Desde 2008 que a venda de smartphones não crescia tão pouco

É preciso recuar até à crise mundial de 2008 para encontrar registo de um crescimento tão baixo na venda mundial de smartphones aos consumidores finais. Os telefones inteligentes estão oficialmente a entrar em fase de estagnação.

No relatório final sobre o mercado no quarto trimestre de 2015, revelado hoje pela Gartner, as vendas globais de smartphones totalizaram 403 milhões de unidades, um incremento de 9,7% em relação ao homólogo. “Foi a taxa de crescimento mais baixa desde 2008”, salienta a consultora. No global do ano, as vendas atingiram 1,4 mil milhões de unidades, 14,4% acima do ano anterior.

A Samsung manteve-se no topo da tabela, e embora tenha perdido quota de mercado, conseguiu aumentar as vendas. A Apple segue isolada na segunda posição mas perdeu quota no trimestre. A Gartner diz que a marca vendeu menos 4,4% de iPhones, mas os resultados apresentados pela empresa em janeiro mostram uma estagnação e não um decréscimo; prevê-se que tal situação inédita na história do iPhone aconteça no segundo trimestre fiscal, que termina em março.

No resto do top cinco, a Huawei foi a que teve melhor desempenho, atingindo 7,3% de quota no ano e vendendo já acima de 100 milhões de unidades. A Lenovo e a Xiaomi completam o ranking dos maiores vendedores, com histórias diferentes: a primeira sofreu uma quebra nas vendas, a segunda aumentou embora residualmente.

“Os smartphones low-cost nos mercados emergentes e a forte procura por smartphones premium continuaram a ser os principais fatores”, resume Anshul Gupta, diretor de pesquisa na Gartner. “Os preços agressivos das marcas locais e fabricantes chineses na entrada de gama e gama média dos mercados emergentes levaram os consumidores a fazerem upgrade mais rapidamente para smartphones de preço acessível”, indica.

Não são propriamente boas notícias para a Samsung e para a Apple, porque não são os modelos topo de gama que fazem mexer a agulha: Gupta diz que 85% dos consumidores no mercado Ásia-Pacífico estão a substituir os seus modelos de gama média por telefones da mesma categoria. É nesta região que está o crescimento, visto que outros emergentes como o Brasil estão a soluçar e os mercados ocidentais estão saturados. Para piorar a situação, o fortalecimento do dólar é um obstáculo acrescido para a importação de aparelhos.

 

Em relação aos sistemas operativos, o Android obteve um domínio esmagador com 80,7% de quota no último trimestre, contra os 17,7% do iOS. O Windows Phone conseguiu apenas 1,1% e o BlackBerry 0,2%.

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