Cisco quer investir mais de 10 mil milhões na China
A Cisco te planos para investir mais de 10 mil milhões de dólares no mercado. O programa estende-se ao longo dos próximos anos e pretende conquistar o aval das austeras autoridades reguladoras face às operações da empresa norte-americana no país, bem como ganhar território à concorrente local Huawei.
O investimento da Cisco é facilmente justificado quando se sabe que o governo chinês, que se desenha com linhas do protecionismo, procura fomentar o crescimento das empresas locais e torpedear as tecnológicas, preferencialmente as originárias do norte americano, com investigações alicerçadas em alegações de práticas monopolistas. Para que as empresas forasteiras consigam capitalizar o maior um dos maiores mercados tecnológicos do mundo, têm de investir generosamente na economia local e estarem dispostas a tornar as suas operações o mais transparente possível.
A “muralha tecnológica” da China foi reforçada depois das revelações do delator Edward Snowden, que trouxe à luz do dia as operações ocultas de ciberespionagem levadas a cabo pela infame Agência de Segurança Nacional (NSA). A partir de então, as relações entre Pequim e Washington têm sido sujeitas a enorme pressão, bem como a desconfianças e acusações mútuas de espionagem digital.
No mercado chinês das redes, a Cisco tem vindo a perder quota de mercado para a Huawei e para a ZTE, tendo já anunciado a sua disposição para firmar parcerias com empresas locais, como forma de cair nas boas graças das autoridades reguladoras.
A Bloomberg diz que apesar de ser um investimento expressivamente avultado, dez mil milhões de dólares poderão não surtir os efeitos pretendidos e não resultar no crescimento do negócio da Cisco na China.
O acordo foi traçado com a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, a mesma entidade que, em fevereiro deste ano, deixou a fabricante de processadores Qualcomm 975 milhões de dólares mais pobre, depois de ter aplicado uma multa resultante de uma investigação antitrust.