… e diz que os negócios que não se tornarem digitais vão mesmo morrer.
E tem algumas consultoras do seu lado. A Gartner é uma delas. E apesar de mais branda no seu discurso, diz que entrar na nova era de produtividade digital não é mais uma opção. Para esta consultora, 25% das empresas que não transformem os seus negócios em digitais vão perder competitividade até 2017. A dois anos de distância. Por isso, adotar tecnologias que ajudem a aumentar a eficiência da cadeia de abastecimento e a melhorar a utilização de ativos é uma necessidade de todas as empresas. Claro que, para Steve Lucas, a SAP tem as melhores soluções. Melhores do que a Oracle, como insistiu em dizer no seu discurso, com uma pitada de humor, em resposta aos recentes “ataques” que a empresa norte-americana tem vindo a fazer ao gigante alemão. De resto, nada a que as duas empresas já não nos tenham habituado.
Mas voltemos à apresentação. O mote da conferência em Barcelona foi: “Tornar o digital real” (do original em inglês Make Digital Real). “É uma mudança que todos sentimos. Sabemos que está a acontecer. Cada economia, em todo o mundo, está a tornar-se digital”. Tomemos como exemplo os serviços financeiros. Hoje, dois terços das transações não são realizadas por pessoas… mas por algoritmos. “A era do algoritmo chegou. E se pensam que por estarem, por exemplo, no setor agrícola não têm nada a ver com isto, enganem-se. Porque a agricultura é um negócio digital. Envolve dados meteorológicos, informação sobre o solo, a temperatura… Todas as económicas são digitais”.
E ao invés de definir uma empresa digital, Steve Lucas definiu o que efetivamente não é uma empresa digital: “Não é ter dentro de portas 20 anos de tecnologia fornecida por diferentes empresas e cujo tempo é perdido a tentar integrar de tudo isto. A questão a responder é se o departamento de TI está a ajudar o meu negócio a inovar? Ou estamos demasiado ocupados a integrar sistemas do passado? O que estamos a fazer?”, questionou Steve Lucas na apresentação.
E volta a reforçar que se as empresas não avançarem para o digital… desaparecem. Mais um exemplo: a Netflix versus o gigante Blockbuster que há 15 anos permitia o aluguer de vídeos. “Este é o claro exemplo de uma empresa digital que aniquilou uma corporação que não conseguiu evoluir. Mas agora é pior. Há já empresas digitais que a aniquilar indústrias completas”. E, aqui, o exemplo Uber surge como principal nome a reter. “A Uber está a alterar a indústria dos transportes. E reparem que sem ter um único carro. Isto é um modelo de negócio. É esta a escala que a internet permite”.
Por isso, para Steve Lucas uma empresa verdadeiramente digital é aquela que tem o seu núcleo completamente conectado e interligado com tudo o que se passa dentro do negócio. “A SAP tem esse núcleo, podemos gerir todo o vosso negócio.” Um núcleo digital que envolve uma plataforma empresarial da nova geração com aplicações que ajudem a redesenhar o negócio, com Internet das Coisas e entregando visões analíticas para ajudarem a operar o negócio. “Isto é digital.”
De resto, o SAP TechEd também mudou um pouco o seu conceito ou pelo menos a sua estratégia. E sendo um evento para “developers”, pouco se falou em “código”. Um risco, dizem os analistas, mas que no final parece ter funcionando, mesmo com as buzzowords – o próprio Steve Lucas brincou com isso –, como o “digital”, a fazerem parte do discurso que se alongou 40 minutos para além da hora prevista.
No entanto, o executivo obviamente enalteceu a plataforma de dados em memória HANA e no conceito de “executar simples”, do inglês “Run Simple”. Fez ainda menção ao S/4 HANA, a suíte empresarial de próxima geração projetada para ajudar as empresas na economia digital. Algo que Steve Lucas garante apenas a SAP consegue fazer.
Nos corredores, comentava-se que resta ao gigante alemão “conquistar os corações e as mentes” dos desenvolvedores que têm muitos anos de experiência em um tipo diferente de ambiente e que, também esses, se precisam adaptar a uma nova realidade.
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