Apresentam-se ao mercado como um integrador e tentam levar aos clientes soluções que encaixem naquilo que Pedro Cabral, CEO da Pingpost, classificou como “as suas dores naturais”. Para isso, a empresa tem um conjunto de unidades de negócio, que se apresentam como complementares umas das outras. Uma delas é precisamente a área da “integração”, onde essencialmente trabalham com o que são as infraestruturas de comunicação, desde routers a switchers passando pelas firewalls.
E uma vez não terem soluções próprias, a Pingpost trabalha com os fabricantes “tradicionais”. “Não temos uma estratégia de exclusividade com nenhum. Aliás, como nos queremos ajustar às necessidades específicas dos nossos clientes, seria complicado fecharmo-nos a determinado fabricante ou solução. Porque nem sempre o que o determinado fabricante tem para oferecer se encaixa na real necessidade do nosso cliente”.
No mundo da integração, a Pingpost vai desde a colocação do simples router de acesso num site específico de um cliente à construção de um datacenter. “Tudo que é infraestrutura, tudo o que é tecnologia de informação é o nosso segmento de atuação”, disse-nos.
Outro segmento que a empresa integra é o do desenvolvimento aplicacional. A Pingpost tem uma equipa de desenvolvimento onde atuam essencialmente com desenvolvimento à medida. “O que queremos é levar a flexibilidade da solução àquilo que é a estrutura do cliente”.
O mundo opensource está a crescer a um ritmo muito intenso, diz Pedro Cabral, o que permite à Pingpost ter uma abordagem muito interessante na capacidade de resposta. “Isto é, a comunidade que desenvolve no opensource é tão grande e já está a fazer desenvolvimento a um nível tão espetacular que, muitas vezes, estas soluções passam a ser profissionais. Aliás, se reparar, o próprio Linux começou a ter revisões profissionais”.
Basicamente, diz Pedro Cabral, a estratégia passa por desafiar os clientes e, ao mesmo tempo, pedir para que eles próprios desafiem a Pingpost. Hoje, este executivo sente que no mercado nem sempre é possível ter uma solução 100% adaptada às necessidades dos clientes. “Nota-se que o tempo de adaptação das soluções às necessidades dos clientes é demasiado longo e com custos muito elevados. Acho que o nosso ADN é de desafio e gostamos de ser inovadores naquilo que é a nossa oferta”.
Atualmente, a área de integração é a que mais contribui para o volume de negócios até porque como explica Pedro Cabral, a área de desenvolvimento é complementar à oferta tradicional. Outsourcing (regime continuado ou por projeto) e formação são ainda duas áreas que compõem a empresa. “A formação é uma área que também acaba por ser complementar àquela que é a nossa área de integração. Somos uma entidade certificada a fazer formação específica, técnica, e normalmente nos projetos de integração levamos esta componente aos nossos clientes para que eles tenham competências internas nas suas equipas de TI. Acreditamos que quanto mais os nossos clientes saibam de tecnologia mais fácil é a nossa comunicação e mais fácil é a forma como trabalhamos em equipa”.
E apesar de estar sedeada no Porto, a empresa atua a nível nacional, até porque tem uma estrutura em Lisboa. “A nossa direção comercial e técnica está situada em Lisboa, enquanto que a Norte está a direção financeira e a equipa de desenvolvimento opensource. Ou seja, no Porto está a nossa fábrica produtiva ao nível de desenvolvimento”. A maioria dos clientes, explana Pedro Cabral, atua a nível nacional, até porque fundamentalmente são operadores de telecomunicações. “Os operadores são muito desafiantes, precisam dos seus parceiros de negócio para desenhar as soluções dos seus clientes, uns com mais competências e outros menos, e é aqui que nos encaixamos”.
Atualmente, diz Pedro Cabral, os dois fatores de decisão são a própria solução e o custo. “A nossa economia não está ao rubro pelo que as empresas tendem a focar-se naquilo que é o seu negócio e menos no que é a discussão tecnológica da solução. Se a solução resolve o problema, na maior parte das vezes não é importante a marca que lhe está associada. O importante é o custo que traz para a organização”.
E, cada vez mais, diz este executivo, os organizadores nas empresas estão preocupados em gastar menos dinheiro e vender mais. “Estão cada vez mais focados no seu negócio. E por isso o custo pesa, sendo que o gestor das TI na maioria das vezes não é o decisor. Faz a avaliação, dá o parecer, mas quem decide é quem lidera as finanças da empresa”.
Big Data é um dos desafios que se apresentam pela frente. Até pela inquestionável realidade de que cada vez mais produzimos dados e mais dados. Aliás, é por isso que Big Data passou a ser um tema, um conceito. Desde “sempre” se armazenou informação nas empresas. Sempre se tratou dados, que sempre foram alvo de análise. Mas, de facto, hoje o volume de informação gerado já requer uma atenção diferente, diz Pedro Cabral.
“O tema não é só a forma inteligente como se guarda a informação, mas antes como é que extraímos, como a tratamos e classificamos. E para que serve essa informação. A parte do Big Data mais interessante é a inteligência artificial. Vamos por as máquinas a analisarem a informação e a ajudarem-nos à decisão. E este é o caminho no Big Data”.
Porque de resto, diz o CEO da Pingpost, os fabricantes de storage e backups e de um conjunto de ferramentas para tratar a informação “já estão há muitos anos no caminho certo para nos poupar dinheiro na infraestrutura. Mas depois o resultado que extraímos dessa informação que temos reunida é que é a verdadeira questão do Big Data”.
Por isso, aqui, neste conceito, o ponto-chave para Pedro Cabral é efetivamente o apoio à decisão. “O decisor tem que ter um sistema de informação que lhe diga, baseado nos dados estatísticos disponíveis, se for por determinado caminho, a probabilidade é esta. Se for por outro, a probabilidade é aquela. No final do dia, a decisão é minha. Mas deixa de ser uma decisão ‘emocional’ para ser suportada por factos efetivos registados. Isto é o fascinante no Big Data”.
A Internet das Coisas (Internet of Things IoT) e a denominada Indústria 4.0 são outros dos desafios citados por Pedro Cabral. Aliás, dois conceitos que se complementam, diz o gestor. “A IoT, apesar de mais orientado ao consumo, tem forte componente empresarial que vai evoluir para áreas como a gestão da energia, da iluminação, do aquecimento. Os periféricos cada vez mais vão estar associados a uma plataforma de gestão e vai ser possível controlá-los de uma forma mais inteligente. E estamos nesse caminho”.
Pedro Cabral diz que há clientes nos quais este discurso faz “todo o sentido pois têm faturas de luz altíssima e isso terá um impacto direto no negócio”.
A Indústria 4.0, para este executivo, terá um forte impacto social, com a indústria a tornar-se cada vez mais autónoma, o que levará a um inevitável impacto social. “A sociedade terá de, uma vez mais, se reinventar. Mas do ponto de vista tecnológico é simplesmente fascinante”, rematou.
Pedro Cabral admite que em todo este contexto, em todo este novo mundo, Portugal poderá sair a ganhar. Um mundo que é hoje ainda mais global para as empresas. “Somos criativos e por isso há muito espaço para nós. Se as empresas portuguesas apostarem e perceberem que o caminho dos integradores tradicionais é o caminho da procura da solução aplicacional e não o caminho da infraestrutura, provavelmente podemos ter no mercado alguns casos de sucesso. Aliás, como já temos alguns. E somos bons programadores, somos bons tecnológicos”.
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