma abordagem diferente, mas segura. O escritório de Londres tem como expetativa fechar o primeiro ano de atividade com um valor de £ 1 M e, por sua vez, na Suíça temos como expetativa fechar também com $ 1 M, mas desta vez em francos suíços. Estes são dois países onde a Ábaco tem já clientes em diversos verticais e onde pretende continuar a investir através do reforço das boas relações com os seus clientes.

 A operação no Brasil tem, então, ido de encontro às vossas expectativas?

 A operação no Brasil tem decorrido ao ritmo que esperávamos e tem estado alinhado com as nossas expetativas. Conseguimos em 2016 implementar o nosso primeiro projeto baseado em tecnologia SAP S4/HANA em todas as empresas do grupo Rodando Legal e que terá os módulos de Gestão de Stock, Faturação, Consolidação Financeira, Manutenção, Serviço ao Cliente, Simple Finance e Fiori. Este, além de ser um reconhecimento sem igual da capacidade da nossa equipa, é ao mesmo tempo um track record excelente para apresentar a potenciais clientes não só no Brasil como em toda a América Latina. Ao nível de faturação esta tem estado alinhada ano após ano. Em 2015 a faturação do escritório do Brasil representou 39%, um número já considerável.

 Quais as grandes diferenças entre fazer negócio no mercado nacional e no brasileiro, tirando o facto óbvio da distinta dimensão do país?

A distinta dimensão do país tem diretamente influencia no volume do negócio que estamos a fechar. O mercado nacional é composto sobretudo por empresas de pequena e média dimensão com menor capacidade para investir neste tipo de soluções.

Ao passo que em Portugal os negócios que temos vindo a fechar são sobretudo a implementação de pequenas unidades de ERP ou módulos complementares para áreas específicas, no Brasil e restantes geografias externas, implementamos ERP de uma forma integral com todos os módulos impactando o negócio dos nossos clientes de A-Z. Os negócios no Brasil são mais desafiantes pois levam-nos a desenvolver um conhecimento global da organização onde a solução irá ser implementada fomentando, por isso, uma ligação mais próxima ao nosso cliente que é a nossa forma de atuação preferencial no mercado.

Investimento em I&D é fundamental 

O que dita a aposta em determinada geografia?

Antes de avançarmos com um novo escritório – independentemente do continente em que se localiza – fazemos um trabalho de avaliação das condições de abertura ao investimento estrangeiro, em geral, e em dois aspetos específicos, fiscal e laboral, para além da prospeção de oportunidades de negócio e parcerias locais. O que estamos agora a desenvolver na Suíça não seria possível sem que fosse através de um parceiro local, neste caso a Besteam.

A presença no Brasil e no Reino Unido é feita por via de estrutura própria sem recurso a parceiro, no entanto, o investimento que agora realizámos na Suíça vem reforçar o nosso compromisso não só com os nossos clientes, mas também com os nossos parceiros de negócio.

Quais têm sido os principais desafios dos últimos dois anos no mercado nacional?

Nos últimos dois anos temos experienciado diferentes desafios no mercado nacional. Estes desafios passaram pelo investimento contínuo em Investigação & Desenvolvimento (I&D) para que possamos, em conjunto com os nossos parceiros de negócio, apresentar soluções tecnologicamente mais evoluídas e que respondam de forma global às necessidades de negócio dos nossos clientes.

Por outro lado, temos vindo a analisar o potencial de crescimento de diversos mercados, sobretudo na Europa. Esta análise, conjugada com os necessários processos de avaliação local levaram-nos à abertura de um escritório em Londres e agora em Genebra. Para ambas as estruturas esperamos faturar cerca de 1 M em moedas locais (libra esterlina e francos suíços).

A nossa atividade assenta sobretudo em ter um relacionamento com o nosso parceiro de negócio principal, a alemã SAP, e por estar por dentro das tendências de mercado. Ao conhecermos estas – e sabermos o que desenvolver com elas – estamos a oferecer soluções únicas no mercado.

 O que tem vindo a mudar na postura dos vossos clientes?

