Super telescópio europeu terá tecnologia portuguesa

O E-ELT será o telescópio óptico mais sofisticado do mundo, capaz de corrigir os efeitos da distorção atmosférica e produzir imagens 16 vezes mais nítidas do que o Telescópio Espacial Hubble. A sua construção é da responsabilidade do Observatório Europeu do Sul (ESO), que irá iniciar a fase 1 já em janeiro de 2016. Tanto a Critical Software, que desenvolve soluções de software, como o ISQ, que fornece serviços de inspeção, ensaio, engenharia, formação e consultoria técnica, ganharam os contratos após um processo de competição internacional.

“O sucesso da Critical Software e do ISQ demonstra a competitividade internacional da nossa indústria e o acompanhamento próximo da delegação portuguesa no ESO”, congratulou-se Pedro Carneiro, vice-presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, entidade que representa Portugal no Conselho do ESO.

No caso da Critical Software, o concurso recebeu 14 propostas de empresas provenientes de vários países – República Checa, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido e Chile – para serviços de validação e verificação independente de software. As tarefas previstas no contrato incluem a análise de requisitos de software dos sistemas de controlo do telescópio e a preparação e execução de testes manuais e automáticos.

Já a proposta do ISQ foi a melhor classificada entre cinco avaliadas, submetidas por organizações congéneres de Espanha e da Alemanha. O ISQ irá trabalhar na Garantia da Qualidade da construção e montagem (Quality Assurance/Quality Control) junto dos fabricantes das estruturas e dos sistemas mais críticos. Vai assegurar tarefas como a verificação de materiais, peças e produtos finais através de auditorias, vigilância, testes e inspeções independentes.

Ambas vão trabalhar nas fases de montagem, integração e verificação do E-ELT em vários países europeus, no Brasil e no local de construção (Cerro Amazones, no Chile). O telescópio está a ser designado como “o maior olho virado para o céu do mundo” e terá capacidade de recolher 13 vezes mais radiação do que os maiores telescópios ópticos existentes, com um espelho principal de 39 metros de diâmetro. Demorará 9 anos até ficar operacional, esperando-se as primeiras observações em 2024.

Paulo Chaves, responsável de negócio do ISQ, sublinha as “vantagens competitivas” que o projeto terá para o ISQ e refere ainda que estes contratos beneficiam a economia portuguesa em geral. O diretor de desenvolvimento de negócio da Critical, Paulo Guedes, acrescenta que a empresa vai expandir as competências que detém para a área da engenharia industrial e para “o desenvolvimento de projetos de larga escala nas áreas das infraestruturas.”

Ana Rita Guerra

Jornalista de economia e tecnologia há mais de dez anos, interessa-se pelas ideias disruptivas que estão a mudar a forma como se consome e se trabalha. Vive em Los Angeles e tem um gosto especial por startups, música, papas de aveia e kickboxing.

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