Futuro das redes definido por software
O Open Networking Summit teve como tema principal o facto do futuro das redes passar por software. Este encontro é dedicado às redes definidas por software (SDN) e ao protocolo OpenFlow, que leva uma programação simplificada aos dispositivos de rede através de uma interface normalizada.
O Open Networking Summit foi organizado pela Universidade de Stanford, onde foi concebido o OpenFlow, e pela Open Networking Foundation. O encontro teve um forte conteúdo tecnológico.
A iniciativa contou com 1600 inscrições, provando que já não se está apenas perante um projeto de investigação. Dan Pitt, Vice-Presidente e Diretor-Executivo da ONF, diz que “o SDN possibilita que os clientes e utilizadores façam coisam que não podiam fazer antes”.
O SDN permite, por exemplo, programar uma rede como se fosse um computador. O OpenFlow, ou qualquer API que forneça uma camada de abstração da rede física para o elemento de controlo, permite que a rede seja configurada ou manipulada através de software, abrindo-a para maiores inovações.
O cofundador e CTO da Nicira Networks, Martin Casado, refere que a “proposta de valor é a capacidade de inovar dentro da rede afim de obter vantagens competitivas” e acrescenta que “quando se dissociam as camadas, elas podem evoluir independentemente”.
“A SDN fornece abstração em três áreas da rede: no estado distribuído, no encaminhamento e na configuração”, diz Scott Shenker, fundador do conselho da ONF e professor da Universidade de Berkeley. “A capacidade de combinar a complexidade não é a mesma coisa que a capacidade de extrair simplicidade”, acrescenta.
Segundo Nick McKeown, professor de engenharia elétrica e ciência da computação em Standford, o OpenFlow/SDN permite aos utilizadores personalizar as redes de acordo com as necessidades locais, eliminar ferramentas desnecessárias e criar redes virtuais e isoladas. Eles também podem aumentar o ritmo da inovação através do software, em vez do hardware, permitindo acelerar a troca de tecnologia com parceiros e a transferência de tecnologia entre universidades.
No entanto, o OpenFlow e as SDN acabaram de sair dos laboratórios de investigação e de entrar em produção. O OpenFlow não foi testado em implantações de rede de larga escala. A escala, tolerância a falhas e a segurança foram questionadas e pode levar anos para que a tecnologia se manifeste significativamente nos ambientes de produção.
A Cisco poderá perder com a mudança para o SDN. Apesar de ser membro da ONF e planear colocar o OpenFlow na sua linha de switches Nexus, a SDN pode tirar a proposta de valor do discurso de vendas da empresa.
De acordo com David Meyer, engenheiro da Cisco, a empresa compreende o potencial impacto do OpenFlow/SDN e está a formular uma resposta ao mesmo.
“Um dos problemas é a descoberta da topologia. Os routers gastam mais de 30 por cento dos ciclos de CPU refazendo a descoberta da topologia. Já temos isto numa base de dados central, vamos apenas programá-la!”, refere Meyer.
Com o OpenFlow, a SDN simplifica a introdução de novos fornecedores de sistemas operativos e permite que os utilizadores criem plug-ins para adicionarem características ao plano de controlo sem terem de modificar o hardware fundamental.