Ao longo dos últimos anos os nossos clientes têm vindo a mudar a sua postura. Notamos com grande satisfação uma evolução geral do conhecimento das soluções presentes no mercado e, por consequência, um reconhecimento do que são as que mais se destacam no mercado.

É aqui que a evolução se regista com maior peso e é aqui que temos vindo a ser reconhecidos através das parcerias estabelecidas. Somos Gold Partner SAP e membro do Partner Quality Program da SAP e isso permitiu-nos desenvolver uma série de projetos empreendedores que se destacam das restantes soluções presentes no mercado.

Uma postura pró-ativa na económica digital

Qual a vossa definição de Transformação Digital e de que forma podem ajudar as empresas a abraçarem este novo desafio?

Não podemos adiantar, tal como nenhum outro implementador ou fornecedor, uma definição nossa do que é a Transformação Digital. Se formos rigorosos não é de todo um termo universalmente aceite. Quando falamos de Transformação Digital falamos da forma como a nossa economia está a ser impactada pelas soluções baseadas no digital. E aqui entramos numa panóplia quase infinita de negócios: estamos a falar de ERP e a forma como ajudam qualquer negócio a melhor os processos de negócio; estamos a falar das novas soluções de banca e a forma como o digital está a impactar a forma como a banca tradicional comunica com os seus clientes; estamos também a falar das FinTech que são soluções financeiras centradas na tecnologia e aqui, neste ponto, enveredamos por áreas como a segurança nos pagamentos, os pagamentos digitais até às transferências bancárias gratuitas mesmo fora de zonas económicas (Euro ou Dólar), por exemplo.

A Ábaco Consultores tem uma postura pró-ativa na pesquisa de soluções tecnológicas de excelência para os seus clientes. Temos trabalhado em conjunto com a SAP e temos conseguido ser bastante expeditos para implementar soluções inovadoras nos nossos clientes. Na América Latina implementámos com sucesso o nosso primeiro projeto baseado na tecnologia SAP S4/HANA o que é revelador não só do nível de proximidade da nossa parceria com a SAP como também da confiança que os nossos clientes têm nos nossos serviços.

Quais os grandes objetivos para 2017, quer no mercado nacional quer nos mercados externos?

O crescimento, e os objetivos para 2017, centram-se em três aspetos fulcrais: a aposta no mercado internacional, o reforço da nossa quota em Portugal e por fim o domínio de tecnologias inovadoras.

Começo por explicar a aposta no mercado internacional. A Ábaco Consultores registou em 2016 o melhor ano de sempre no que à abertura de escritórios diz respeito. A par da inauguração em Londres, centro financeiro e empresarial da Europa, anunciámos agora a abertura de uma nova estrutura, desta feita, em Genebra, Suíça. Estes investimentos, que se esperam que tenham um retorno de 1 milhão de libras e um milhão de francos suíços no primeiro ano de atividade, permitem-nos também estar mais próximos dos nossos clientes e destes mercados tão importantes. Em 2017, não esperamos abrir novos escritórios, a menos que se justifique e será analisado pontualmente. A nossa estratégia estará centrada em reforçar o nosso crescimento nestes dois locais assim como no Brasil onde há uma enorme margem de progressão.

Em segundo lugar, esperamos conseguir aumentar o volume de negócios em Portugal da Ábaco Consultores. Ambicionamos crescer cerca de 15% em Portugal através da implementação de soluções tecnológicas inovadoras, em que somos pioneiros, como a Cloud, Mobilidade ou até baseadas na Internet das Coisas (IoT).

Por fim, é importante falar sobre a Investigação & Desenvolvimento (I&D) que regularmente desenvolvemos. Este processo é árduo e extremamente exigente para a nossa equipa de Consultores, mas tem ajudado na implementação de projetos inovadores a nível nacional e internacional.

A nossa expetativa para 2017 é que seja um ano extremamente produtivo, com um crescimento acentuado, mas em linha com os anos anteriores e que o peso dos novos mercados internacionais aumente por forma a diversificar – e aumentar – o nosso volume de negócios.

Susana Marvão

Jornalista especializada em TIC desde 2000, é fã incondicional de todo o tipo de super-heróis e da saga Star Wars. É apaixonada pelo impacto que as tecnologias têm nas empresas.

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