João Miguel Mesquita (B!T): Em primeiro lugar, gostaríamos de saber o que está a mudar no BNP Paribas com a transformação digital?
Constance Chalchat: O setor bancário está a mudar rapidamente, motivado sobretudo pelo desenvolvimento tecnológico e o BNP Paribas anunciou em fevereiro de 2017 que iria investir 3 mil milhões de euros em transformação digital. Neste contexto, o BNP Paribas CIB lançou um plano de transformação digital ambicioso que combina um modelo tradicional bancário full-service com plataformas interligadas.
Um exemplo concreto para ilustrar esta polarização de serviços:
B!T: O que está o BNP a fazer para proteger o seu negócio da ameaça das Fintech?
Constance Chalchat: Estes players não representam uma ameaça, mas sim uma oportunidade. Cabe-nos saber como tirar o máximo partido dos benefícios que podem trazer para o nosso setor.
O setor bancário está a passar por uma evolução transformadora, comparável à da indústria
farmacêutica de há uns anos, quando emergiram as biotechs. Os Players tradicionais formaram
parcerias com algumas delas, adquiriram outras ou criaram as suas próprias start-ups.
Isto não é diferente do que fazemos com as fintech emergentes, e acompanhamos novas formas
de consumir serviços financeiros. No ano passado, o BNP Paribas anunciou o lançamento da carteira eletrónica Lyf Pay, que resultou de uma fusão de duas iniciativas bancárias do BNP Paribas e do Crédit Mutuel- CIC, mas também adquirimos a Neobank, Compte Nickel.
Trabalhando em parceria com novos players também é essencial para atrair os melhores talentos:
é uma promessa para que eles possam encontrar um ambiente em que se promovem novas
abordagens.
B!T: Concorda que a relação entre bancos e os seus clientes vai ser mais digital e menos pessoal à medida que o tempo passa e, consequentemente, os bancos vão reduzir as agências físicas e o número de colaboradores?
Constance Chalchat: A relação entre bancos e os seus clientes vai mudar profundamente.
Muitas das operações simples e básicas vão, gradualmente, tornar-se totalmente automáticas, e realizadas através de plataformas e interfaces digitais interligadas. No entanto, quando falamos de retalho ou clientes B2B, o fator “confiança” que liga os bancos aos seus clientes é muito importante. Os clientes vão continuar a recorrer aos bancos para um aconselhamento profissional e serviços de valor acrescentado.
Para antecipar o impacto destas mudanças importantes nas expetativas dos clientes, e para fazer
um planeamento adequado, embarcamos numa iniciativa para reforçar a nossa força de trabalho
através de formação e novas contratações.
Acompanhar o desenvolvimento dos nossos funcionários e ajudá-los a adaptarem-se a um novo
mundo tem estado no topo das nossas prioridades há muitos anos. Esta é a única forma de potenciar ao máximo os conhecimentos de longa data das nossas equipas, ao mesmo tempo que
respondemos às necessidades em constante evolução dos nossos clientes.
Há quatro anos, lançámos um “curriculum” interno que permite à nossa equipa desenvolver um
novo conjunto de competências e obter uma certificação pelas mesmas, aumentando assim o seu
valor como colaboradores.
B!T: Na sua opinião, qual deve ser o papel do regulador? Deve ser um mero regulador dos serviços e comportamentos dos bancos ou deve começar a ter um papel vigilante sobre os produtos e serviços que, tradicionalmente, são apenas oferecidos pelos bancos?
Constance Chalchat: Os serviços bancários, independentemente de quem os oferece, são o “combustível” da economia, da vida das pessoas.
Como resultado, precisam de ser cuidadosamente monitorizados para proteger a economia dos
nossos países e populações.
B!T: O BNP tem investido em Fintechs? Com que objetivos?
Constance Chalchat: Acreditamos que as Fintechs são uma grande oportunidade. Os bancos não podem ter todas as boas ideias – e temos de nos “apoiar” nas fintechs pela sua criatividade e agilidade de forma a rapidamente implementarmos novas soluções, e melhorar as atividades do nosso negócio da forma mais eficiente possível.
Estas colaborações podem assumir várias formas: parceiras ou através de participações de capital (equity stakes). Seja de que forma for, o nosso objetivo é garantir que não intervimos demasiado para não matar as capacidades de inovação das Fintechs.
Um exemplo do nosso envolvimento com fintechs é a nossa participação minoritária na Fortia, uma
empresa de software que usa Inteligência Artificial, machine learning e monitorização de processos de negócios para ajudar a indústria de fundos a cumprir com os crescentes requisitos de
conformidade e gerir volumes de dados cada vez maiores.
B!T: Qual a sua impressão geral sobre o evento Banking Summit realizado aqui em Lisboa?
Ficámos muito impressionados com o nível de senioridade e a qualidade dos participantes e do conteúdo, e sentimo-nos honrados por fazer parte do painel.
Constance Chalchat: O setor bancário português tem oportunidades fantásticas à sua frente: uma economia dinâmica e pessoas muito criativas e talentosas. Para além disso, o tamanho do país permite que os bancos sejam mais flexíveis, ágeis e rápidos no desenvolvimento e lançamento de inovação. Poderá desempenhar um papel de liderança na Europa no processo de transformação da nossa indústria para melhor.
Depois do lançamento da app, o site surge agora com novas funcionalidades e mais transparência…
O Bit2Me STX é uma das primeiras infraestruturas do mercado financeiro blockchain destinada a operar…
Bolsa Jorge de Mello é dirigida a investigadores em Portugal e visa impulsionar a investigação…
O ranking reconhece e destaca o papel crescente das universidades na promoção do empreendedorismo em…
O objetivo desta medida é o crescimento económico e o acesso a pagamentos online seguros…
Este novo serviço é especialmente indicado para fornecedores de conteúdos e sites transacionais que procuram…