Comissão Europeia aplica multa de 2,4 mil milhões à Google

A Comissão Europeia aplicou a sua maior multa de sempre ao serviço Google Shopping, acusando a gigante tecnológica de dar preferência ao seu produto de comparação de preços. A sanção por posição dominante no mercado de motores de busca pode não ser definitiva uma vez que a Alphabet, detentora do Google, pode recorrer da mesma.

Segundo a comissária responsável pela área da Concorrência, Margrethe Vestager, a “Google tem criado muitos produtos e serviços inovadores que fazem a diferença nas nossas vidas. Isso é algo de bom. No entanto, a estratégia do serviço de comparação de preços não é apenas a de atrair mais clientes através de um produto melhor do que os seus concorrentes. Em vez disso, a Google abusou da sua posição dominante no mercado como motor de busca, promovendo o seu próprio serviço de comparador de preços nas pesquisas, em detrimento dos da concorrência”.

“O que a Google fez é ilegal na UE em virtude das regras antitrust. Negou a outras empresas a possibilidade de competir em mérito e de inovar. Mais importante que isso, negou aos consumidores europeus a genuína escolha de serviços e de tirar o máximo partido da inovação”, acrescentou a comissária dinamarquesa, em comunicado.

Bruxelas inumerou uma série de fatores para a sua decisão tendo referido, por exemplo, que desde o início da ilegalidade, só no Reino Unido, o tráfego do comparador de preços da Google aumentou 45 vezes.

A empresa já reagiu através de Kent Walker, SVP and General Counsel da Google indicando que está a ponderar recorrer da decisão. 

“Quando faz compras on-line, deseja encontrar os produtos que procura de uma forma rápida e fácil.  E os anunciantes querem promover esses mesmos produtos. É por isso que o Google mostra anúncios de shopping, ligando os nossos utilizadores a milhares de anunciantes, grandes e pequenos, de formas que são úteis para ambos. Discordamos respeitosamente das conclusões hoje anunciadas. Vamos analisar detalhadamente a decisão da Comissão Europeia ao mesmo tempo que consideramos um recurso e apresentar a nossa argumentação”, afirmou o executivo.

“Acreditamos que a decisão da Comissão Europeia relativa ao Google Shopping subestima o valor dessas ligações rápidas e fáceis. […] Quando usa o Google para pesquisar produtos, tentamos responder ao que procura. A nossa capacidade de fazê-lo não é favorecer-nos ou qualquer outro website ou vendedor em particular. Trata-se apenas do resultado de um trabalho árduo e uma inovação constante baseados no feedback dos utilizadores”, explicou Kent Walker.

A Google tem agora de 90 dias para pôr fim a estas práticas consideradas anticoncorrenciais ou poderá sofrer uma penalização adicional de 5% da receita média diária mundial da Alphabet, a sua “casa-mãe”.

Este é o inicio do desfecho da investigação da Comissão Europeia às práticas da Google, que remota a 2010, motivada por queixas de outras empresas, entre elas a Microsoft.