Peter Hinseen, especialista europeu de Tecnologias de Informação
B!T – Internet das Coisas. Big Data. Business Intelligence. Cloud Computing. Os players persistem em usar essas palavras-chave no mercado. Mas há alguma realmente nova? O SAS, por exemplo, trabalha em BI desde a sua essência…
Peter Hinseen – Verdade. Há muito alarido e muitas palavras-chave, mas a maior mudança que agora vemos no mundo da tecnologia é a cloud. Dentro de poucos anos, estou convencido que a ideia de que ainda deveremos armazenar informação localmente em vez de “fora” da Internet será vista como uma história antiga. E depois vemos que a informação arranca. Depois temos o tamanho da informação, o Big Data, que irá tornar-se uma realidade. E, hoje, ainda estamos a falar em “mil milhões”. Mil milhões de utilizadores no Facebook. Mas quando as “coisas” começarem a falar, com a Internet das Coisas, estaremos a falar em milhões de milhões. As palavras-chave estão todas interligadas. A cloud dá origem ao Big Data. A Internet das Coisas dá origem aos dados conectados. São todas evoluções lógicas.
B!T – Há alguns anos atrás ouvíamos falar de integração. Se considerarmos os seus sistemas de informação, qual é o maior problema das companhias hoje em dia?
PH – Penso que um grande problema com várias companhias, certamente as maiores, é o legado. Muitas companhias ainda têm sistemas antigos que foram construídos e concebidos para um mundo sem Internet. Hoje em dia operamos 24 horas por semana, tempo real, sempre ligados. Mas muitos sistemas de bancos, por exemplo, ainda são sistemas e ferramentas do século XX. Isso está a causar uma grande dor de cabeça a várias companhias, porque, só agora, estão a ver a mudança com os consumidores, que vai muito rápida, e que muitas companhias não conseguem acompanhar.
B!T – As companhias já estão “cansadas” de investir em TI sem obter retorno ou pensa que já encaram este investimento como uma necessidade?
PH – A tecnologia já não é um luxo. É uma necessidade. Os consumidores querem ser capazes de falar com um banco no seu telemóvel, em tempo real, todo o tempo. Os consumidores exigem que os retalhistas forneçam informação atualizada, mobile, tempo real. Não se trata de estarem “cansados”. Eu penso que é uma necessidade a fim de competir. Ao mesmo tempo, vemos que muitos players novos, que dominam bem a tecnologia, estão a mudar o jogo. Veja a amazon.com e os efeitos no retalho. Veja a Uber e o efeito nos transportes. Se as companhias não evoluírem para verem a tecnologia como uma necessidade, terão dificuldade em ser relevantes.
B!T – As empresas consideraram as TI como um investimento?
PH – Não. A maioria das companhias entraram tarde no jogo. Hoje em dia, a maioria das pessoas que gere negócios ou que são membros do conselho são da geração analógica. As companhias têm que perceber o papel das TI e a importância das TI. Mas muitas pessoas, membros de conselho de grandes companhias, ainda pensam que o correio eletrónico é uma criação maravilhosa.
B!T – Na sua opinião, as TI já estão alinhadas com os negócios ou será apenas uma simples ideia ou uma intenção que ouvimos nos seminários?
PH – Eu penso que o alinhamento das TI com os negócios está ultrapassado. Penso que as companhias deviam lidar com as TI. As companhias que apenas fazem alinhamento não estão a ir suficientemente depressa, mas as companhias que compreendem como usar as TI como uma arma competitiva irão prevalecer.
B!T – Na sua opinião, as TI e os CIO já têm lugar no conselho de administração?
PH – Na maioria das companhias, não. Mas eu penso que é mais importante ter alguém no conselho que esteja encarregue de inovação com tecnologia. Se as companhias tiverem um CIO que esteja lá apenas para gerir a tecnologia, não há razão para por essa pessoa no conselho. Mas as companhias deviam investir em alguém que compreenda tecnologia o suficiente e seja responsável por tecnologia de inovação. E essa pessoa deveria estar no conselho de administração!
B!T – Considerando a cloud… é um facto que o mercado já tem ofertas maduras. Acha que as empresas têm maturidade suficiente para usá-la?
PH – Não vejo porque não. Toda a gente pode usar a cloud. E a cloud dar-lhes-á não apenas escala, mas também velocidade e segurança. Muito melhor que os seus próprios sistemas.
B!T – Ainda sobre a cloud. Qual é o principal obstáculo para uma grande adoção, uma vez que os players apenas falam de vantagem na sua adoção?
PH – Na minha opinião, medo do desconhecido. Não há nenhuma maneira em que se possa competir com a escala e o poder dos players da cloud. É insensato fazê-lo sozinho.
B!T – Qual é a sua visão acerca da segurança e privacidade de dados? Qual é que é o futuro?
PH – É uma grande questão. A privacidade será flexível. Isso serão limites que irão mudar e serão elásticos. Mudança de geração para geração. Mas a segurança é diferente. Será mais cara e mais difícil de afastar dos hackers. Daí que a cloud seja uma solução tão boa. Os fornecedores de big cloud podem atrair as pessoas de segurança certas e investir em segurança. Eu penso que, eventualmente, a cloud será a melhor resposta para a segurança de dados.
B!T – Relativamente à segurança e privacidade de dados, pode a Internet das Coisas levantar mais problemas, dúvidas e questões?
PH – Claro que sim. Tudo o que é conectado pode ser infetado. A Internet das Coisas irá acelerar isso. Mas a evolução da segurança será de proteção a imunidade. Em vez de tentarmos afastar o “mal”, teremos de construir coisas de TI que possam ser imunes, que possam curar-se a si mesmas, como se tivessem glóbulos brancos.
B!T – Pode dizer-me quais são as tendências tecnológicas estratégias para 2016?
PH – Mobile, em primeiro lugar. Internet das Coisas. Robôs autónomos, veículos, tudo. Inteligência artificial.
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